none 30/08/2018
A paixão de Sacco & Vanzetti, o título original é coeso e condizente com o ocorrido
Senhor cidadão
Senhor cidadão
Me diga por quê
Me diga por quê
Você anda tão triste?
Tão triste
Não pode ter nenhum amigo
Senhor cidadão
Na briga eterna do teu mundo
Senhor cidadão
Tem que ferir ou ser ferido
Senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
Que vida amarga
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição?
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantas mortes no peito
Com quantas mortes no peito
Se faz a seriedade?
Senhor cidadão
Senhor cidadão
Eu e você
Eu e você
Temos coisas até parecidas
Parecidas
Por exemplo, nossos dentes
Senhor cidadão
Da mesma cor, do mesmo barro
Senhor cidadão
Enquanto os meus guardam sorrisos
Senhor cidadão
Os teus não sabem senão morder
Que vida amarga
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição?
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Se a tesoura do cabelo
Se a tesoura do cabelo
Também corta a crueldade
Senhor cidadão
Senhor cidadão
Me diga por quê
Me diga por quê
Me diga por quê
Me diga por quê
- Tom Zé
Terminava o livro aguardando ser atendido pelo médico, faltando duas páginas para concluir sou interrompido pelo atendente pois era hora da minha consulta. O médico, depois de ler os exames perguntou para quem eu votaria. Eu, aqui preocupado com minha osteoporose aos 40 anos, com minha bursite, com minha tireoidite sou obrigado a dar minha opinião para o assunto do momento. Não culpo o médico de uma sociedade doente. No período entre-guerras onde ainda se falava em sindicatos anarquistas, que lutavam com o povo e pelo povo, Sacco e Vanzetti foram sim mártires de sua causa, há muito tempo esquecida e colocada no esquecimento pela Nação Zumbi da Liberdade e da Democracia (vulgo EUA) e pelas demais nações ocultadas por tradições cristalizadas, patriotismos, nacionalismos, separatismos e outros ismos. A causa da verdadeira liberdade está escrita em vermelho e negro, nas estórias e histórias da própria Bíblia, nos textos de John Donne (Os sinos dobram para você), nos escritos de Bakunin, Krishnamurti, Pier Paolo Pasolini, Howard Zinn, Huxley, Whitman, Orwell, e tantos e tantos outros. Sacco e Vanzetti morreram eletrocutados por seus ideais, Spartacus e tantos de seu tempo foram crucificados na Via Apia, assim como Jesus Cristo. Pena que pessoas influentes usem essas mortes, a morte de Sócrates, ia me esquecendo, para destruir aquilo que essas pessoas tanto lutaram para conseguir para os demais. A mumificação ou zumbificação da humanidade em torno do autoritarismo destruiu nossa maior virtude. Compaixão.