Jess 04/07/2013Lucy Christopher - Stolen - Raptada - Carta ao meu sequestrador"É difícil odiar uma pessoa depois que você a compreende."
É com esta frase retirada da carta da Gemmma que começo minha resenha, pois ela explica todo o sentimento que me percorreu durante a leitura deste livro.
No decorrer do livro eu não sabia como explicar realmente o que se passava em minha cabeça, o que ocorria com meus sentimentos, fiquei tão confusa quanto Gemma. Eu me perguntava a todo o momento como pude me apegar tanto a um personagem que era para ser odiado, afinal de contas, o que ele fez foi errado, mas quando eu li a frase a cima tudo me foi explicado.
Gemma tem 16 anos, mora em Londres e é uma adolescente normal como qualquer uma, tem certos problemas como seus pais viverem brigando e não dando muita atenção a ela por causa de seus trabalhos. Enfim, tudo começa com Gem fazendo uma escala no aeroporto de Bankok, ela está indo viajar para o Vietnam, pois sua mãe é curadora (como Gemma mesmo diz; “é uma espécie de artista que coleciona quadros em vez de pitar”) e pretende comprar alguns quadros por lá. Já o pai dela é corredor de valores.
Depois de uma discussão com seus pais ela resolve ir tomar um café, porém o caixa não aceita suas moedas apenas notas é quando encontra Ty pela primeira vez (ou é o que ela pensa), ele paga seu café seguidamente a convida a se sentar com ele. Gemma de imediato o acha um homem atraente, com olhos azuis hipnotizantes, sem falar que ele lhe é vagamente familiar, mas ela não se lembra de onde. Ty tem seus 25 anos e no decorrer da conversa ele se mostra interessado por ela, como não sucumbir a isto? Como não deixar sua guarda cair? Este foi o maior erro de Gem. É pelo seu café que Ty tão atenciosamente foi colocar açúcar que ele acabou colocando uma droga para dopá-la e é assim que a garota é sequestrada.
Quando Gemma acorda se ver em um local totalmente diferente, uma casa simples em pleno deserto da Austrália (coisa que ela ainda não sabe só vai confirmar depois que se lembra de uma parte de sua conversa com Ty no aeroporto) não existe nada a quilômetros de distancia, porém ainda sim em um momento de desespero e ainda levemente dopada ela tenta fugir correndo, o que é interrompido pelo seu captor.
No decorrer da estória Ty nos presenteia com seu passado triste ao qual nos faz ficar com ainda mais pena dele, pena por sua infância perdida, pena como a falta de amor dado pelos pais e finalmente começamos a entender o porque dele ter sequestrado Gemma. Foi sabendo disto que eu compreendi ainda mais porque ele é tão atormentado, tão perturbado.
O sequestro de Gem não foi de todo ruim, pois foi através dele que ela aprendeu coisas novas, assim como apreciar melhor a natureza, além de saber mexer com ela, mas também o mais importante de tudo foi ela descobrir o amor ou pelo menos ela acha que é isto. No começo do livro existe a definição da Síndrome de Estocolmo, que é:
“Uma expressão criada pelo psicólogo Nils Bejerot para nomear a reação de vítimas de um assalto ocorrido em agosto de 1973, na Noruega. Caracteriza-se pela identificação afetiva da vítima com seu sequestrador. Trata-se de uma estratégia inconsciente de sobrevivência, uma tentativa de conquistar a simpatia do sequestrador, por medo de retaliação e/ou violência. Essa reação proporciona o afastamento emocional da realidade perigosa e violenta à qual a pessoa está submetida, mas parte de sua mente conserva-se alerta ao perigo, o que faz com que a maioria das vítimas tente escapar do sequestrador em algum momento.”
É justamente isto que nos mostra que Gemma pode não ter realmente se apaixonado como ela acha, mas eu ainda sim insisto em acreditar que ela de fato nutre algum sentimento por Ty... Ou eu também desenvolvi a Síndrome de Estocolmo sem nem ter sido sequestrada.
Eu sei que parece estranho, mas em vez de sentir raiva de Ty por ter raptado a Gem eu senti raiva dela, por todas as suas tentativas de fugas mesmo depois de se ferrar sempre, se machucar sempre com isto. Eu me perguntava sempre: Porque ela não podia tentar ser feliz com ele? Ty era um cara gentil, engraçado e amável com ela, não tinha como haver dificuldade em sentir um carinho grande por ele.
Eu tentei, tentei de todas as maneiras sentir raiva de Ty, mas tudo o que me veio foi apenas tristeza por ele, principalmente depois que Ty disse o motivo disto e revelou seu passado. Eu senti vontade de estar no lugar da Gemma, de sumir do mapa e ficar com o Ty, cuidar dele. Eu sei, parece loucura, mas não tem como não se apaixonar pela forma tão cuidadosa que ele toma conta da Gem. Ty não é um homem ruim, apenas solitário.
Por fim, todo o livro se passa em primeira pessoa em formato de carta (por isto ele não é dividido em capítulos, é uma leitura direta), como se Gemma estivesse contado desde o principio a Ty seu ponto de vista como tudo aconteceu, mas não pense que não há falas, há sim. Foi realmente uma leitura diferente e bem interessante. É o primeiro livro que li escrito desta forma. E ele é mais que recomendado é aquele tipo de livro que você TEM que ler antes de morrer.
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