Aione 04/11/2015No Escuro chamou minha atenção desde seu lançamento, em 2013, tanto por sua sinopse intrigante quanto por suas recomendações mais do que positivas. Agora, ao finalmente ter tido a oportunidade de lê-lo, pude constatar todo seu renome.
O livro traz a história de Catherine em dois diferentes momentos de sua vida: o atual, em 2008, e o passado, em 2003, ano no qual os acontecimentos por ela vividos desencadearam sua vida presente. Em capítulos intercalados entre passado e presente, sempre em primeira pessoa, acompanhamos duas Catherines praticamente opostas. A atual sofre de TOC e síndrome do pânico, amedrontada por conta do relacionamento abusivo que viveu e da agressão por ela sofrida em decorrência de tal relacionamento. A Catherine de 2003, por sua vez, é desinibida e feliz, aproveitando sua vida de solteira, e temos, aos poucos, as modificações passadas por ela ao conhecer Lee – aquele que viria a ser seu agressor.
Como logo no início da trama temos a transcrição do julgamento de Lee, ocorrido em 2005, sabemos que Catherine foi agredida por ele. Porém, o que Elizabeth Hayes faz é nos mostrar a forma de como isso acaba por acontecer, permitindo que o leitor, acima de tudo, compreenda a posição da protagonista – algo extremamente importante principalmente com relação a essa temática. Assim, Catherine representa milhares de outras mulheres que, infelizmente, se encontram ou já se encontraram em situações semelhantes, e muitas vezes julgadas por se “permitirem” viver dessa maneira. O que a autora faz é justamente quebrar essa visão, demonstrando o quão complicada é a questão da violência contra a mulher e dos relacionamentos abusivos. E a narrativa atual da protagonista não é menos angustiante. Encarar todas as dificuldade que ela ainda enfrenta e conhecer os traumas deixados por seu passado é, no mínimo, aterrorizante.
Conforme os acontecimentos atuais se desenvolvem, vamos nos perguntando o quanto eles são reais e o quanto são frutos dos medos de Catherine, comprovando, assim, a força desse thriller psicológico, que cumpre muitíssmo bem seu papel no gênero. Embora, de certa forma, alguns desenrolares tenham sido previsíveis, achei o desenvolvimento da trama como um todo bastante satisfatório, além de ter me envolvido muito com a leitura e ter me sentido compelida a avançar nela.
De modo geral, a leitura de No Escuro foi válida não só por sua qualidade como thriller psicológico, mas principalmente pelo assunto nele abordado. Uma leitura, mais do que viciante, extremamente marcante e digna de atenção no contexto da violência contra a mulher.
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