Ismael.Vilela 23/05/2021
A exploração de uma persona, pelo mundo a sua volta.
Ivan Jaf, de uma forma ou de outra, soube muito bem transmitir a inutilidade de seu protagonista perante um mundo recheado de ideias em constante renovação. Tamanha a grandiosidade desse universo, a construção desse personagem permeia o fantástico, a ironia, o iluminismo, e a história. A ficção surge na verossimilhança histórica, nas superstições e na comédia por trás de tudo.
Dessa forma, o livro possui uma ligação muito querida com sua própria trama, com seu espírito interior. O contexto domina o protagonismo, o coadjuvante é quem dá razão à história. Assim, a modelagem dramática manifesta-se no conjunto de ideias alheias, que formam uma pessoalidade íntima, que chega a ser inerente.
Mais que isso, a idosa e católica Portugal dos séculos passados, recheada de misticismo e visões do iluminismo, parecem dar sentido a tal história vampiresca. O vampiro conta sua ficção, seu cosmo, suas regras, seus motivos e suas limitações, mas tudo surge naturalmente num mundo miticamente fantasioso. Nesse viés, não se falta, de maneira alguma, a naturalidade em explorar a insônia de um vampiro, num dinamismo evidentemente juvenil, criado para atrair os jovens num entretenimento denso, que transmite a história por meio da vida culta de um vampiro.
No final, seu entretenimento foi a história real, e não simplesmente a ficção.