/QMD/ 24/09/2013
Henrique nunca destruiu magnetares.
O Astronauta de Maurício de Sousa, homem jovem, apaixonado por Ritinha, sonhador e com um mente inquieta, ganhou novos ares pelo Danilo Beyruth, que roteirizou e ilustrou esta graphic novel. Dedicada a, principalmente, adultos, o autor deixou um personagem um pouco mais complexo e deu algumas novas sacadas ao personagem e aos objetos que constituem as cenas dele. A nave espacial, por exemplo, que era redonda, agora tem algumas linhas retas, mas que criam uma espécia redonda, assim assim.
Com referências a Asimov e outros homens relacionados a ficção científica, a história de Astronauta: Magnetar reflete um pouco da solidão e desejos do personagem, mostrando como a vida no espaço pode ser boa, mas também pode ser ruim. Na história, Astronauta tem somente seu computador de bordo e suas memórias como companheiras quando, após uma falha, fica à deriva no espaço, tentando não ceder à insanidade enquanto tenta consertar sua espaçonave e retornar ao planeta.
Não dá pra reclamar de todas as ilustrações de Astronauta: Magnetar, não dá. Os traços e desenhos de Danilo deram um toque de quadrinhos de heróis ao personagem de Maurício, o que combinou perfeitamente. As cores também lembram os azuis, cinzas e prateados dos filmes futuristas e de ficção científica.
Como releitura, a nova roupagem que Danilo deu ao personagem é bastante interessante, pois percebemos várias características do original nesta nova versão. A reconstrução da nave, adicionando uma visão interna mais elaborada e mais ferramentas que ajudarão o herói, é o grande destaque, mas o fato de termos várias roupas e apetrechos para o Astronauta e as memórias que tem do seu avô, que nunca deixou a vida no interior, também merecem aplausos. Estes detalhes enriqueceram a história, que não é ruim como um todo, mas poderia ser melhor.
Um dos problemas de Astronauta: Magnetar é o seu tamanho. Ao final da leitura, senti que faltavam algumas páginas a mais para que a história pudesse ter sido desenvolvida de uma maneira melhor. Uma história curta não é ruim, desde que não falte nada ou que não seja acelerada demais. A história sobre solidão, perda da sanidade e o magnetar, em si, poderia ter sido muito melhor explorada pelo autor, que já tem um talento reconhecido até mesmo fora do país, pela HQ Necronauta. A graphic novel, para mim, errou neste ponto.
Até mesmo os extras parecem ter sido cortados ou resumidos. Nesta parte do livro podemos conhecer de onde veio o personagem, como Danilo o recriou, o que foi pensado, rascunhado e descartado. Todas as fotos e textos deste espaço me fizeram dar um valor a mais a Astronauta: Magnetar pela quantidade de trabalho e dedicação envolvidos, mas gostaria de ter tido muito mais informações sobre o processo de criação, os bastidores, a gênese do projeto de Maurício de Souza...
site: Mais: http://www.quermedar.com/2013/09/astronauta.html