Ericona 11/10/2014
Essa não é uma história sobre um gato qualquer. É sobre um Gato com 'g' maiúsculo. Essa é a história de Bob. De James e Bob. O livro é narrado em primeira pessoa, pelo próprio James Bowen. James nos conta, ao longo das 240 páginas, a sua história e de como a sua vida foi transformada após conhecer o seu melhor amigo Bob.
A história de James, antes da chegada de Bob, é um tanto cinzenta e amarga. James passou muito tempo morando nas ruas, sem perspectiva de dias melhores, preso ao vício da heroína. Até que se sentiu estafado, depois de muitos problemas tanto por ser morador de rua quanto por ser um dependente químico, e resolveu procurar ajuda. James encontrou Bob em 2007, em frente a um dos apartamentos do prédio em que morava de aluguel, o qual pagava com as suas apresentações musicais nas ruas de Londres. James estava em processo de reabilitação. Bob encantou James à primeira vista. Assim que James visualizou um vívido par de olhos verdes na penumbra do corredor do prédio e, quando chegou mais perto, percebeu que se tratava de um gato, seu coração foi tocado e, ali mesmo, nascia uma das amizades felinas mais bonitas do mundo.
James investigou de todas as maneiras e por todos cantos possíveis se Bob tinha um(a) dono(a). Não tinha. James, buscando se equilibrar na corda bamba que era a sua vida, pensou duas vezes em deixar Bob em sua vida. Não por não gostar de Bob. Não, definitivamente não. A dúvida de James se devia justamente pelo medo de não conseguir cuidar de Bob de uma maneira correta e digna, já ele viveu sozinho durante boa parte da sua vida, vivendo do jeito que dava, sem se preocupar muito. Ele seria capaz de cuidar daquele gato e, ao mesmo tempo, se manter longe das drogas e de problemas? Ele aceitou o desafio. Foi a melhor coisa que ele poderia ter feito na vida.
Bob é um gato fora do normal. Um gato extraordinário, James afirma. Com Bob, James passou a viver realmente. Bob foi de fundamental importância para que James se mantivesse firme em sua luta pessoal contra a heroína. Graças ao apoio do laranjinha, James se manteve longe de problemas. Bob, mesmo sem dizer uma palavra, passava muita energia positiva e força a James. Sabe aquela fidelidade incomparável que só os animais parecem ter? Eles são mais humanos do que nós, humanos, em muitas vezes. Quantas vezes nos importamos com quem chamamos de amigos? Quando digo nos importar, é nos importar de fato. É estar ao lado de quem dizemos amar nas horas mais urgentes e difíceis. Ainda que não se tenha palavras de conforto a dizer, estar ao lado de quem gostamos e gosta de nós é essencial para aquecer tanto o nosso coração como o de quem recebe esse gesto de carinho. A amizade é uma das coisas mais puras dessa vida. O poder do amor e da amizade é inenarrável, embora todas as tentativas de narrá-lo sejam lindas. Uma das provas é essa amizade felina tão linda de James e Bob. Esse gatinho laranja, de olhar penetrante e esperto, tirou James do mundo da tristeza, da solidão e do vício e o levou para o mundo melhor, no qual ele pôde visualizar tudo de bom que antes uma espécie de neblina teimosa escondia. James não tinha um bom relacionamento com a sua família. Mal dava notícia aos seus familiares. Bob, de modo especial, uniu Bob aos seus entes queridos. Bob reparou o coração sofrido e machucado de James. Bob se mostrou a dose de alegria diária de alegria e amor de James.
Pelas descrições que James faz de Bob, o laranjinha é mesmo um gato fora de série. Diverti-me e suspirei com cada fofura e ato inusitado que Bob costuma fazer. Um gato inteligentíssimo e extremamente adorável. Quando conhecemos Bob, ainda que mediante as páginas de um livro, nos encantamos por ele. Então, fico aqui imaginando a emoção e o contentamento de quem teve a chance de vê-lo pessoalmente e tirar fotografias dele/e com ele pelas ruas de Londres.
Quando fechei o livro de James e Bob, o que passei a desejar fortemente foi: que o mundo conheça a história dessa amizade tão bonita e inspiradora (e olha que esse meu desejo está quase se realizando: Bob é conhecido por muitas partes desse mundo). Eu nunca tive um amigo assim. Porém, depois do contato que tive com quatro felinas numa viagem que fiz ao Rio de Janeiro há duas semanas, confesso que fiquei louquinha de vontade de ter um amigo(a) felino(a). É diferente de tudo que já conheci na vida. É um carinho especial, doce e puro. Pessoas como James são extremamente sortudas por terem amigos de quatro patas.
A diagramação é simples, mas bonita. As patinhas no início e no meio dos capítulos são mimosas. A capa, óbvio, é muito linda porque tem esse gato lindo estampado nela. A leitura flui bem. Em alguns pontos há ação e um tanto de adrenalina (Bob danadinho, matando James do coração! *risos*)
Esse é um livro para quem adora gatos, claro, mas também para quem quer ler uma história linda de superação, amor e amizade.
James e Bob, que vocês possam vivenciar vários e vários lindos momentos! Continuem a inspirar pessoas! Tocar o coração de pessoas, de modo inconsciente ou indireto, é uma das coisas mais sublimes dessa vida.
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