Beatriz B. 13/10/2013A premissa do livro é incrível e os personagens são envolventes, mas desapontou no início. A história demora para prender, se resume em mesmice por páginas a fio e quando "andava" um pouco, o excesso de detalhes sobre a nova situação entediava.A Trama: Depois de um prólogo confuso, o livro começa alternando entre o cotidiano dos protagonistas, Nicole e Astarte. Ambos vivem em mundos bem diferentes... literalmente. Nicole achava que cursando uma faculdade no exterior estaria bem longe de seu passado e da cidade natal, até receber uma carta do banco dizendo que perderia o apartamento e a bolsa de estudos e teria que sair do país com dívidas. Sem alternativa, volta para o único lugar que conhece, Santo Ossário, uma cidade fictícia mais envolvida com magia do que seus cidadãos imaginam. Enquanto deixa sua antiga casa habitável (pois quando tinha quatro anos de idade um sinistro incidente destruiu a mansão), Nicole conhece Felix, um mercenário que parece ser a única opção de amigo disponível. As poucas empresas existentes na cidade pertencem à família Strauss, tratados como realeza pelos cidadãos. O que ninguém suspeita é de seu envolvimento com culto à Rainha Titânia, citada como "A Rainha da Beleza", uma elfa sanguinária e cruel que se alimenta de sacrifícios. Porém seus planos não têm funcionado. Seu filho, Astarte, ao invés de unir-se a ela para matar os humanos, decide salvar a raça inferior, começando por ajudar Nicole.
Enquanto isso, a narrativa também acompanha o elfo Astarte. Ele treina a "arte élfica", com direito a muita filosofia profunda, em Arcádia, um mundo bem diferente da Terra. Entretanto, há um segredo importantíssimo em volta dele e algumas coisas começam a fazem sentido depois dessa revelação.
A trama é repleta de mistérios até o desastroso encontro dos protagonistas e para mim o clímax começou a partir desse ponto. Porém, depois da metade do livro, senti o ritmo ficar corrido, como se o autor quisesse se apressar, gerando furos na trama que dão um ar irreal, e não de fantasia. Quando tudo se acalma, volta o excesso de informações. Para compensar, as cenas de combate são sangrentas e pude visualizar bem as descrições, mesmo que o resultado de narrar muitas batalhas ao mesmo tempo tenha sido falho.
*Nota: Durante a narrativa, o autor explica um pouco sobre o que é a arte élfica e como tudo é movido por algo. É um conceito complicado e boa parte do livro foi de explicações sobre isso. A língua dos elfos em O Código Élfico é a mesma criada por Tolkien, o Quenya, mas Leonel transcrevia apenas a tradução direta.*
Os Protagonistas: Nicole foi ideal. Ela não desejava ser a heroína, assim como não queria ser o símbolo das conspirações, então ao invés de ficar lamentando, simplesmente seguia em frente. O autor entendeu que há um abismo entre "opinião formada" e "cabeça dura e teimosa". Nicole tem medos e recaídas, assim como pontos fortes, algo bem diferente de "coragem heroica e cega". Ao longo do livro, ela passa por uma jornada de autoconhecimento, amadurece, aprende a se importar com as pessoas e a enxergar o potencial por trás do rótulo de “Princesa das Lendas Urbanas”.
A primeira imagem que tive com a descrição do elfo Astarte foi Legolas de Senhor dos Anéis, mas isso me ajudou a imaginar os outros elfos citados, já que não há descrição da aparência deles e mesmo que seja óbvio, eu espera isso de um livro onde o autor faz questão detalhar quase tudo. Enfim, Astarte sabe muito bem qual sua "missão" e não dá uma de Sou a última esperança do mundo por causa disso. Achei interessante descobrir seu passado, totalmente diferente do que esperava. A escolha que ele toma, para a infelicidade de Arcádia e sorte dos humanos pode parecer spoiler, mas o maior divertimento do livro é o que ela acarreta.
Eu gostei de o autor não fazer da paixão dos dois protagonistas o ponto principal e sim só mais um detalhe, porém a forma como tudo é “criado”, instantâneo e óbvio, não me convenceu. Em suma, ambos os protagonistas contaram pontos positivos, pois mesmo perdidos e conturbados, se dedicaram em descobrir os planos dos cultistas ao invés de desperdiçar tempo com conflitos internos que não levariam a lugar nenhum.
Os Personagens Secundários: São tantos personagens que se eu fosse citá-los a lista seria infinita, mas são três os mais importantes.
Félix deu mais humor à trama. No começo, ele parecia apenas mais um fã obcecado por Nicole, mas depois conhecemos melhor seu passado, qual sua visão do mundo e motivos para buscar vingança, me fazendo vê-lo de uma maneira mais tangível e classificá-lo como importantíssimo no livro.
Agora os vilões! No começo, Emanuel Montague era apenas um dos muitos personagens “ocupando espaço”, mas ele foi subindo de cargo e o meu nível de compreensão da sua vilania também. Emanuel desde pequeno é tão manipulador que fez uma cidade inteira o ver como exemplo e com admiração. Entretanto, por trás de todo esse carisma, Emanuel brinca com a mente das pessoas, como se todos fossem peças de jogo, além de ser responsável pelas cenas de luta mais agonizantes!
Já Salomão Manzisi foi considerado o último Dragão na época em que sua filha Nicole era pequena, porém o resultado da derrota acabou com sua vida, mas não com sua fama ou espírito assassino. Salomão acreditava que a Rainha falava com ele através de detalhes aleatórios, portanto sempre caçou mensagens subliminares em tudo e novas vítimas para praticar sacrifícios e cultos à Rainha na própria casa.
Capa, Diagramação e Escrita: As cores mórbidas da capa e seu interior
combinam com a história, estranha e anormal, no melhor sentido. Não me atrairia numa livraria, mas seu tamanho contorna isso. A diagramação está muito boa, as letras são maiores que o habitual e ocupam boa parte da página. Um arco e flecha é a divisão na mudança de foco na narrativa. No geral, Leonel faz várias comparações com uma trama de horror clássico hollywoodiano, talvez porque seu livro se assemelha a uma em vários aspectos e ele quis fazer um humor por cima disso. Não nego que foi uma leitura difícil, mas quando conseguiu me prender, analisei melhor a escrita do autor e falo com sinceridade que Caldela escreve muito bem quando não exagera na minuciosidade das descrições e merece palmas por fazer bons personagens. O que mais me fixou na leitura foram os seus diálogos, pois percebi diferenças no modo de falar dos personagens.
Concluindo: Gostei da inovação da mitologia sobre os elfos, pois geralmente são serem pacíficos, mas neste livro eles usam sua artilharia para um propósito cruel e sanguinário. Eu não achei o final satisfatório. Depois de encarar um tijolo desses, o livro tinha de ter um final, mesmo havendo possibilidades de uma continuação, porém o autor encerra o volume sem definir nada, não é exatamente um gancho, eu achei que ficou muito vago. O livro tinha potencial, mas apenas perto do fim me envolvi realmente e esse foi o maior ponto fraco: os detalhes se estendem demais, muitos deles são desnecessários e alguns não convenceram.