Nah Moura 03/09/2012
Desde Retalhos, HQ que me envolveu e sensibilizou bastante, almejava ler outra estória de Craig Thompson. Todas as críticas e expectativas me motivaram ainda mais frente esta pretensiosa obra do autor, cuja produção desenvolveu-se por sete longos anos. Habibi, como em Retalhos, aborda uma história de amor, aspectos existencialistas e conflitos que moldam um caráter, e, mais uma vez, o pano de fundo é a religião. Dodola e Cam são dois escravos fugitivos que ficam presos no deserto, se alojando em um navio naufragado na areia. Esse período é uma demonstração das tentativas de lutar pela existência, das dificuldades que moldam ou não a personalidade e de como os sentimentos se transformam. Como maior distração, vivem de histórias. Assim, somos introduzidos na história do Islamismo, suas tradições, seus sentidos e, sobretudo, na ideia das narrativas universais se relacionarem entre si.
A arte é cativante, seus desenhos são ricos em detalhes, profundos, belos. Mais do que em Retalhos, fica evidente a inspiração e semelhança com Will Eisner, propriamente quando abordado o vilarejo, na qual os eventos e personagens parecem compor as histórias de cortiço do mesmo.
Habibi é forte, trata sem maquiar sobre aspectos cruéis da humanidade. Entre eunucos e prostitutas, a sexualidade é abordada em meio ao céu, inferno, os instintos naturais, desejos e fantasias da paixão.
Creio que não seja uma obra para uma leitura apenas, é um trabalho complexo, em que devemos sempre voltar.
Recomendo.