Literatura 18/09/2012
Enfrente os seus monstros
Eu adoro livros de fantasia, mas estava cansada dos enredos previsíveis, histórias quadradas recheadas com romances água-com-açúcar e finais felizes. Ultimamente, peguei alguns livros que me lembravam um pouco novelas da globo, com pitadas de vampiros, fadas e todo tipo de criatura fantástica.
O Último Lobisomem (334 páginas, editora Record) me surpreendeu positivamente. Um livro fantástico, mas fugindo da receita clichê, com personagens e situações mais fortes, maduras. E menos água-com-açúcar, definitivamente.
Glen Duncan elaborou muito bem o relato do de Jake Marlowe, o último lobisomem vivo do mundo, pelo menos que se tem notícia. O livro é narrado em primeira pessoa, um diário do protagonista. Ele nos conta sua vida, os problemas em que vive metido, perseguido por uma organização secreta que visa eliminar criaturas como ele, entremeado por um relato mais intimista, seus medos, dúvidas aflições.
Jake é um lobisomem de mais de 200 anos. O que faríamos se vivêssemos tanto? A nossa noção de tempo seria igual? A ansiedade, a busca, o medo? Afinal, tantos dos nossos problemas são embasados na efemeridade da vida, da brevidade da existência.
O lobisomem, neste livro, não sofre estes efeitos. Não adoece, nem envelhece fisicamente. É resistente a ferimentos, ao fumo, ao tempo. Mas carrega uma maldição. Toda luz cheia, transforma-se num monstro. Um híbrido lupino, uma criatura sedenta de sangue e carne. Humana. Toda transformação carrega o peso da fome sobrenatural, a necessidade de caçar e comer uma pessoa.
Assim, ao mesmo tempo em que vive os benefícios da longevidade, é forçado a carregar a culpa da maldição. A lembrança perene de assassinatos. A presença constante de seu monstro interno que, mensalmente, emerge e toma controle sobre seus atos.
Confira a resenha completa no Literatura:
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