Oliveira 09/09/2013
Blog | Literatura: Um Mundo Para Poucos - Laryssa
"Herdeiro da Névoa", de Raquel Pagno, em realidade remete ao nome apenas no contexto de poeta, pois sua história é vem mais profunda, contada de maneira exemplar, porém, infelizmente breve.
A narrativa da Raquel é incrível, permite que entremos no mundo que criou e possamos digerir os detalhes. De maneira opor vezes direta e outras poética, garante que não percamos detalhes do mistério do enredo.
E dito isso, aconselho a todos não lerem a sinopse, caso ainda não o tenham feito. Sinto que a emoção teria sido bem maior se eu já não tivesse ideia dos motivos de confusões acontecidas nos primeiros capítulos.
O mais estranho é que em livros narrados em primeira pessoa, temos a tendência a criar laços e entender a personagem principal. Nem preciso comentar, já pelo tom da frase anterior, que com "Herdeiro da Névoa" não foi assim.
Inácio, ou como ele vem a ser chamado durante o livro, não é cativante e sim dramático. É possível sentir sua angustia e ver quando realmente se esforça a pensar, porém, sua disposição para enganos e acreditar em quem quer, fez dele um ser irritante.
O que remete aos outros. Não sei se fui apenas eu, mas ao fim do livro, senti como se a autora tivesse tido a necessidade de fazer de certas personagens inocentes, quebrando certo encanto da trama. Ou talvez isso seja coisa da minha e eu sim, fui enfeitiçada pelos demais.
O real problema que cercou o livro foi à falta de desenvolvimento, ou melhor, dizendo, a rapidez dele. Com a escrita que a autora te e a quantidade de "pano para manga", o livro poderia ser bem maior, com mais aprofundamento nos sentimentos dos personagens e acima de tudo, poderia ter desenvolvido mais as razões e até mesmo ações conseguintes da trama.
O caso é que o enredo, o qual não vou resumir, é fascinante por um lado e confuso por outro. Voltando ao fato do livro ser narrado por François (quem leu entenderá a contrariedade de minhas afirmações), algumas coisas acontecem e ficam embaralhadas aos nossos olhos após alguns dizeres, porém, misteriosamente, a personagem não parece achar estranho dormir com alguém e depois descobrir que ela morreu.
Claro que como todo bom livro, quebramos a cara no decorrer e fim, pois como muitos outros, ele lança pistas faltas e nos permite ter conclusões precipitadas, para depois ficarmos de queixo caído perante toda a reviravolta.
E é aí que se encontra o ponto forte desta história. Quando acabei de lê-la, peguei-me pensando: "como diabos ela pensou nisso?". Nada é o que parece ser, e apesar e acostumados com gêneros cujas tramas envolvam pistas, ele segue um padrão que estou a chamar de mudança de foco.
Não posso explicar porque, afinal de contas isso seria spoiler do final. Apenas o que digo é que ao contrário de livros que assim se constituem, ele não decepciona e é exatamente no fator sobrenatural que ele encontrará um fim por deveras satisfatório, por mais que simples racional e real.
O real problema que cercou o livro foi à falta de desenvolvimento, ou melhor, dizendo, a rapidez dele. Com a escrita que a autora te e a quantidade de "pano para manga", o livro poderia ser bem maior, com mais aprofundamento nos sentimentos dos personagens e acima de tudo, poderia ter desenvolvido mais as razões e até mesmo ações conseguintes da trama.
Recomendo "Herdeiro da Névoa"? Sim, para aqueles que estão cansados de ler livros cujos "bandidos" já se mostram para nossas acostumadas mentes desde o principio e para todos que dispensam clichês e procuram assim, algo em que se apegar.
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