BeatrizFonseca1 09/04/2023
“Citações Representativas”
“(...) encorajar historiadores a colaborar com outras disciplinas como a psicologia e a sociologia na esperança de produzir o que chamava de “psicologia histórica ou produtiva” (p.14/SIEGEL/APOUND BURKER)
“ para citar um dos exemplos favoritos de Febvre um rio pode ser tratado por uma sociedade como uma barreira , mas por outra como um meio de transporte” (p.18)
suas salas de trabalho eram contiguas e as portas permaneciam abertas” ( FEVRE/APOUND PETER, 2013, p. 19)
Pretendia exercer uma liderança intectual nos campos da história social e econômica” (BURKER, p. 23)
“O primeiro número surgiu em 15 de Janeiro de 1929”(p.23)
“O mais admirável , talvez foi a capacidade de Bloch colocar no papel suas ponderadas reflexões sobre o objeto e o método , num momento de crescente isolamento e no qual suas preocupações com seus familiares , amigos e com o país atingissem uma intensidade dolorosa e trágica. (p.27)
. “O debate que existe sobre os limites da liberdade e do determinismo é um daqueles que deveram permanecer até quando a historiografia existir” (p.37)
“Após os primeiros dez minutos, eu estava conquistado, subjugado” (CHAHAUNU, 1987, p. 71/APOUND PETER, p.39).
o inicio dos anos 30 assistiu a uma explosão de interesses pelo tema veiculada sem duvida a hiperflação alemã e ao estouro das bolsas em 1929” (p.46)
“O Surgimento de uma terceira geração tornou-se cada vez mais obvio nos anos que se seguiam a 1968” (p.56)
“Dois dos mais destacados historiadores recrutados para a história das
mentalidades, no início dos anos 60, foram os medievalistas Jacques Le Goff e Georges
Duby. Le Goff, por exemplo, publicou um famoso artigo em 1960 sobre “O tempo dos
mercadores e o tempo da Igreja na Idade Média” (p.60)
“Da minha perspectiva, a mais importante contribuição dos Annales, incluindo-se as três gerações foi expandir o campo da história dos diversas áreas”(p.89)
“A historiografia jamais será a mesma” (p.89)
Texto Crítico
A Obra “A Escola dos Annales” (1929-1989) foi escrita pelo historiador inglês Peter Burker, ele nasceu em 1937 em Stanmore, suas principais obras são A Escrita da História, A Revolução Historiográfica Francesa, O que é História Cultural? e História de Teoria Social, é casado com a historiadora brasileira Maria Lucia Garcia, estudou Doutorado na universidade de Oxford.
Ele inicia o livro criticando os historiadores, sobre o fato que eles gostavam de pesquisar e escrever apenas sobre os grandes homens e acontecimentos, como guerras , enfatiza que eles são obcecados em escrever sobre a origem dos eventos, ou o “ídolo cronológico”. Os Historiadores da escola das Annales queriam quebrar paradigmas e inovar a História, Simiand por exemplo tinha a intenção de “(...) encorajar historiadores a colaborar com outras disciplinas como a psicologia e a sociologia na esperança de produzir o que chamava de “psicologia histórica ou produtiva” (p.14/SIEGEL/APOUND BURKER) Esses historiadores queriam que a História fosse mais interdisplinar .
Em 1929 na França Lucien Frebvre e o medievalista March Bloch, embora possuíssem personalidades distintas, foram muito amigos e criaram juntos a revista dos Anneles, Febvre via o conflito de classes, de forma diferenciada da de Marx, que analisava apenas a questão econômica e a estruturação de classes e ele via o aspecto econômico, os sentimentos e ideologias dos indivíduos , ele era um apaixonado por geografia e por esse motivo, publicou um estudo intitulado “La terre etI Evolution humanie” e queria que a História se comunicasse mais com essa área. Discordou de Ratazel, ao afirmar que o determinismo geográfico, não influencia completamente nas atitudes e personalidade dos seres humanos, “ para citar um dos exemplos favoritos de Febvre um rio pode ser tratado por uma sociedade como uma barreira , mas por outra como um meio de transporte” (p.18) ou seja que os elementos da natureza, podem atrapalhar ou auxiliar o ser humano depende de onde ele mora e como ele analisa o elemento. Já Bloch sofreu influencia do sociólogo Emily Durkhein, ele se especializou em História medieval, analisava a História como problema, ou seja uma ciência que deve ser discutida, questionada e problematizada. Bloch frisava que o Historiador deve entender de leis, de paleografia, e que a disciplina deveria dialogar mais com outras ciências, ele e Febvre se conheceram na universidade de Estrasburgo, começaram a conviver diariamente e foi assim que surgiu a escola dos Annales, eles eram tão amigos, que “ suas salas de trabalho eram contiguas e as portas permaneciam abertas” ( FEBVRE/APOUND PETER, 2013, p. 19) Bloch publicou o ensaio “ Les Rois Thausmaturgs” que frisava que os camponês do século XVIII possuíam a crença de que se beijasse as mãos dos rei, seriam curados de suas enfermidades, e isso de certa forma já era uma história voltada para as minorias sociais, foi um livro que teve extrema importância porque ele escolheu uma grande linha cronológica para escrever, o que foi chamado depois de “História de longa duração” e usou da psicologia para tentar explicar porque as pessoas acreditavam que as mãos do rei tinha um poder de cura, mesmo depois de ter beijado e não ter sido curado, esse livro foi um pioneiro no que viria a ser no futuro chamada de “Escola das Mentalidades”
Eles criaram A Revista das “Annales” pois “pretendia exercer uma liderança intectual nos campos da história social e econômica” (BURKER, p. 23) “O primeiro número surgiu em 15 de Janeiro de 1929”(p.23) na França. Bloch publicou a obra “La Societe Feodalé” sobre o sistema medieval, na qual se preocupou em analisar o sistema como um todo, analisou os aspectos sociais, culturais e econômicos , salientou que o Japão no Oriente , teve um sistema feudal semelhante ao europeu em alguns elementos e distintos em outros , como o fato que no europeu o camponês poderia desafiar o seu senhor.
Entre 1930 e 1940 Febrve redigiu uma série de textos, apoiando uma nova história, e criticando historiadores conservadores e neopositivistas, entretanto em 1937, uma série de historiadores jovens começaram a adotar seus ideias e defender o que ficou conhecido como “espirito dos Annales” , salientando que a História proposta por Bloch e Febvre era a melhor alternativa de modo de se fazer historiográfica no momento, a História estava se desenvolvendo muito bem, enquanto ciência, seus métodos estavam reformados , suas teorias sendo mais discutidas e ampliando os temas analisados pela historiografia, entretanto a segunda guerra mundial, veio para enfraquecer esse movimento intelectual. March Bloch, embora já estivesse com 53 anos, resolveu se alistar para defender seu país na guerra e foi fuzilado em 1944, pelos nazistas sem ter concluído seu livro mais importante “ Apologia da História ou oficio do Historiador” , o “ admirável , talvez foi a capacidade de Bloch colocar no papel suas ponderadas reflexões sobre o objeto e o método , num momento de crescente isolamento e no qual suas preocupações com seus familiares , amigos e com o país atingissem uma intensidade dolorosa e trágica. (p.27)
Enquanto Febvre não foi para o conflito armado, porque já estava muito velho para isso, ficou editando e escrevendo a Revista, primeiramente com o nome de ambos, depois apenas com seu e escrevendo livros e artigos.
Em 1947, ele criou e se tornou diretor da Seção da Ecole Pratique das Haustes Etudes , no mesmo ano , cuidou de Braudel com se fosse seu filho e os dois começaram a desenvolver o que viria a ser no futuro a escola das mentalidades, Braudel tinha apenas 27 anos quando a escola dos Annales foi fundada, por isso recebeu muito da sua influência, ele escreveu um artigo importante sobre a presença dos espanhóis no norte da África no século XVI. Pesquisou os documentos em cidades como Florença, Veneza e Genova, entretanto parou de pesquisar porque foi contratado para lecionar na Universidade de São Paulo, no Brasil, de 1935 a 1937, período que considerou como mais feliz da sua vida.
Quando retornou conheceu Febrve, começou a escrever o livro “O Mediterrâneo”, que é dividido em três partes, a primeira onde explica a relação do homem com o ambiente, a segunda as questões econômicas, e sociais e politicas e como isso interfere nas relações humanas. Braudel foi muito criticado por ser muito determinista e analisar que o ser humano está “preso” por seu ambiente físico e suas estruturas mentais. “O debate que existe sobre os limites da liberdade e do determinismo é um daqueles que deveram permanecer até quando a historiografia existir” (p.37) entretanto ele foi eficaz a escrever uma historiografia de um período cronológico de longa duração , com uma relação forte entre economia, sociedade, politica e cultura. Braudel exerceu uma forte influencia no meio acadêmico e foi um dos mais importantes historiadores franceses, que influenciou outros jovens profissionais da área, Chaunuru por exemplo ao assistir uma palestra dele sobre a América Latina salientou que “Após os primeiros dez minutos, eu estava conquistado, subjugado” (CHAHAUNU, 1987, p. 71/APOUND PETER).
Negava que apenas o sistema capitalista influencia nas origens dos fatos, como o marxismo de Marx analisa, e que outros fatores influenciam como o cultural e o social, foi ele um dos primeiros a usar gráficos e tabelas para realizar seus estudos, dando inicio a uma História quantitativa. Os pesquisadores começaram cada vez mais a usar tabelas e gráficos, para analisar questões populacionais ou econômicas, “ o inicio dos anos 30 assistiu a uma explosão de interesses pelo tema veiculada sem duvida a hiperflação alemã e ao estouro das bolsas em 1929” (p.46) esses fatores fizeram com que a história quantitativa fosse usada com mais frequência e tivesse maior importância no meio historiográfico. .
Foi nesse período que se começou a dar maior importância a Historia Regional e serial, Georges Dubby foi um dos primeiros que escreveu uma monografia, voltada para esse assunto, “O Surgimento de uma terceira geração tornou-se cada vez mais obvio nos anos que se seguiam a 1968” (p.56) deste a primeira geração até a terceira ocorreram mudanças significativas na forma de se escrever a historiografia , porque os tempos mudaram, as pessoas mudaram , as mulheres começaram a escrever história nesse período e Michèle Perrot, que pesquisou e ortografou sobre a história do trabalho , em uma perspectiva feminina , foi uma das que mais se destacou nesse período. Philippe Ariès foi um historiador que rejeitou a história quantitativa, escreveu muito a respeito da infância e da morte, o seu livro “A História da Morte no Ocidente” foi um dos mais importantes na história das mentalidades, que analisa o comportamento humano diante do momento mais triste e complexo da vida humana.
“Dois dos mais destacados historiadores recrutados para a história das mentalidades, no início dos anos 60, foram os medievalistas Jacques Le Goff e Georges Duby. Le Goff, por exemplo, publicou um famoso artigo em 1960 sobre “O tempo dos mercadores e o tempo da Igreja na Idade Média” (p.60)
A história politica, que era negligenciada e pouco usada pela dos Annales voltou a ser escrita. Le Golf observou que a história politica, é mais uma espia dorsal que sustenta a História, por isso deve ser estudada. “Da minha perspectiva, a mais importante contribuição dos Annales, incluindo-se as três gerações foi expandir o campo da história dos diversas áreas”(p.89) “ a historiografia jamais será mesma”(p.89) porque antes desse movimento a História era fechada em si mesma, não permitia ou não conseguia ter um dialogo com outras áreas, por essas e outras mudanças já salientadas ao decorrer do texto .