Letícia 07/07/2014
Não é porque é nacional...
Li esta história quando ainda era fanfic, e gostaria de ter muitas coisas positivas para dizer, mas não tenho.
Em meio a tantos bajuladores e aduladores, você dizer o que pensa é passível de exorcismo para os fãs. E é como dizem, quando todo mundo elogia é porque algo de errado tem, e coisas erradas não faltam em 30 dias com Camila.
Tenho que dizer que este é mais um, entre milhares de livros com um mocinho podre de rico, lindo e bom de cama, uma mocinha tímida e insegura de si e de seus sentimentos.
Começando por Camila, recentemente ela perdeu a família, portanto se encontra abalada psicologicamente e entra em uma profunda depressão, onde tem que tomar muitos remédios fortes para se controlar de impulsos perigosos. Camila tem um sentimento estranho por Edgar, e estranho porque nutre há anos esse sentimento pelo mesmo, mas nunca nem deu sinal de nada, já namorou outros, mas nunca sinalizou nada para o rapaz. E esse sentimento estranho que ela tem é tão forte a ponto de ela se imaginar fazendo sexo com Edgar em frente a outras pessoas.
Depois conhecemos Edgar, bem sucedido, tem um nome e uma carreira a zelar, e tem uma bela noiva. Da noite pro dia tudo desaba quando é apunhalado pelas costas por sua noiva, e ao longo das páginas são revelados os estranhos sentimentos que ele nutre por Camila. Estranho porque ele pensa que ela é a mulher de seu pai e porque pensa nela quando está com outras mulheres. E esse estranho sentimento faz com que ele não pense duas vezes, quando é pressionado, a levar a mulher que ele acredita ser de seu pai para a cama. Repulsivo no mínimo. Parece que estamos vendo uma outra versão da atual novela do horário nobre, aquela novela com a namorada do famoso jogador de futebol.
Algumas reviravoltas depois nos leva ao ponto onde tudo realmente começa e Camila resolve que pelo menos carnalmente ela terá Edgar, e resolve sequestra-lo. Repito: sequestrá-lo! Então ela o sequestra para 30 dias de sexo sem compromisso e sentimentos. Tudo o que uma mulher sonha ehhh... Não!
Já disse que Camila tem depressão, mas em minha opinião é muito mais do que isso, ela tem sérios problemas psicológicos que precisam ser tratados com mais atenção. Uma prova disso é que quando a mulher não consegue o que quer, tranca Edgar, nu, algemado e amarrado em um quarto escuro e coloca uma buzina fortíssima para atormentá-lo. Perturbador no mínimo!
Não que eu tenha muito mais para contar, porque basicamente a história gira em torno disso, mas vou parar por aqui.
Entendo que este é o enredo do livro, mas é um enredo muito fraco e nada convincente. Falei sobre a história em si, agora vou falar sobre o livro em si.
Em meio às chatas e insistentes propagandas em redes sociais, (propagandas essas que a própria autora do livro faz, e não os seus leitores, o que é uma propaganda negativa a meu ver, pois parece que estamos em uma feira para ver quem anuncia mais o seu peixe) o que vemos é A sendo prometido, e lemos B. O livro promete muito sexo (e me pergunto o porquê dessa nova literatura nacional ter que ser tão carregada de sexo, pelo menos 75% dela é, talvez seja para vender mais!), as cenas de sexo são fracas, impossíveis e ilógicas, porque nem mesmo o super man é capaz de fazer o que o Edgar faz, então elas são um tanto ilusionistas se quer saber.
No decorrer da leitura encontrei vários erros de ortografia, erros imperdoáveis e bobos que se tivesse sido feita uma boa revisão não estariam ali, já li livros internacionais (traduzidos claro) com erros também, mas eram bem poucos e tão insignificantes que não comprometiam a leitura e não manchavam a reputação nem do livro, nem da autora e nem da editora.
Sobre a capa, me senti desconfortável com ela. Estou me questionando o porquê da necessidade das capas serem tão sugestivas e apeladoras, nessa nova literatura nacional. Veja o exemplo da trilogia Breathless da Maya Banks, se você não o conhece não sabe do que se trata só de olhar para a capa, não vejo a necessidade das capas serem reveladoras como são, e não falo só de 30 dias com Camila, porque muitos dos novos livros nacionais as capas são de envergonhar, porque se eu quisesse ver gente seminua eu assistia à novela das 21h ou comprava uma revista própria para estes fins. Depois se perguntam o porquê da juventude atual estar tão descarada quanto ao sexo, é claro que estão, as crianças de hoje desde muito pequenas tem o sexo esfregado em suas caras diariamente, não culpo os livros e suas capas claro, mas daqui a alguns anos talvez eles sejam os culpados de uma nova geração.
Ao todo achei o livro confuso e bagunçado. Adoro quando a narração é feita em 3ª pessoa, pois a narrativa é capaz de nos fazer enxergar vários ângulos da história, mas neste caso me senti perdida, eu nunca sabia na percepção de quem eu estava, na de Camila ou de Edgar. Achei que a editora podia ter investido muito mais na revisão e nos aconselhamentos de enredo, e não apenas se preocupar em lançar o livro, pois para mim o livro foi lançado nas coxas, nas pressas ou o que for. Uma bagunça completa.
O que salvou para mim o livro foi que no inicio de cada capítulo havia um trecho de uma musica nacional (musica de verdade não o tipo de musica que somos sujeitados atualmente), e as músicas condiziam totalmente com o que o capitulo trazia para o leitor. Essa ideia foi brilhante, pontos para quem a teve!
Então não é só porque o livro é nacional que tenho que gostar, tenho exemplos de livros nacionais admiráveis desta nova literatura, assim como tenho péssimos exemplos dos internacionais.
Então no geral achei que ficou faltando muita coisa para ser um bom livro (em minha opinião) e coisas essas que eu vi e li na fanfic, mas que se perderam no livro.