jota 20/06/2015Um "Castello" de crônicasSábados Inquietos traz crônicas literárias de José Castello publicadas aos sábados em O Globo entre janeiro de 2007 e março de 2012. Foram mais de duas centenas nesse tempo e as selecionadas aqui são as cem melhores segundo ele. Não tratam apenas de lançamentos ou reedições de livros; falam também de autores, acontecimentos literários, preferências, referências etc.
Nenhuma crônica é muito longa (em média cada uma tem cerca de três páginas, por aí), são todas fáceis de ler, estão quase que distribuídas igualmente entre poesia e prosa. E foi isso que me fez não apreciar tanto assim a obra, tanto destaque para poetas e poemas.
Parodiando o William Faulkner de Palmeiras Selvagens, entre a poesia e a prosa, escolho a prosa. Nada contra os grandes poetas e os grandes poemas, claro, nacionais ou estrangeiros não importa. Mas Castello parece fazer a defesa de todos os poetas, mesmo quando eles dizem coisas absolutamente sem graça, profundidade ou encantamento. E daí tentar nos convencer que merecem nossa leitura atenta.
Sobre os livros de ficção (prosa) ou autores acerca dos quais escreve, mesmo aqueles que não li ou jamais lerei, sempre existe algo a aprender, notar ou admirar, alguma coisa que acaba nos interessando enfim. Do mesmo modo como às vezes é interessante aquilo que Castello diz sobre si mesmo, tanto que uma das melhores frases do livro, entre tantas citações, é dele e me agrada reproduzi-la agora:
“Quanto mais leio, menos sei. Em vez de nos tornar mais sábios, a leitura nos dá a dimensão de nossa ignorância.” Eu sentia (sinto) essa sensação incômoda sempre que terminava (termino) de ler um grande livro e conforta saber que outros leitores também sentem o mesmo. E até alguns especialistas em literatura.
Lido entre 11 e 20/06/2015.