Vê 26/07/2012Geralmente, os livros de autoajuda são aqueles que ficam naquela seção da livraria onde nunca piso ou, então, passo bem longe. Sou uma cética, por assim dizer. E foi com esse pensamento que peguei A Arte da Imperfeição nas mãos para ler. Mas a surpresa que tive, ao rapidamente devorar as 184 páginas, é que a história por trás desse livro era muito mais do que uma consulta escrita entre algum psicólogo e o leitor. Era o compartilhamento de uma pesquisadora, Brené, com o leitor sobre o que ela descobriu em sua pesquisa, que durou dez anos de sua vida.
Ao contrário do que eu poderia imaginar, a leitura não foi maçante, mas prática e dinâmica. Como ela nos explica, é sempre bom quando conversamos com uma pessoa que parece ter passado por algo parecido com o que passamos. Brené compartilha conosco como sua pesquisa fez com que ela caísse em si sobre como vivia sua vida. O impacto foi tão forte que, a partir daquele dia, ela passou a rever seus conceitos e aplicar as informações que coletava através de inúmeras entrevistas com os participantes.
Em outras palavras, a autora praticamente deixou de parecer perfeita diante das pessoas ao seu redor para aceitar suas imperfeições e, assim, parecer mais humana... e feliz. Ela deixa de se preocupar com o que os outros irão pensar e foca mais em si mesma, procurando aceitá-la como é, com todas as falhas, as limitações e sua incapacidade de querer fazer parecer que é blindada, apenas para ficar "bem na fita".
Ao final de cada capítulo, após discorrer sobre o que devemos superar e aceitar como um fato inevitável a nossa natureza perante a sociedade em que vivemos, ela propõe o que chama da DIA (Deliberação, Inspiração e Ação) em que podemos mudar nossa realidade individual, se preocupando menos com as críticas que vem de fora, com as preocupações em relação aos outros, para passar a se preocupar mais consigo mesmo.
O livro todo é uma aula sobre como Brené experienciou a transformação para alcançar o que ela chama de Vida Plena com base em tudo que apreendeu das entrevistas, explicando as práticas adquiridas ao mesmo tempo com explicações para como poderíamos fazer o mesmo. Uma verdadeira aula de como se aceitar melhor e, a partir daí, começar a construir um modo de vida mais focado nos cuidados próprios para, então, poder se preocupar com os outros que habitam ao seu redor.
Brené ressalta a todo momento que é uma pesquisadora, mas dá para perceber que, naquele livro, está escrevendo não em termos técnicos sobre os resultados, mas algo bem mais prático, experienciado por ela, levando-nos a perceber que, afinal de contas, não pode ser tão difícil assim, já que ela mesma conseguiu. Basta querer. É um trabalho ininterrupto, sem dúvidas, e que precisa ser vigiado bem de perto por nós mesmos, mas o resultado virá com o tempo.
A experiência foi bem diferente, mas nada que me faça ir correndo para ler outros livros de autoajuda. Digamos que acabou sendo bem mais leve e divertido do que eu poderia imaginar, sem me deixar a impressão de que os passos oferecidos pela autora fossem mais difíceis de serem alcançados e ela retratasse apenas de suas pesquisas, e não compartilhando uma experiência própria no discorrer das páginas.
Leia o post original em: http://onlythestrong-survive.blogspot.com.br/2012/07/resenha-arte-da-imperfeicao-brene-brown.html