Euflauzino 06/11/2013A justiça entre dentesAntes de iniciarmos a resenha do livro a que me propus, é preciso salientar que os capítulos sem gancho de Fúria lupina Brasil (o primeiro da série), fizeram muita falta. O livro nos parece fragmentado, com capítulos curtos que morrem em si mesmos, sem atiçar a curiosidade. Havia também alguns clichês que me incomodavam, tais como: “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Mas não se sintam afugentados por isso, o livro é uma delícia de ser lido.
Então iniciei o segundo volume da série Fúria lupina - América Central (Literata, 215 páginas) com um misto de esperança (porque havia inúmeras qualidades no primeiro que poderiam ser desenvolvidos neste segundo) e suspeita (como desenvolver ainda mais um enredo que estava meio aos trancos).
A leitura que começou despretensiosa me agarrou, foi se encorpando e tornou-se meio Tarantino e eu adorei! Confesso que senti falta das lendas brasileiras incorporadas no primeiro livro (não vamos falar quais são, leiam), porém agora tínhamos um “totem-vivo” (parece coisa de índio, rs).
Neste livro temos um pelotão de respeito, destacado para ir ao encalço de uma menina especial, uma peeira (alguém que “conversa” com animais). São eles o ômega Casillas, um reles peão na hierarquia, porém encarregado do comando da operação por possuir experiência e grande poder mental; a descontrolada e visceral alfa Fênix, que possui forte elo com a menina sequestrada, por isso podendo colocar tudo a perder; e o alfa Dante, figura fundamental para a preservação de toda a espécie de licantropos, o “totem-vivo”.
Deverão enfrentar lobos violentos, cruéis e hostis em um território sem lei – a América Central. Lá o que vale é a lei do mais forte. Além disso, uma nova geração de caçadores entra em ação e bagunça o jogo que seria apenas lobos cruéis contra lobos bonzinhos, mas vingativos. Caçadores não têm lado, vivem para destruir os lobos. Como se não bastasse esta confusão, entra em cena um repórter investigando crimes de estupro cometidos por um indivíduo conhecido como El Lobo.
A maioria das personagens é conhecida, então é como se retornássemos a um lugar legal para passarmos férias. Agora Dante parte para seu autoconhecimento e o instinto fala alto:
“― Sinto algo no ar, um tipo estranho de eletricidade, uma pulsação que arrepia meus pelos e agride meus tímpanos. São golpes não palpáveis, sons inaudíveis. Pareço maluco falando isso?”
Os “soldados” dessa missão são enviados a um lugar arrasado por guerrilhas e insurgentes – o Haiti. Recentemente tive contato com um soldado das Forças de Paz do exército brasileiro, que me contou como são as coisas por lá, então me identifiquei de imediato com o trecho abaixo, que resume muito bem as noites destes heróis:
“Todos temiam as madrugadas após o terremoto, pois a frágil segurança já existente tornou-se um caos povoado por bandidos, saqueadores e estupradores. As autoridades não conseguiam dar conta do número de ocorrências nas áreas abaladas. Mesmo sob o risco de desabamento, prédios e casas em ruínas ainda eram mais seguros do que as ruas e os acampamentos de desabrigados.”
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