Fernanda M. 04/01/2022
Metáforas
A sensível habilidade de encontrar a metáfora certa, para declarar o que se pensa através da poesia, foi plenamente compreendida por Mario Jiménez.
Um homem simples com sua bicicleta, vagando pela pequena ilha chilena, emprega-se na agência dos correios, com a tarefa magnífica de entregar cartas e correspondências para nada mais, nada menos, que Pablo Neruda.
O que se põe após a obrigação diária é uma relação de amizade construída pedra à pedra pelas mãos destes dois homens que entendiam a entediante arte de viver, cada um à seu modo, distintamente.
Quando Mario descobre a poesia de Neruda e as "Odes elementares", cientificamente imerge nas suas entranhas, a paixão o adoece.
Beatriz.
A mulher que produziu um incomensurável amor em Dante, foi também capaz, com seu sorriso, de inebriar o jovem carteiro.
Este amor rendeu-lhes um pequeno raio que atingiu a todos naqueles anos em que Pablo já não habitava a ilha, e nos quais Mario arrastava-se a sustentar a família e os tormentos diários de uma vida nada original.
Um encontro tão magnífico, escrito de forma tão doce, pincelou em mim, cores frias e em tons pastéis, como quando o céu se torna azul e cinza e tudo em volta parece desbotar vagarosamente, deixando um suave cheiro de maresia, com lembranças que preenchem as folhas do meu caderno.