Polly 09/12/2020
A Dama das Camélias: aquele drama que a gente gosta (#141)
Não sei se já contei por aqui, mas eu sou uma noveleira de carteirinha. Não posso dizer que acompanho todas as faixas diárias, mas garanto que estou sempre assistindo alguma. Por causa dessa pandemia, acabamos ficando sem novela, ou pelo menos, sem novelas inéditas, né? Assim, nós, aqui em casa, decidimos fazer uma assinatura da Globoplay. Já que era para ver novela repetida, era melhor ver as que a gente queria.
A primeira da lista foi Lado a Lado (perfeita, se nunca assistiu, assista), que tem em seu enredo um personagem chamado Diva, vivido por Maria Padilha. Diva é uma atriz de teatro que sonha em fazer dramas, mas o seu talento mesmo é para comédias. Sua maior aspiração é fazer Marguerite Gautier e, assim, ela o faz. Mas, Diva nasceu para riso e faz de A Dama das Camélias a maior comédia que o Rio de Janeiro já tinha presenciado, mesmo sem nenhuma intenção. E de tanto se falar na história de Marguerite Gautier e Armand Duval na novela, eu precisei ler o livro.
Escrito por Alexandre Dumas Filho, A Dama das Camélias transforma em ficção a história de amor proibido vivida pelo próprio escritor. Quando eu ainda estava nos primeiros capítulos, achei a Marguerite uma abusada interesseira e o Armand um playboyzinho dramático demais. Mas, a história se passa no século XIX, no auge do Romantismo, não dava para esperar por outra coisa. O drama e o exagero estava na moda, afinal, e A Dama das Camélias é fruto de seu tempo.
Entretanto, essa primeira impressão fica só nos primeiros capítulos, sobretudo quanto a sua protagonista. Marguerite nos mostra uma nobreza de espírito e uma capacidade de amar espetaculares. Marguerite é digna do mais puro amor, embora a sociedade ache que não. Armand é meio dramático, “exagerado jogado aos teus pés”, sim, mas ele até que tem a sua redenção, ainda que tarde demais, já que a nossa dama das camélias inicia o livro morta. Sua paixão por Armand assinala seu fim e é isso o que o narrador quer nos contar: como o amor proibido de uma cortesã foi ao mesmo tempo seu fim e sua glória.
Marguerite quer a chance que a vida nunca lhe deu: ter dignidade, ser amada pelo seu eu. Marguerite, sempre de mãos dadas com a morte, quer viver um grande amor para ter um motivo para viver. Mas as convenções sociais não irão deixar e ela descobrirá que tem, sim, algo maior do que o Amor: as aparências.
A Dama das Camélias é romântico, dramático, exagerado, mas cheio de discussões importantes, cheio de críticas às “coisas como elas são”. Só sei que vale muito a pena se entregar a sua leitura, que é curta e, a despeito do tempo em que foi escrita, de fácil entendimento. Não deixe de ler, não. Não é por acaso que A Dama das Camélias é um clássico. Confie em mim.