regifreitas 09/12/2021
84 CHARING CROSS ROAD (1971); e a 2ª parte, A DUQUESA DE BLOOMSBURY (The Duchess of Bloomsbury Street, 1973), de Helene Hanff; tradução Raymundo de Araújo.
Ainda adolescente, vi na tevê o filme baseado nesta obra. Posteriormente acho que até cheguei a revê-lo, em alguma madrugada, numa das poucas vezes que foi reprisado na tevê aberta. Na época eu nem sabia que o roteiro da obra cinematográfica tinha sua origem em um livro, muito menos que o livro era um relato autobiográfico. Só vim a tomar conhecimento desses fatos muito tempo depois.
Desde então vinha procurando pela obra original, mas as edições eram raras de se encontrar, e, quando achava alguma disponível, o preço era sempre abusivo. Creio que no Brasil a tiragem original foi bem limitada, e praticamente não houve reedições depois da primeira. Grande mancada das editoras, pois é uma obra bastante comentada e desejada por muitos leitores. Acho que uma nova edição seria um ótimo negócio para qualquer uma delas que se dispusesse a colocar novamente o livro em circulação.
Então, em outubro de 2021, me chega às mãos esta preciosidade! Presente da minha amiga Marta, de Salvador. A Marta é daqueles surpresas que os livros me trouxeram. Uma amiga querida, conhecida por meio do Skoob, e com quem travo sempre discussões riquíssimas há anos. Sou muito grato por sua amizade, atenção e carinho durante esses anos todos!
E como não poderia deixar de ser, o livro é maravilhoso! Daqueles que dão um quentinho no coração - expressão ?roubada? da própria Marta. A sinopse é simples: trata-se de uma troca de correspondências entre a escritora Helene Hanff, de Nova York, e uma livraria de Londres, a Marks & Co. - cujo endereço dá o título original à obra -, representada principalmente por um de seus funcionários, Frank Doel. Iniciada no final dos anos 1940, essa troca de cartas duraria cerca de vinte anos. À princípio de caráter comercial, os textos vão ficando cada vez mais pessoais à medida que vai surgindo um vínculo de amizade entre Helene e Frank.
Esta edição também traz, em sua segunda parte, uma espécie de diário de Helene, relatando a realização do sonho de finalmente conhecer Londres, o que foi possível somente no início dos anos 1970. Gostei igualmente dessa parte. Helene tem uma personalidade ranzinza mas bem-humorada, que dá um toque todo especial ao texto.
Para completar, revi o filme. E ele continua cativante, além de muito bom enquanto produção cinematográfica. Ambos podem até não ser clássicos nem da literatura nem do cinema, mas são obras que trazem um deleite especial para qualquer amante dos livros e das boas histórias!
Se só um ponto ponto negativo pode ser ressaltado, ele diz respeito à tradução do título para o português. É muito ruim; não capta em nada a essência das obras, tanto do filme como do livro.