Reconsiderando a Vontade de Deus

Reconsiderando a Vontade de Deus Frank Viola



Resenhas - Reconsiderando a Vontade de Deus


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Aventura de aprender 16/08/2017

Eu não queria esse livro. Fiz uma compra em uma livraria virtual e ao invés de um dos que pedi mandaram esse. Reclamei e me mandaram o que estava faltando, mas não aceitaram devolução. Então resolvi ler... Confesso que li muitas coisas nesse livro que me deu arrepios de tão absurdas, mas no final não foi tão ruim assim. A leitura é bem agradável, mas perigosa.

O autor conta a história hipotética de um rapaz que na tentativa de descobrir a Vontade de Deus perdeu duas ótimas oportunidades (uma de casamento e outra de emprego) e se frustrou com isso até que ouviu uma pregação em um rádio. Pregação essa que seria o conteúdo do livro.

Ele explica que Deus não tem uma vontade específica pra cada pessoa como muitos ensinam. Logicamente esse é um absurdo porque Deus tem sim. A Bíblia é clara de que seremos julgados para galardão pelo quanto dela cumprirmos em vida.

Depois faz uma comparação ridícula de que a Vontade de Deus não é uma linha de trem fixa, mas um pátio de estacionamento em que podemos escolher qualquer vaga e tudo isso será absolutamente válido. E ainda por cima chega a dizer que buscar a Vontade de Deus específica nos faz ser imaturos e que Ele quer nos ensinar a ser independentes. Que absurdo! Se assim fosse Jesus não nos mandaria ser como crianças, cuja principal característica é a inocência e dependência.

O autor chega a fazer certa distinção entre vontade soberana (permissiva) e vontade moral de Deus. É assim: Deus mostra Sua Vontade moral, mas secretamente quer que as pessoas desobedeçam. Entendeu? Nem eu! Isso só existe no calvinismo e no antigo paganismo! A ideia é que tudo o que já aconteceu na história ou já fizemos seria a Vontade Soberana (ou oculta) de Deus, e Vontade moral ou revelada é aquilo Deus quer, mas nos impede de realizar.

“Como você pode conhecer a Vontade Soberana de Deus? Você pode conhecer apenas parte dela se Ele sobrenaturalmente as revelar. Caso contrário, leia um livro de história. Se o livro for exato, você acaba de descobrir a vontade soberana de Deus no passado”.

A doutrina calvinista pelo menos é mais coerente. Segundo essa doutrina não existe vontade permissiva (que a grosso modo é o que Deus permite e não impede por causa do livre arbítrio. Não tem nada a ver com decreto soberano como o autor diz). O calvinismo entende que existe a vontade decretiva ou Soberana (o que Deus secretamente quer) e a vontade preceptiva ou moral (o que Ele nos ordena). Seguramente é isso o que o autor do livro quis ensinar, mas até nisso se confundiu e fez a maior salada mista.

O autor, assim como o calvinismo, a grosso modo quer dizer que não precisamos nos preocupar em cumprir o Plano de Deus porque se não cumprirmos é porque Deus decretou que não fosse cumprido. Loucura total e extremamente perigoso! Muitos calvinistas pelo menos negam as últimas consequências de seu sistema teológico e não agem desse jeito. Ele deveria pelo menos meditar nesse trecho das escrituras:

“Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”. 1 Coríntios 3:10-15

Só que mais pra frente começa a melhorar um pouco porque o autor diz que decisões fora da Vontade moral de Deus estão fora do pátio de estacionamento e por isso são inválidas, e que a maneira de descobrir a Vontade moral é pelas escrituras e o testemunho interior do Espírito Santo. Isso está correto.

Depois explica que as decisões não morais devem ser tomadas orando diligentemente por sabedoria. Isso também está certo porque é assim mesmo que podemos confiar que Deus guiará nossas decisões no Plano que Ele tem pra cada um de nós. As críticas que o autor faz em relação à sempre esperar por sonhos, profecias, visões... É totalmente válida porque mesmo Deus tendo a Vontade específica (o que ele nega) nós seremos guiados a ela aceitando o constante trabalhar do Espírito Santo sem resistir à Graça de Deus.

“Como alguém adquire sabedoria para tomar uma decisão não moral? Um caminho é simplesmente consultar o Senhor a respeito dela. Isso não significa que Ele vai dar a você uma espécie de revelação, sinal, ou impressão sobrenatural. A sabedoria envolve o discernimento, envolve o julgamento saudável”.

O capítulo final é excelente onde ele explica a diferença entre o cristão de mente fraca, o de mente forte e o legalista. O de mente fraca não tem conhecimento e acredita que tudo é pecado; o de mente forte por ser mais maduro consegue não ofender a consciência com coisas básicas; já o legalista criou um padrão de moralidade pra si mesmo e quer obrigar todos a seguir dizendo ser o único correto. Gostei muito porque ano passado (2016) estudamos isso na escola bíblica aqui da igreja.

“Há muitas coisas que não são pecaminosas, mas também não são espirituais. Moralmente falando, são neutras aos olhos de Deus”.

Quanto a historia da linha do trem e do pátio de estacionamento creio que a Vontade de Deus está mais para um labirinto ou uma escada. Há o caminho direto e perfeito, mas se desviarmos dele ainda há volta. Com a orientação do Espírito Santo podemos retornar e se houver boa disposição, de uma forma ou de outra, o que Deus começou será completado.


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