Danilo Andrade 01/11/2022Um marco na minha vida como leitorUm livro que dispensa apresentações, clássico universal, revisitado em inúmeras obras artísticas, e por isso... inesgotável, multidimensional, grandioso! Queria eu, estar entediado com meus afazeres, e paulatinamente, ser capaz de construir uma obra tão prolífica, complexa, bela e imponente como Goethe fez com Fausto. Profusa em simbologias, rica em detalhes, ao mesmo tempo que seu texto corre com absurda fluidez.
Aqui o mito da humanidade moderna toma vida, e atravessa entre passos cambaleantes na busca do absoluto, agarrado à pretensão do êxtase em tocar o inefável, partindo da presunção de que tal feito seja possível... e seguimos absortos na mais profunda escuridão, tentando à todo custo tatear o incognoscível, sendo levados ao solo em numerosos tropeços, entregando a consciência (ou alma) às corruptelas de suas fabulações quiméricas e distanciadas da vida em si.
Creio que seja uma fase incipiente de nossa jornada, marcada por ingenuidade e insensatez tresloucada, e como efeito, nossa tendência seja acomodarmos a ideia que a redenção sempre está à espreita (ela há de chegar, seja uma divindade, um político ou outro ente qualquer!)... talvez por nossa constante autoindulgência que nos afasta da responsabilidade de aceitar, e assim elaborar de melhor forma o destino irremediável da vida... a morte... Sabe se lá quando e se iremos um dia aprender com nossas tragédias tão bem escritas e divinamente belas como Fausto.