Bárbara 18/02/2013"Mire-se bem, porque você pode estar com os olhos vendados"Distopia, conspirações, muita ficção científica, cenas de ação cinematográficas, traições, manipulação, disputa pelo poder: está tudo incluso no pacote de Blindfolded.
A primeira impressão que tive ao ler o livro é que se parece ligeiramente com Resident Evil, mas, ao invés do T-Vírus, temos as antenas HAARP que "zumbizam" as pessoas. Além disso, também me recordei de Matrix durante a leitura, pelo fato das Personas Neuralis (os civis hipnotizados pelas ondas de controle mental HAARP) viverem imersos em uma época passada sem desconfiar de nada. Mas as leves semelhanças são somente estas.
J. Marins cria seu universo futuro num planeta divido entre o poder controlador do Governo Mundial - que manipula a população com as ondas HAARP - e a Cidade da Liberdade, governada pelo Vizir, formando o grupo "rebelde", por assim dizer, cujo objetivo é eliminar o Governo e as estações de ondas.
A estória do livro mistura ficção científica e realidade, com cenas bastante impossíveis e, às vezes, absurdas. O autor, como explica em seu apêndice no final do livro, incrustou na trama várias características simbológicas ocultas em números e letras segundo a crença dele.
Tá, agora que já falei um pouco sobre como funciona o mundo de Blindfolded, vamos falar sobre como decorre a leitura.
A estória do livro é mais sobre a conspiração por trás dos governos do que sobre uma personagem específica como a sinopse exposta no verso do livro faz parecer. Brenda Slava é uma excepcional general que luta no time da Cidade da Liberdade. J. Marins faz questão, a cada linha e cada cena de ação que a garota protagoniza, de detalhar como Brenda é perfeita fisicamente. Ele tem uma necessidade irritante de falar das pernas malhadas e delineadas e fortes e precisas da general. Completamente desnecessário e cansativo, a não que o leitor seja homem, eu imagino. Acontece que Brenda é um tipo de milagre que nunca, jamais se machuca ou se abala, como ela diz no livro, um demônio sem qualquer sentimento, capaz de destruir a Terra e não sofrer um arranhão. Isso pode até ser um pouco explicável no fim do livro, mas não me convenceu.
Outro ponto que me incomodou: onde está a alma dos personagens? Ok, sao soldados, treinados para nunca cederam à emoções, mas, Deus, ainda são humanos, ainda sentem medo. Marins, quando não relatou, falou muito superficialmente dos sentimentos. Acho que o que faltou no livro foi um pouco mais de poesia e menos de física, mais de relações afetivas e menos de óbitos confirmados. É um livro que voce lê com imparcialidade, pois o autor não consegue te emocionar, na verdade, nem tenta, o que torna a estória mais seca e menos cativante, pouco envolvente. É do tipo: fulano morre - a minha cara :/ e? não faz diferença.
Retirando esses deslizes, toda a trama foi muito bem escrita. As manipulações e traições, bem arquitetadas de modo a instigar o leitor a questionar quem, afinal, é "do bem" e quem é "do mal", contra quem lutar e para quem torcer. Marins vai além das possibilidades da ciência, criando armas praticamente mágicas para serem usadas pelos seus personagens. Mas o que mais impressiona no livro, é que os estudos e aplicações das ondas HAARP de controle mental realmente existem nos USA, o que nos leva a imaginar que a realidade da estória de Marins pode um dia realmente acontecer, para ser mais precisa, já está sendo testada. Nao sendo paranoica - como o autor mesmo diz: Nao é teoria da conspiração! - mas devemos ficar atentos ao Governo Mundial!
Recomendo o livro para aqueles que gostam de muita ação, detestam romances e curtem distopias. Além de tudo, para aqueles que têm um pouco de paciência, porque é preciso para esta leitura.