Carla.Parreira 13/10/2023
Para sempre Alice
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O livro conta sobre Alice, uma competente professora da universidade de Harvard, ao ser diagnosticada precocemente com o mal de Alzheimer, uma doença degenerativa incurável donde a memória vai sendo perdida aos poucos. O livro escancara a fragilidade humana perante os desígnio da vida, bem como a imprevisibilidade e instabilidade da vida em si. Achei dificilmente cruel imaginar-me na pele de uma personagem que se perde dentro de sua própria casa por esquecer onde fica determinado cômodo. Quando ela consegue chegar no mesmo, já não sabe o que foi fazer lá. São vastos os acontecimentos de esquecimento contidos no livro ao longo da experiência vivida por Alice, donde o tempo só agrava a situação, apesar dos medicamentos atenuantes. É uma leitura que nos alerta para a importância e sobretudo necessidade de viver cada momento da vida como único e fugaz. Esquecer-se do ontem e não reconhecer os familiares ou as pessoas do convívio íntimo pode parecer assustador, mas isso é uma realidade a nos mostrar que nada é para sempre, a não ser a nossa existência espiritual e individual. Sou frágil perante os atributos da vida e diante deles escolho validar minha paciência, aceitação e fé. A vida é instável, paradoxal, misteriosa, indócil, perfeita, justa, ligeira, única, eterna, imprevisível, trágica, insólita, generosa, impermanente, sábia, etc. Independente de recordar do ontem ou ter certeza do amanha, independente de como consigo lidar com a vida em si, ou melhor dizendo, dentro das minhas capacidades, qualidade, limitações, necessidades e escolhas, sinto que somente o presente pode ser vivido. E essa é a melhor lição do livro.