Nan 04/01/2018
A ideia é boa, mas não foi bem explorada
Esse foi o último livro que li em 2017. Foi um descanso depois de um ano cheio de leituras mais pesadas para a faculdade e o título foi escolhido porque eu já tinha visto a série do Lifetime baseada na obra e gostado. Achei a história bem interessante e deixei o livro na minha lista de desejados da Amazon, então, quando entrou na promoção, eu não pensei duas vezes e comprei. Se eu me arrependi? Não. Mas talvez porque eu só tenha pago 10 reais pelo livro novinho.
Da extinta editora ID, que fez um belo trabalho de diagramação e pecou um pouco na parte de tradução e revisão (encontrei uns três ou quatro errinhos enquantou lia, mas nada gritante ou que atrapalhasse demais a leitura), o livro conta a história de uma família de feiticeiras imortais, as Beauchamp. Joana, a mãe, e suas filhas, Freya e Ingrid, vivem na cidade fictícia de North Hampton, porém, nenhuma delas está autorizada a usar seus poderes porque se o fizerem, podem chamar atenção do “Conselho” e isso provavelmente implicaria em um novo castigo. Tentando levar uma vida o mais normal possível, Freya trabalha fazendo drinks em um bar enquanto cuida dos preparativos de seu noivado com o milionário da cidade, Bran. Já Ingrid se ocupa de cuidar da biblioteca local que está correndo o risco de ser fechada, e Joana aproveita para mimar o filho de sete anos de seus funcionários.
O livro é narrado a partir de três pontos de vista. A cada capítulo, somos convidados a adentrar um pouco mais na vida de uma das Beauchamp e ver o mundo pelos olhos delas. No entanto, o que parecia ser uma técnica interessante, acabou deixando a história muito impessoal por não ter sido bem utilizada. Parecia que uma não tinha nenhum tipo de laço com a outra e para uma família imortal que esteve junta por tanto tempo, isso era no mínimo estranho. Outra questão familiar que ficou um pouco inverossímil, e que não me desceu muito bem, foi a relação delas com o resto da família. Para o irmão sumido não é dada nenhuma explicação no começo da história, só que ele ficou para trás e que Joana se sente culpada por algo que aconteceu. Já o pai das meninas aparentemente as abandonou, mas o desfecho dessa história foi extremamente fraco.
O ritmo do livro também incomodou um pouco. No começo a história se arrastou, e até dá para entender que a autora estava tentando nos situar apresentando os personagens e suas readidades e características, mas isso se extende por mais tempo do que o necessário e quando o livro finalmente embala, as coisas começam a acontecer de uma vez e os fatos são simplesmente jogados. Além disso, personagens somem da história e depois são trazidos de volta como se nada tivesse acontecido, outros aparecem do nada e não tem qualquer contribuição para a trama (só para falar que os vampiros da outra série de Melissa, Blue Blood, fizeram uma pontinha). É um tanto confuso.
Mas nem só de coisas ruins é feito o livro. Apesar de um pouco mal explorada, a mitologia por trás dessa história traz um quê de inovação. A autora explora a mitologia nórdica na construção de seus personagens e isso gera um efeito muito interessante. Pelo menos eu nunca pensei em feiticeiras como Deusas antigas ou valquírias e como gosto muito das crenças nórdicas, acabo sendo um pouco suspeita para falar.
Enfim, com uma ideia ótima que não foi tão bem explorada, dou três estrelinhas para As feiticeiras de East End. Acho que a série deu uma boa adaptada na confusão que foi o primeiro livro e só não indico porque ela foi cancelada e terminou sem desfecho. Quanto ao próximo livro da trilogia, pretendo ler porque o epílogo deste me deixou curiosa. Mas só quando entrar em uma bela promoção mesmo, pois esse com certeza não é um daqueles livros que te obrigam a pagar o quanto for na continuação só pela vontade de saber o que acontece no final.
site: https://pordentrodashistorias.wordpress.com/2018/01/05/resenha-as-feiticeiras-de-east-end/