Lirio7 29/11/2020
Um lorde e uma plebeia
Harry, o Visconde de Marlowe, se considera um homem moderno e diferente de seus pares, gosta de trabalhar e se dedica de verdade a seus negócios.
Harry é um editor e ele contratou Emma como sua secretária há cinco anos. E Emma é uma profissional extraordinária que tem se destacado numa profissão ocupada em sua maioria por homens. E ela vive em um apartamento num lugar respeitável e mantém uma vida confortável graças ao seu trabalho e o bom salário que o Visconde lhe paga. Mas ela quer mais, e há muito tempo vem tentando fazer com que seu chefe publique um de seus livros. E quando percebe que na verdade ele nunca leu nenhum dos manuscritos que ela lhe entregou, fica muito decepcionada, e depois de refletir bastante, resolve que é hora de mudar.
As pessoas costumavam olhar para Emma e enxergar uma mulher insípida, sem cor e super sensata, e isso era fruto da severa educação que ela recebeu de sua tia. E Emma tem passado muito tempo desejando coisas sem tentar de verdade consegui-las, e aqui, em determinado momento, vamos ver como ela se liberta de seus medos para correr atrás de seus sonhos. E gostei muito de poder acompanhar essa transformação onde ela se redescobre: passa a ser mais confiante, a acreditar em si mesma e a ser menos dócil e mais desafiadora, e é recompensada por isso.
E o fato é que achei gratificante vê-la ter êxito como escritora em uma época onde as mulheres eram subestimadas, e ironicamente, Emma consegue sucesso ao escrever sobre as normas da sociedade e a importância delas para as mulheres. E claro, que ela vai descobrir que nem todas essas regras devem ter tanto peso, e ainda, que quebrar algumas pode ser maravilhoso.
O romance ao contrário do que a sinopse e o título me levaram a pensar, não acontece de forma abrupta após um beijo. Não. Primeiro ele tem que enxergá-la de verdade e faz isso começando a reparar em pequenos detalhes, como a cor do cabelo. E ela também tem que admitir para si mesma que gosta dele, pois se convenceu que não o suporta. E o amor é que faz a sua mágica aqui, e onde antes havia indiferença nasce um sentimento verdadeiro.
E vou concluir dizendo que a autora nos entrega nesse livro um clichê, que começa lento, mas que vai ficando mais ágil à medida que vamos lendo e conhecendo de verdade os personagens, onde os protagonistas são opostos que se apaixonam, chefe e empregada, um lorde e uma plebeia, uma solteirona e um mulherengo... E eu gosto de livros assim.