Resenhas - Saraminda

Mota 16/02/2024

A MULATA DE OURO
Tudo interessante começando com uma mulher que tinha ouro e brilhante nos bicos dos seios, uma história hilariante cheio de graças e mistérios, uma leitura a qual você não consegue parar, ouro, cobiça, doença e morte, bem no estilo do poeta José Sarney!

Ramilson.Nasciment 19/02/2023

Tenho dúvidas se é uma resenha, chamo-o de impressões.
O escritor José Sarney, ex-presidente do Brasil, têm várias obras escritas. Dentre essas o romance Saraminda escrito em 2000. Surpreendeu-me positivamente, pois nunca tinha lido romances do autor, apenas textos das suas colunas em portais de notícias. No início o livro conquista o leitor, põe um mistério entre duas pessoas no final quando relembram a sua vida anterior aquele momento. Com o realismo mágico permitido usar o espírito de Cleto Bonfim.
Nos 37 capítulos alguns são de uma beleza imensurável com momentos onde a escrita conduz o leito ao deleite da obra em vários sentidos. Logo o romance é bom, como ponto alto tem a contextualização com um fato ocorrido na história nacional, assim surge por mãos habilidosas a ficção. A personagem Saraminda, uma prostituta guinense, e Cleto descrito como um homem rude. Há também um apanhado de personagens que são colocados na obra.
Constata-se durante todo o livro idas e vindas da história, já que, o Clemente Tamba com seus 100 anos conversa com o fantasma de Cleto Bonfim. Desse modo, durante todo o livro, repentinamente, essas conversas começam a surgir e não tem momento para isso. Logo, em todos os capítulos é cortado e colocado diálogos entre os dois, um que estava morto e o outro convalescendo. Desse modo, os dois buscam entender durante o livro o porquê aquilo aconteceu no passado. No 37 capítulo, ou seja, no último tem o surgimento de Saraminda, surpreendendo o leitor, pois o livro não põe pistas de que ela surgiria.
Por conseguinte, o livro é bom, o que me atrapalhou foi ter custado muito terminar, pois, isso ao longo dos dias foi criando uma história fragmentada, na minha interpretação e nas pontes que o leitor faz entre capítulos.
No geral o livro é bom. Por usar do realismo mágico que encanta com passagem bonitas.

Glauber 25/01/2023

Fui completamente enfeitiçado por Saraminda e todo o misticismo dessa excelente história de José Sarney.

iasmin 21/09/2022

É um livro bom até, mas não achei nada extraordinário demais. Saraminda com certeza pode ser caracterizada como uma pessoa única (isso pode ser considerado um elogio ou não), que, apesar de todo seu encanto, pode nao ser o que parece, mas não há como negar que ela é muito esperta.

Emanuela 28/12/2020

Era criança quando José Sarney governou o País. Nunca o havia imaginado escritor, pois essa figura que guardei ainda menina persistia em minha mente com direito a faixa presidencial e a inflação galopante. Para desmistificar um pouco e conhecer o Sarney da Academia Brasileira de Letras, resolvi ler Saraminda. E como gostei do livro! Talvez seja bom não esperar muito de uma obra para estarmos livres de pré-conceitos e nos permitir a surpresa, o conhecer um outro universo.

Em Saraminda, Sarney evidencia sua capacidade em reconstituir o período histórico onde transcorre a história: o garimpo do Amapá, quando a região estava em disputa entre Brasil e Guiana Francesa, no final do século XIX. Uma terra onde o ouro brotava no meio da mata hostil e determinava a vida das pessoas. Poucos se fizeram ricos com ele como Cleto Bonfim e Clément Tamba. A maioria, morria pela sede do ouro por sangue, como dizia o capataz de Cleto, Celestino Gouveia.

Mas no meio da tristeza do garimpo surgiu Saraminda. Comprada por Bonfim por 10 quilos de ouro, essa creolé de pele negra, cabelos lisos negros, olhos verdes como esmeralda e seios da cor do ouro foi a vida e a perdição de Bonfim.

Todo livro é uma obra aberta e em Saraminda isso fica explícito ainda mais. Sarney com uma narração fragmentada nos leva a conhecer a história por diferentes pontos de vista, que nem ao menos sabemos se são reais ou imaginários.

Na contracapa do livro, pergunta Carlos Heitor Cony se Saraminda foi uma Capitu que provoca a dúvida justiçada pelo dono de sua carne. Que o leitor decida...

FélixEdu 02/08/2015

A dona dos seios de ouro e não mais aquela dos cabelos como a asa de Grajaú
Livro de narrativa envolvente, é ambientalizado no rústico cenário de um garimpo amapaense. Sarney nos transporta a figuração da mais natural e estonteante beleza de uma mulata conhecida por Saraminda. A narrativa circunda o relacionamento de Saraminda com o dono do garimpo despertando no local e nas pessoas, sobretudo nos homens, um misto de desejo e inveja que atravessa tentativas de assassinato e outros episodios que enriquecem o contexto. Ao lembrar de certo modo Iracema de José de Alencar, Saraminda mostra-se criatura possada de personalidade marcante e significativa que fornece ao escritor os subsídeos necessários a uma trama envolvente.

z..... 17/03/2015

A região do Contestado era marcada pela exuberância e riquezas naturais. Por essas e outras, também terra cobiçada e disputada secularmente entre dois povos, seduzidos e entregues à obtenção desses valores em lida rotineira com forças que pareciam indomáveis - expressas na natureza selvagem e na ausência de um estado definido e incisivo em sua organização. Assim, essa ambientação influencia cada personagem, como um romance naturalista, com estórias intensas e sujeitas às tais forças presentes. Transbordando eroticamente no amor e arduamente nos sonhos de riqueza.
A terra seduz e traz para si as personagens:
SARAMINDA, bela e exótica mestiça guianense sedutora de paixões e lutas por seus belos olhos verdes e bicos de seio dourados, impondo seus caprichos de fêmea indomável semelhante a terra que seduz e sujeita todos às suas adversidades, no sonho e busca de riquezas;
CLÉMENT TAMBA, um crioulo de Caiena no encalço do ouro recém-descoberto no rio Calçoene - como tantos outros que o antecederam e precederam;
CLETO BONFIM, brasileiro dono de garimpo, arrebatado pelo novo eldorado e pela paixão desenfreada por Saraminda;
JACQUES KEMPER, francês vindo de Paris com uma entrega aos caprichosos desejos da mulata - por suas constatações, sujeições e descobertas, traz reflexões sobre essa sociedade que figura ora anárquica ora selvagem - insurgente - envolvente e incisiva em sua vida também.
Essas são as principais personagens.
A estória se passa no fim do século XIX, tem particularidades como a presença do Cabralzinho (aceitável ou não em suas ações e propósitos, pois o romance é binacional) e na narração, que coloca o leitor como um confidente (vendo-se considerações ou desabafos das personagens por suas escolhas e condutas).
Tanto o lado francês (em Caiena) quanto o do Brasil (adjacências) são mostrados em situação de tristeza e dificuldades. Reflexão para a ferrenha disputa pela região. É onde se encontrava La Couleur...
O foco é a terra e suas facetas, envolvendo brasileiros e franceses em paixões e lutas. Romance pioneiro sobre essa disputa no Amapá. Diferente e interessante em uma atípica narrativa de amor e ódio.
Em minha visão a estória não é bonita, mas forte e reveladora dos idos do Contestado - essa foi a sedução em minha leitura.

João Lucas 12/12/2013

Subestimado
Com um lirismo virtuoso, José Sarney nos mergulha na atmosfera da velha Caiena e nos garimpos da Guiana. Contestado, ouro, sangue. A leitura da obra é uma experiencia fabulosa. Não podemos nos esquecer, é claro, da personagem título; Saraminda, uma mistura de Capitu, Iracema e Gabriela, mas com personalidade, estória e nuances próprios. Pena não ser tão conhecido. Recomendo