Léia Viana 04/12/2012
Dá vontade de viajar junto!
“Próximo destino? Incerto. Incerto em um grau que até assusta. Tudo o que vejo pela frente é um ponto de interrogação. Já não sou aquela menina da mochilagem pela Europa. A viagem prosseguiu e tem sido ininterrupta.”
E Martha Medeiros conseguiu me surpreender e me tirar do lugar comum. Não conhecia e jamais pude imaginar que ela, uma das minhas escritoras favoritas, fosse tão aventureira. Não é uma crítica, e sim, uma agradável surpresa com um misto de espanto e um pouquinho de cobiça, por este espírito leve, livre e descompromissado com algumas questões da vida que, às vezes, me tira até o sono.
“Um lugar na Janela” é um relato de algumas viagens que a escritora fez, em várias épocas de sua vida. Acompanhada, sozinha e até em excursão. Não tem a pretensão de dar dicas de viagens, como hotéis, restaurantes, passeios turísticos, é um olhar diferente nos lugares explorados por Martha, o livro é quase uma autobiografia discreta, para quem é fã dela, assim como eu, não pode deixar de ler e descobrir uma Martha totalmente diferente da nossa imaginação, pelo menos da minha foi.
“Atravessar fronteiras era um desejo meu desde menina, incluindo as fronteiras mentais, não apenas as geográficas. Conhecer, descobrir, avançar, aprender: verbos que de certa forma me definem, todos relacionados com o exercício da liberdade.”
Sonho com esta liberdade descrita por Martha, mas sou muito apegada às pessoas, nunca viajei sozinha e quase nunca encontro companhia para ir comigo aos lugares que tenho vontade. Cinema, restaurantes, teatro, vou sozinha, me divirto e já até fiz amizades por lá, mas sair do meu lugar comum, conhecer outra região, novas pessoas, tudo isso sozinha? Ainda é uma barreira que eu tenho que vencer um dia.
“A liberdade é uma ilusão, eu sei. Ninguém é inteiramente livre, a não ser que não possua vínculos. Como qualquer pessoa saudável, não abro mão de laços afetivos, a vida seria muito árida sem amor. Desertos são fascinantes, mas não os emocionais, então tenho uma relação de profundo apego à família, aos meus amigos e ao meu coração, que de tempos em tempos bate forte por alguém, e essa turma estimula meu crescimento, mas para crescer juntos é preciso facilitar o encontro, o que me faz ter um endereço fixo.”
O título não poderia ser outro, para o leitor é como se estivesse de fato, sentado à janela, saboreando as viagens e aventuras de Martha Medeiros. Tudo é descrito em uma narrativa gostosa de ler e de imaginar.
Leitura recomendada!