Poesia

Poesia Guilherme IX de Aquitânia




Resenhas - Poesia


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caio.lobo. 24/06/2023

Put4ria medieval
Guilherme de Aquitânia foi um dos primeiros trovadores conhecidos na história ocidental e é um dos maiores poetas da Idade Média. Foi um importante nobre, de considerável e influente poder, que teve suas posses no Sudoeste da França. Ali estabeleceu centro de atividades culturais e intelectuais, atraindo trovadores e poetas de toda a Europa. Além de poeta trovador e liderança política, foi um atuante militar, inclusive participando das Cruzadas. Era também um sujeito polêmico, rebelde e peralta. Foi excomungado várias vezes, seja por causa dos seus conflitos com a Igreja e membros do clero, seja pelo seu comportamento sexual ativo. Guilherme gostava muito de transar e não escondia isso, pois a maioria das poesias deste livro tem forte teor erótico, apesar que a linguagem medieva faz parecer algo mais discreto, mas que na época era um teor sexualmente usual, e depois de observar bem um pouco da escrita se vê que é absolutamente pornográfico.

Guilherme se divorciou duas vezes, não se sabe se a Igreja Católica permitiu esses divórcios, mas se a Igreja aceitou ou não era algo indiferente para ele, pois já no primeiro poema ele já assume que gostava de montar em três cavalos e tem dificuldades em escolher com qual ficar. Ou seja, ele montava sexualmente em três mulheres, e não sabendo escolher com qual ficar continuou transando com as três. A linguagem de Guilherme era cheia de trocadilhos, comparava a mulher com um tabuleiro de jogo, suas bolas eram os dados e a peça do jogo entrava em prumo no tabuleiro. E outro momento ele quase estoura o pau de tanto meter. Coitado.

Outra poesia ele fala tanto de gozar, com o mesmo duplo sentido (ao menos na tradução) que temos hoje em dia, e gozava muito, gozava a vida, gozava com as mulheres, gozava nas mulheres, tudo era gozo para Guilherme. Mas o irônico é que a última poesia deste livro parece ser da velhice, onde demonstra um arrependimento de certas coisas da vida e pede perdão para que possa ter um bom lugar após a morte.

A edição é bilingue, sendo o idioma original o occitano, língua românica do sul da França, que parece um pouco com francês, um pouco com português e se parece muito com algo que não se parece com nada. É uma das raras traduções para o português e o editor e tradutor faz uma boa introdução para adentrarmos nesse tipo de literatura que nos parece tão distante, mas que na verdade é bem próximo do erótico que conhecemos.
Carolina 24/06/2023minha estante
Coitadas das mulheres, literalmente.


caio.lobo. 24/06/2023minha estante
Coitada/coitado=particípio de coitar, ou seja, aquele que sofreu um coito. Logo coitado/coitada é o mesmo que f***** ??


Carolina 24/06/2023minha estante
Exatamente




Marcus Oliver 18/02/2024

O amor cortês te seu encanto
Poemas não são o meu forte quando preciso fazer resenha, pois cada poema merecia uma resenha para si. Gostei bastante deste livro mesmo sendo o primeiro de cantigas medievais.
Primeiro desafio do livro é ter um dicionário à mão, o tradutor necessitou utilizar termos arcaicos para que os poemas mantivessem sua temática e proximidade histórica com o tempo do poeta.
Por se tratar de Idade Média e ser o tempo das trovas, saiba que cada poema desses era cantado, logo a versão na língua original era acompanhada de um instrumento musical, mas a tradução em português conseguiu manter certa musicalidade na leitura; mas eu não conseguiria cantá-los, me falta o talento para tal, kkkkkk!
Outra dificuldade residirá nos temas e nas construções de cada verso, exigindo o máximo de atenção e compreensão textual da parte do leito, o que eu gosto bastante por me fazer ler e reler em voz alta declamando cada verso até sentir o som das palavras e compreender o que está sendo evocado pelos versos.
Alguns podem se decepcionar achando que por serem poemas amorosos se teria algo mais explícito do sentimento, mas ressalto que o amor aqui é cortês, então não é comum do fazer literário da época ser literal com os sentimentos, por isso, o eu lírico mascara seus sentimentos por alegorias, chamando a amada de amiga e outros subterfúgios da língua.
As trovas medievais são excelentes porta de entrada para os interessados na poesia para ver como certos temas são recorrentes, como a abordagem é diferente, como eram construídos e como poetas como Guilherme IX da Aquitânia ainda deixa ecos no modo em que poetas brasileiros versaram à sua maneira.
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