A Escrita da História

A Escrita da História Michel de Certeau




Resenhas - A Escrita da História


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@bibliotecagrimoria 14/12/2021

Leitura difícil
Certeau trabalha muito bem a relação de alteridade no estudo da História.
Sua preocupação com a questão de como um indivíduo interpreta o outro a partir das próprias referências permeiam a obra, que encontra (para mim) o ápice dessa análise quando o autor exemplifica os casos das possessões demoníacas das freiras de Loudun.
A última parte da obra, que trata de Freud, no entanto, é uma das obras mais difíceis que já li. Requer atenção e, principalmente, conhecimento da bibliografia freudiana analisada.
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Ariadne 01/12/2021

Excelente livro
Excelente livro para se estudar a teoria da história apesar de ser bastante denso. O ideal seria fazer não somente uma leitura atenta como também fazer anotações e comentários sobre ela.

Michel de Certeau foi um dos grandes historiadores do século XX e merece muito ser lido.
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Carla.Parreira 30/09/2023

Michel de Certeau - A Escrita da História
...A escrita não fala do passado senão para enterrá-lo. Ela é um túmulo no duplo sentido de que, através do mesmo texto, ela honra e elimina... a escrita caminha entre a blasfêmia e a curiosidade, entre aquilo que elimina, constituindo-o como passado e aquilo que organiza do presente, entre a privação ou a desapropriação postulada pela normatividade social que ela impõe ao leitor, à sua revelia... o bom uso da Escritura é mais importante do que a sua verdade... escrita faz a história...
O que nós chamamos de historia não é senão um relato. Tudo começa com a vitrina de uma lenda, que dispõe objetos, curiosos na ordem em que é necessário lê-los...
Somos levados a crer naquilo que lisonjeia nossos desejos e nossas ilusões. Mendigos de fabulações. Assim resta apenas a possibilidade de trabalhar no elemento da representação, de praticar o quem-perde-ganha com a mentira. Passa-se do fictício a ficção quando se sabe jogar o Jogo da mentira... a que tem a consciência de faltar, (a tradição perdida), a que rejeita, para criar uma lenda ou para esquecê-la, a que fala delamesma, reinterpretando seu passado, quer dizer, seu outro (o que não é mais)... Jean-Jacques Rousseau designa a mutação que se completou quando escreve a Voltaire: ?o dogma não é nada, a moral é tudo... a moral prevalece sobre a fé... porque quase toda a moral é de natureza imutável e permanecerá por toda a eternidade, enquanto a fé não mais subsistirá e será transformada em convicção...?
Posteriormente o autor descreve que a divisão das igrejas e religiões desagregou o principio e a estrutura da base da Idade Média. A pluralização dos sistemas cria um novo espaço social donde a heresia se torna alteridade ao se insinuar ao lado da lei comum. Essa divisão ocasionou incertezas sendo o grande problema da época: ?...De Montaigne a Pascal a reflexão é invadida pela duvida que faz nascer à pluralidade. Vejo muitas religiões contrárias e, portanto, todas falsas...? escreveu Pascal...
Através destes deslocamentos a religião começa a ser percebida do exterior. Ela é classificada na categoria do costume, ou na das contingências históricas...
Ateísmo, feitiçaria, mística: estes três fenômenos sincrônicos traduzem igualmente o fato de que as Igrejas se tornam inaptas para prover referencia integrativas a vida social...
A analise critica da religião, desde então, tem o sentido de ser uma tarefa ética...?
Para o autor ?...a cultura se elabora lá onde se constrói o poder de fazer a historia e se opõe as regiões sociais que estabelece na inércia de uma espécie de Natureza originaria, passiva e intangível... A razão tem seu próprio tesouro guardado no povo e inscrito na história.... O costume não é apenas um fato, é um instrumento: uma sociedade adquire, por aí, o poder de se aperfeiçoar indefinidamente, de agir sobre si mesma, de modificar sua natureza, de se construir...?
Para mim essas são sábias palavras. Se assim não fosse ninguém evoluiria. ?...Esta é a historia. Um jogo da vida e da morte prossegue no calmo desdobramento de um relato, ressurgência e denegação da origem, desvelamento de um passado morto e resultado de uma pratica presente..."
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