Priscila.Pieper 25/03/2020
O DETETIVE DE FLORIANÓPOLIS
Originalmente publicados no jornal O Estado, o livro que teve sua primeira edição em 1983, conta com a reunião de 31 contos e crônicas que tratam da vida de Tive, o primeiro D. T. Tive particular de Florianópolis, como é conhecido.
Indo totalmente na contramão do estilo policial clássico, em que os crimes são apresentados em primeiro plano, O Detetive De Florianópolis utiliza as investigações e crimes apenas como pretexto. O enredo principal fica por conta da história de Domingos, um típico manezinho que, encontrando as dificuldades, monta seus esquemas para sobreviver. “Desempregado, endividado, nervoso, aporrinhado à beça, Domingos Tertuliano Tive abriu a janela de sua quitinete e escarrou em Florianópolis” (P.11)
Escrito de forma maestral e com alguns traços realistas, o autor nos faz lidar com uma mente turbulenta, incessante e por diversas vezes, bem confusa. A priori, o personagem nos remete à Macunaíma, o famoso herói sem caráter de Mário de Andrade, no entanto, com o passar do tempo, vamos conhecendo Tive mais profundamente e nos afeiçoamos de tal forma que, é impossível terminar a leitura e não o chamar de herói da ilha.
Investigando os crimes mais bizarros, inimagináveis e excêntricos, como a morte do lebréu russo, a morte do lobisomem de Saco Grande e os dólares de Chapecó, acompanhamos, com muitas risadas e humor negro, o desenvolvimento do personagem, que de desempregado passa a um ganhador de fortunas.
O Detetive De Florianópolis é daquelas leituras bem humoradas e afiadas que nos faz perder as horas, mas que infelizmente, é pouco conhecida. Um pouco aquém do esperado pelo título, é um livro ideal para quem gosta de leveza e fantasia, já que ela lida com muitas crendices locais.
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