Resenhas - True Blood

@fabio_entre.livros 01/04/2018

De Bon Temps a Nova Orleans
Esta é a minha primeira experiência com quadrinhos em inglês (na verdade, é a primeira leitura de modo generalizado que faço nesse idioma), e no que depender do meu amor e saudosismo doentios à série True Blood, provavelmente não será a última. Eu já sabia que havia uma série de quadrinhos inspirada no universo do programa, mas que infelizmente não foi publicada no Brasil, o que obriga o fãs a ir em busca dos originais mesmo. Afora esse inconveniente, é uma ótima leitura para quem já está familiarizado com o seriado de TV, pois faz diversas referências a situações ocorridas ao longo das temporadas. Essas HQs compõem minisséries e é nessa categoria que "The French Quarter" se situa.
Dividida em seis partes, esta minissérie acompanha o trio Sookie-Eric-Bill em uma viagem a Nova Orleans, onde se passa a maior parte da ação. Eric convoca Sookie para ajudar a identificar e capturar o misterioso e sádico ente que está exterminando descontroladamente os vampiros da cidade. Mesmo Nova Orleans estando fora da sua "jurisdição", Eric tem uma razão para se envolver nessa caçada: ao que tudo indica, o ser em questão é Guerra, um vampiro tão antigo quanto Godric, já enfrentado e aparentemente destruído por Eric e seu criador na França do século XVIII.
A história faz referência à fase em que Eric foi enfeitiçado e perdeu a memória, o que situa a trama parcialmente após os eventos da 4ª temporada da série, embora aqui Bill não seja rei nem haja qualquer menção à Autoridade. Isso não é um problema, se levarmos em consideração que os quadrinhos têm os mesmos personagens e se passam no mesmo universo, mas não seguem necessariamente a ordem estabelecida na série. Seja como for, Eric continua arrastando sua asa vampiresca para Sookie, às vezes com o descaramento que tinha até a 3ª temporada; outras vezes, com a ingenuidade que teve durante a amnésia.
Achei muito interessante a representação da Sookie nessa história; mesmo acompanhada dos seus "ex-amores", ela tem personalidade forte, um verdadeiro girl power que vai além da sua identidade de fada, não fazendo o típico papel de donzela indefesa que precisa ser salva a todo instante. Aliás, mesmo quem só conhece a série, deve lembrar que na maioria das situações em que ela se envolve com vampiros, são estes últimos que são "salvos" por ela. Em relação ao romance, ela é enérgica ao dar um chega-pra-lá "igualitário" a Eric e Bill.
Por falar em Bill, é muito interessante a reviravolta no clímax da história; ele fica meio que de escanteio durante a maior parte da trama, dividindo-se entre procurar pistas sobre o assassino e vigiar Sookie (para impedir que ela e Eric se reaproximem). Entretanto, no final uma revelação deixa evidente que o passado dele com Lorena (sua criadora) tem importância fundamental na compreensão da encrenca em que estão metidos.
De um modo geral, "The French Quarter" foi uma leitura recompensadora: a história é muito bem estruturada, tendo espaço também para Bon Temps/Shreveport, onde uma nova aliança acaba de se firmar: Pam e Lafayette. É um tanto inusitado, mas de certa forma foi algo que eu sempre esperei que acontecesse na série. Obviamente, como no programa, a HQ é inadequada para o público infanto-juvenil, devido à sua linguagem e temáticas adultas: nenhum problema para os fãs.