Lina DC 18/07/2012Muito bom!“No Ruanda, vivem basicamente três grupos étnicos: os hutus (rutus), que formam a maioria com cerca de oitenta e cinco por cento da população; os twas (tuás) com menos de um por cento e os tutsis (tútsis) com mais ou menos quatorze por cento. Os twas foram os primeiros habitantes a chegarem à região montanhosa do atual Ruanda, por volta do século VI a.C. Em sequência, chegaram em meados do século VI d.C. os hutus e, aproximadamente, cem anos depois, os primeiros tutsis. Os twas se comunicam entre si em rukiga, sua linguagem original, todavia se utilizam do kinyarwanda (kinyaruandês, ruandês), inglês e francês presentes no país”.(p.14)
É a partir dessa separação por etnias, que o livro explica, através de pontos de vista diferentes, o conflito em Ruanda. Esse livro me deixou profundamente emocionada. É difícil expressar em palavras como eu estava me sentindo ao terminá-lo. Vou começar descrevendo um pouco o que eu achei dos personagens:
A Dra. Isabelle, a personagem principal do livro, é uma jovem médica americana que através da Cruz Vermelha acaba parando em Ruanda (no livro conta como ela foi parar lá). Filha de um político importante nos Estados Unidos, eu espera que a personagem fosse “mimada”, mas felizmente me enganei completamente. Ela tem um senso de justiça próprio, e logo no início se afeiçoa aos twas, ao ver o quanto são maltratados e desvalorizados. Ouso dizer, que ela se torna o anjo da guarda deles.
O Dr. Mike é o chefe de Isabelle. Desde início é enigmático, sua origem é desconhecida, e você passa o livro realmente na dúvida de que lado ele se encontra (Vocês vão ter que ler o livro para saber).
Mukono é um twa, que muitos acreditam possuir alguns “dons”. Eu tive uma relação de amor e ódio com ele. Por um lado, ele é autêntico, luta pelo que quer e não se sente rebaixado por ser um twa (no livro, percebe-se uma certa hierarquia social das etnias, onde os twas encontram-se no mais baixo dos níveis). Apesar de tudo isso, algumas atitudes dele realmente me irritaram (principalmente em relação a Dancilla).
Rose é uma enfermeira no hospital que a dra. Isabelle trabalha e se torna sua melhor amiga desde o início, foi uma afeição genuína que juntou as duas. A história de Rose, quando eu relacionei os acontecimentos, realmente me deixou emocionada. Eu tive que fechar o livro por um momento e deixar as emoções aflorarem.
Canisous Rubuga é um líder de um grupo de guerrilheiros, e foi um dos personagens que me deixou muito irritada. Sua falta de preocupação com a vida humana, seus atos, me deixaram em um estado tenso quando eu lia o seu nome.
O livro ainda tem muitos outros personagens maravilhosos, alguns vocês irão se apaixonar (como o querido twa florista) e outros irão deixar vocês bravos (como o dono da fazenda). Não dá para falar de todos eles na resenha como eu gostaria, senão a resenha não teria fim.
O livro também retrata as mulheres de Ruanda, que independente de sua etnia foram maltratadas e humilhadas em sua forma mais brutal. Com os eventos que ocorreram em Ruanda na história, acabei chorando muito em alguns momentos do livro. Na época em que os conflitos ocorreram, eu estava com 11 anos de idade, e por mais que tivesse conhecimento que a situação em Ruanda estava ruim, eu não tinha maturidade para entender o quão ruim realmente era. Ao ler esse livro, percebi quantas crianças da minha idade ou até mesmo mais novas, perderam cedo a inocência.
O livro traz um tema forte, mas foi muito bem escrito e realmente me marcou.
A única crítica que eu tenho, é sobre o tamanho da fonte, que eu gostaria que fosse um pouquinho maior rs.