LAPLACE 13/12/2015Cisne - Eleonor HertzogUm veleiro de pesquisa da mais alta tecnologia, o Cisne é também o lar de Henry e Doris Melbourne, biólogos marinhos, e de seus oito filhos que, embora ainda jovens e bastante travessos, formam a tripulação do barco e ajudam os pais no trabalho do estudo da vida marinha do planeta Terra.
Contrariando o estigma de que todos os cientistas são antipáticos e não se relacionam com as demais pessoas, os Melbournes fazem uma festa em todos os portos que chegam, interagem com seus moradores, e inclusive repassam seus conhecimentos e divertem as crianças de orfanatos. Esse comportamento excêntrico não só salta aos olhos de seus colegas de profissão, mas também dos repórteres, os eternos inimigos dos cientistas, que tentam arruinar suas carreiras a todo custo.
A vida dos Melbournes está para deixar de ser pura alegria quando uma crise diplomática entre a Terra e Tarilian necessita de sua ajuda. Tarilian é um planeta vizinho habitado, com quem a Terra se relaciona, contudo há uma rivalidade entre ambos que cada vez mais prejudica as relações interplanetárias.
Em meio a essa tensão entre os dois planetas, os Melbournes precisarão evitar que essa frágil amizade se transforme em uma guerra, enquanto terão que lidar com questões envolvendo seus próprios filhos, que tornam esse problema interplanetário insignificante.
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Adquiri Cisne em uma promoção da Amazon, sem nem ler a sinopse, após receber boas recomendações. No começo não me animei muito para ler, e admito que a quantidade de páginas me desanimou, porém assim que descobri que se tratava de uma ficção científica — quando finalmente li a sinopse — fiquei louco para conhecer essa história. Procurei mais informações e a cada novidade eu ficava mais empolgado em começar logo a leitura.
Gostei bastante do universo criado pela Eleonor, o conflito entre Terra e Tarilian, achei o enredo da obra fantástico, contudo, quando comecei a leitura, toda essa minha animação se esvaiu. Algumas coisas me incomodaram muito e não consegui curtir a história tanto quanto eu esperava.
Um dos pontos que me incomodou foi a grande quantidade de personagens. Gosto de livros com muitos personagens, e imagino que a autora deve ter criado cada um deles com um propósito e não apenas para fazer volume, entretanto acredito que muitos dos que conhecemos não precisavam aparecer nesse primeiro livro — Cisne é o primeiro título da série Uma Geração, Todas as Decisões.
A meu ver, muitos dos personagens mostrados não influenciaram em nada na grande trama desse primeiro volume, serviram apenas para criarem subtramas que tornaram a leitura cansativa. Eles apareciam para debater fatos que aconteceram envolvendo a família Melbourne, e nisso tínhamos uns 3 ou 4 núcleos diferentes de pessoas falando sobre o mesmo assunto, em seguidos capítulos imensos, para no final nenhum deles adicionar nada relevante à história, apenas ficar ressaltando repetidas vezes pontos como os filhos dos Melbournes serem impossíveis e como Henry consegue tudo que quer.
Pelo que vemos fica claro que esses personagens terão um papel importante no futuro, então acho que a autora deveria ter reservado sua aparição para esse futuro. Também achei eles muito parecidos, eram como clones uns dos outros. Se tinha um garoto e uma garota em uma família, obrigatoriamente eles viviam brigando, me pareceu a mesma história em cada núcleo, só mudava o nome de cada personagem.
Também não gostei da forma como os filhos parecem mandar nos pais (não os Melbournes, mas nas outras famílias), como eles fazem o que querem e os pais não fazem muito para intervir. Vide o caso de Michele, que fica agarrada com Anton na sua cama, em seu quarto, a noite toda, e ela — apesar de não gostar — diz ao pai que vai ser assim e pronto, e o pai — obviamente achando um absurdo a filha de 15 anos ficar agarrada a um cara que eles não conhecem, e além de tudo é um ET e ninguém sabe exatamente de que planeta veio — deixa por isso mesmo.
Sobre os capítulos grandes: o Kindle já multiplica o número de páginas, então se um capítulo tem, originalmente, 20 páginas (o que eu, particularmente, já considero grande), no Kindle esse capítulo terá entre umas 50 páginas, aproximadamente. Não importa o quanto a história seja cativante, ela se torna maçante, principalmente se ficarmos presos a personagens menores que ficam debatendo o mesmo assunto várias e várias vezes.
Como é de se esperar, por se tratar de uma história de ficção científica, há muitos termos próprios criados pela autora, e por isso você precisa ficar atento a tudo. Por me cansar com a leitura, eu deixava muita coisa passar, e precisava ficar voltando as páginas constantemente para entender o que estava acontecendo e compreender o significado de algumas coisas, e uma vez cheguei até a recomeçar a leitura do zero.
Tudo isso me deixou muito frustrado, porque Cisne foi um livro muito bem recomendado, a maioria das resenhas que li transbordavam de elogios, e eu queria gostar dessa história, queria favoritá-la no Skoob, porém esses pontos que listei não permitiram que eu conseguisse desfrutar do melhor da obra, e isso realmente me incomodou e fez com que eu me sentisse como o Anton, alguém completamente fora do contexto.
O que posso dizer é que sim, a proposta de Cisne é fantástica — do meu ponto de vista — e se você não se incomodar com essas observações que fiz, com certeza irá curtir bastante a história. Até porque o final da obra promete bastante.