Bella Martins 02/11/2016Resenha - Eu, meu pai e meus outros amoresQuantos tipos de amores existem? E quantos vocês, ou eu, conhecemos? Podemos enumerá-los? Amor de irmãos, amor fraterno, amor materno, amor paterno, amor de amigos, amor de pessoas inesquecíveis e tantos outros...
É estranho e, ao mesmo tempo, incrível falar do amor. Um sentimento puro, que chega de varias formas em nossas vidas. Podemos amar de tantas maneiras, que ele acaba nos consumindo e nos fazendo respirar de outros feitos e viver de outros tantos jeitos.
“Eu, meu pai e meus outros amores” retrata a vida de Jade, uma linda moça de 17 anos, nascida no Rio de Janeiro que, após perder sua mãe e seu padrasto em um terrível acidente de carro, se vê obrigada a morar com seu pai, com quem não convivia desde a infância, em uma fazenda no interior de Minas Gerais. Para Jade, que já estava sem chão por ter perdido sua mãe, melhor amiga e confidente, teria que se acostumar com uma nova vida, um novo mundo, onde não queria estar.
Após sua chegada na fazenda, Jade descobre que não será tão ruim assim morar em um lugar tão belo e aconchegante, mas muitas coisas a impedem de se adaptar. Uma delas é a magoa que sente por seu pai, por tê-la abandonado, não ter presenciado os momentos mais importantes de sua vida e por ter se dedicado aos filhos de sua segunda esposa.
Jade só quer ficar sozinha, mas todos parecem vigiá-la, e isso acabava fazendo com que ela trate todos muito mal. Porém, ela também não facilita e sempre que pode é mimada e irritante, se deixando levar pelo que quer sem pensar no próximo.
É difícil contar sobre o enredo sem colocar minha opinião em cada ponto. O comportamento de Jade em relação a todos, e principalmente a seu pai, Bernardo, é extremante mimado e irritante, mas, ao mesmo tempo, compreensível. Não sei se me entenderam! Mas, depois de tudo que ela sonhou em uma família perfeita, com um pai que a acompanhasse, como os de seus amigos, e ter a percepção de que aquilo nunca aconteceria, e se conformar com isso, ai depois ter seu mundo virado de cabeça para baixo e ser obrigada a conviver com Bernardo, é extremante confuso de se entender, e isso mexe com a cabeça de qualquer pessoa.
Com o tempo, Jade se conforma com a nova realidade e passa a entender como é ter um irmão, já que Eduardo, podendo ser chamado de Du ou Duke, um dos filhos de Isolda, atual esposa de seu pai, é extremamente carinhoso e amigo. Tenho que confessar, se eu não tivesse lido algumas resenhas e opiniões de leitores, diria que o Du seria o par amoroso de Jade, entretanto, à medida que a leitura ia fluindo, percebi o amor de irmão em suas palavras e atitudes que eram retratadas. E fiquei encantada em constatar como ele era perfeito e completava Jade nesse ponto.
Ela descobriu, também, um novo amor materno, e um amor verdadeiro, aquele que sempre sonhou: Fred. Com tantas descobertas, ela passa a aceitar seu pai e a entender os motivos de seu afastamento. E quando isso acontece, Jade tem seu mundo virado de cabeça para baixo novamente!
É tudo tão intenso do inicio ao fim. O enredo vai retratando a nova vida de Jade, sua adaptação em um novo lugar e as novas pessoas. E claro, a aceitação de seu pai, e o amor por Fred. Fiquei um pouco sentida pela autora não ter aprofundado tanto o romance de Jade com Fred, entretanto, pude perceber que o seu intuito era mostrar quantos tipos de amores podem envolver uma pessoa, e isso me encantou muito a cada página lida.
Sofri e ainda sofro de uma relação de amor e ódio com o Fred. Um cara legal, três anos mais velho que Jade, calado e misterioso, além de, como seu irmão, lindo de morrer, com aqueles olhos azuis. Jade e Du o comparam com o Damon, de The Vampire Diaries. Porém, apesar de ser mais velho que ela, suas atitudes parecem de um adolescente aprendendo a conhecer a vida, e não como um homem deveria ser. Há passagens onde é abordada a primeira vez de jade, e não consegui entender varias de suas atitudes, e isso me deixava extremamente irritada. Em alguns desses trechos, tive vontade de largar o livro por essa causa! Entretanto, em outras, como quando Jade passou por certas dificuldades, me sentia envolvida e amando Fred com as mesmas forças e possibilidades que Jade. Isso era tão confuso, e ainda é, já que nunca conheci um personagem assim!
“Eu, meu pai e meus outros amores” é narrado em primeira pessoa, muitas vezes do ponto de vista de Jade, mas vemos também pelos “olhos” de Fred, Bernardo, Duke e Isolda, seus modos de verem cada situação em relação a Jade. Dentro de suas 318 páginas, temos a percepção clara do amadurecimento de cada personagem, de como eles evoluem dentro de suas individualidades e como, juntos, realmente se tornam uma família, que cresce e se fortalece perante as dificuldades.
Outra coisa que não posso deixar de comentar é que já havia lido “A garota de treze”, que é o último livro publicado da autora Lilian Reis, e, após terminar “Eu, meu pai e meus outros amores”, que foi seu primeiro livro publicado, pude fazer a comparação da sua escrita, e fiquei impressionada com a evolução e claro seu “toque” de falar com perfeição sobre as fases da adolescência, sobre os paradigmas e conflitos que existem na cabeça da maioria das adolescentes.
Recomendo a todos os amantes de romances, aos leitores que buscam uma leitura fluida e ágil, e também aqueles que buscam um livro envolvente. Porque é isso que “Eu, meu pai e meus outros amores” proporciona: um romance de várias formas e jeitos, uma leitura rápida e envolvente.