Cris 03/06/2015
Uma autoanálise ímpar!
Matteo desde criança sonhava em ter um estábulo, precisamente, uma vaca, uma bezerra e ovelhas. Para ele os animais traziam paz, carinho e uma certa confiança. Mas os anos se passaram e aos poucos o sonho de menino ficou para trás; agora adulto, pouquíssimos sonhos existiam, o peso da responsabilidade trouxe outras vontades e desejos. Hoje em dia tudo está perfeito: ele tem uma respeitada profissão, uma esposa e um filho que o amam e de quebra mora perto de seus pais... bem, o que mais ele poderia querer?
(...) Viver, afinal de contas, é apenas isto: ver a minúscula chama e fazer o possível para que ela não se apague.
Escolhi 'Para Sempre' aleatoriamente, não conhecia a história, tampouco quem a escreveu, queria ler às cegas, porém logo de imediato algo me dizia que este livro seria profundo, sua própria sinopse nos revela um enredo comovente e um tanto questionador.
No decorrer dos capítulos, percebi que a história nascia em formato de pensamentos, por meio de um fluxo de recordações contatos pelo personagem principal, e foi assim, minuciosamente, que pude destacar alguns sentimentos, eram eles: o amor, a fragilidade de uma relação, a intensidade de um momento, a dor de uma perda e enfim, a superação de um homem massacrado pelos anos.
A autora Susanna Tamaro nos ensina através de poucas páginas — cerca de 190 — a viver plenamente, independentemente de qualquer situação ou adversidade imposta sobre nós. Sua narrativa é leve e, embora seja piamente introspectiva, nos comove e confronta. Ela nos faz pensar sobre a vida e sobre os meros momentos que passam despercebidos diante dos nossos olhos. Podemos amar uma pessoa e não se ater aos mínimos detalhes? Qual é a real importância dos relacionamentos? E mais, qual a intensidade dessa importância tão exigida?
Não posso categorizar 'Para Sempre' um livro religioso, e sim reflexivo, muitas das perguntas feitas e respostas por vezes não encontradas, baseiam-se no próprio mistério que é a vida; há tantos questionamentos e teorias acerca de tudo e de todos, que a menção de qualquer explicação não nos calaria. Sempre queremos mais, sempre questionamos mais. Porventura essa não é arte de viver e estar vivo?
Indico 'Para Sempre' a todos, principalmente, aos que gostam de assuntos relacionados à existência humana. Sem sombra de dúvida a estrutura do livro nos apresenta uma autoanálise incrível e tocante. Eu particularmente me vejo atraída por temas e enredos que envolvam o nosso "eu interior", eles de uma maneira singular sempre serão enriquecedores. Afinal, o que é vida senão um infinito manual com perguntas e respostas? — momento filosófico.
E é isso, para quem for ler, boa leitura!
Ps.: separe alguns lencinhos...