Resenhas - Por uma Moral da Ambigüidade

Julia 03/10/2023

"Faça o que deve, aconteça o que acontecer."
Leitura realizada para o grupo de estudos sobre a obra de Simone de Beauvoir na clínica fenomenológica-existencial.

- Se sustento a condição de liberdade do outro, sustento também a minha liberdade, já que a liberdade esbarra em nossa realidade a todo tempo.

- Só me percebo existente quando sou reconhecido no olhar do outro, já que o outro é dimensão fundamental na existência humana.

A clínica pode e deve ser espaço de abrir-se para a liberdade.

Lucas Nog 11/02/2010

Linhas gerais do "Por uma moral da ambiguidade"
Este volume comporta dois escrito da autora francesa, a saber: Por uma moral da ambiguidade (1947) e Pirro e Cinéias (1944)

Neste livro, Simone de Beauvoir vai espor sua filosofia existencialista com maestria no modo de escrever e com argumentos bem trabalhados. As abordagens versão sobre ontologia, fenomenologia (mais nas entrelinhas), moral, ética, política.

Busco abaixo dar as linhas gerais contidas no "Por uma moral da ambiguidade":


"Por uma moral da ambiguidade" é dividido em três capítulos. No primeiro, Simone de Beauvoir expõe o problema da ambiguidade da condição humana, a qual todos filósofos quiseram esconder sob forma de hierarquias. Expõe sua ontologia fenomenológica e dialóga com filósofos e romancistas afim de dar mais embasamento ao seu pensamento. Conjuntamente, trabalha a questão moral, a liberdade, o lançar-se a outrem, a transcendência do homem.

No segundo capítulo, a autora versa sobre o surgimento da subjetividade e do peso moral; da visão da criança quando descobre outrem, do seu ódio ingênuo; da descoberta das responsabilidades que a liberdade traz consigo e das fugas que o homem busca frente à angústia gerada pelo encontro com a liberdade. Neste ponto, a autora discorre sobre "tipos de homem", modos de agir para tentar fugir da liberdade, são eles: o sub-homem, o homem sério, o niilista, o aventureiro e o apaixonado. Além deste, há o crítico e o artista. Por fim, a autora, neste capítulo, diz haver uma "relação" indissolúvel entre eu e outrem, entre o sujeito e o objeto.

O terceiro capítulo é dividido em cinco tópicos: A atitude estética, Liberdade e libertação, As antinomias da ação, Presente e futuro e A ambiguidade. O primeiro tópico diz que até o momento só se tratou na obra a moral de um ponto de vista abstrato, de modo que agora a conceberá de um ponto mais concreto; critica a atitude de mera contemplação perante as coisas, os fatos históricos, atitude que ele chama de "atitude estética".

No segundo tópico, Beauvoir trata da questão da liberdade e da opressão, dos argumentos sobre a liberdade que o opressor utiliza, mostrando que ele usa apenas sofismas, dando, assim, uma melhor explicação sobre liberdade. Liberdade não é fazer o que se bem quiser, mas agir de modo que outras liberdades não sejam oprimidas.

No terceiro tópico, a autora vê o problema de que, na luta pela liberdade, há que se lutar contra a liberdade daquele que oprime a liberdade de outrem. Que a urgência da luta leva à "necessidade" que se mate aquele que se impõe contra a liberdade.

No quarto tópico, vê-se um estudo sobre a concepção de temporalidade para a autora existencialista, onde não se deve pensar um futuro em detrimento do presente, assim como não é válido viver apenas um presente sem um projeto, uma transcendência do homem para seu futuro.

Neste quinto tópico, a autora distingue uma filosofia da ambiguidade de uma filosofia do absurdo, pois enquanto esta não pode fundar moral, a outra é, segunda a autora, a única que possibilita uma moral autêntica.

Por fim, a autora conclui, entre outros, que não se deve confundir solipsismo com individualismo, pois enquanto o primeiro se refere a um isolamento do indivíduo, o segundo se refere ao poder e à liberdade que o indivíduo possui.