Leandro.Bonizi 19/12/2022
https://www.skoob.com.br/livro/27780ED30183
Contos passados de geração à geração através da linguagem oral que fazem o imaginário da cultura popular. O livro retrata de situações do heroico no cotidiano, e há muita relação entre o folclore e a psicologia. Já em 1891, declarava Andrew Lang: "Se me perguntassem como e por que o Folclore difere da Antropologia, ficaria um pouco embaraçado para responder".
A narrativa é concisa, uma ação se sucede à outra rapidamente na escrita, não se detendo a imagens e descrições, e sem preocupação com estilística. São contos curtos. Compilados de gente humilde, em que muitas foram contadas por essas pessoas presencialmente para cascudo. Há notas explicando sua origem.
Tem histórias de contos de fadas que não me parecem ser brasileiras. Exemplos: Chapelinho Vermelho, A Bela e a Fera e João e Maria, O Pequeno Polegar.
Os contos são separados em 12 temas:
1. Contos de encantamento — em muitos deles eu observei uma jornada do herói reduzida.
2. Contos de lição de moral — Exemplos: não lutar contra o destino, cuidado com o que vai falar, não mentir, não acusar sem fundamento, confissão, perdão, manha (até jeitinho brasileiro" de passar a perna nos outros com astúcia), esperteza, astúcia, ambição, arrependimento, culpa. humildade, coragem, fidelidade.
3. Contos de animais — Também há o uso da astúcia para ludibriar o adversário, enganação para se salvar, não cair no mesmo erro duas vezes, demora para fazer algo, e quando vê já aconteceu muitas coisas depois, decisões erradas por medo e por superestimar o inimigo.
4. Facécias — Temas comuns são novamente a astúcia, desejo impossível, assédio, a lição que não dá para esconder algo por muito tempo, vaidade, ser de confiança.
5. Contos religiosos — Lições como "quem tudo quer, tudo perde", condena a teimosia e a desobediência, saudação a deus, amor ao dinheiro, destino, olho.
6. Contos etiológicos — Nesse há um conto extremamente racista explicado por que o negro é preto, na história é por causa de uma punição. Mas devemos lembrar que as histórias atravessaram os séculos, e a mentalidade era outra. Fala também da inveja e dados causados por ela ao invejado, castigo por desrespeito a jesus, esperteza, castigo.
7. Demônio logrado — O demônio é o protagonista, às vezes castiga, em outras é vencido.
8. Contos de adivinhação — Neles há enigmas para o herói resolver e ter a recompensa.
9. Natureza denunciante — Fala de crimes não visto por humanos que plantas e animais presenciaram e entregaram o criminoso.
10. Contos acumulativos — Temas como ser bobo e persistência.
11. Ciclo da morte — Parece dar a lição de que a gente pode enganar a morte duas vezes mas na terceira é enganado por ela.
12. Tradição — A música é dos veados, e os caçadores deles são punidos.
Luís da Câmara Cascudo (1898 — 1986) dedicou-se ao estudo da cultura brasileir, além disso foi um historiador, sociólogo, musicólogo, antropólogo, etnógrafo, folclorista, poeta, cronista, professor, advogado e jornalista brasileiro. Passou toda a sua vida em Natal. Foi professor da Faculdade de Direito de Natal, hoje Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cujo Instituto de Antropologia leva seu nome.