spoiler visualizarAninha 16/01/2024
20 MIL LÉGUAS SUBMARINAS
Esse livro foi escolhido para ser o primeiro do ano do meu desafio de leitura ?40 clássicos antes dos 40 anos?. Foi adquirido no Sebinho em Brasília e é uma edição especial, com texto integral, comentada e ilustrada, o que facilitou um pouco a compreensão da leitura, que, em diversos momentos, torna-se relativamente arrastada pelos detalhes técnicos presentes nas narrativas do professor Aronnax.
O livro, publicado em 1870, conta a história do professor Aronnax, de seu amigo e seguidor Conselho e do arpoador de baleias, Ned Land. Os três vão parar acidentalmente à bordo do submarino Náutilos após o insucesso do navio Abraham Lincoln na caça ao ?narval?.
O ano era 1866, quando boatos de um monstro marinho que agitava os mares do mundo e assolava navios e embarcações ganhou força. Os relatos variavam e não chegavam a um consenso no que diz respeito ao tamanho, velocidade e natureza do animal, mas, de tão numerosos e frequentes os relatos espalhados pelos mares, uma comoção mundial, a fim de resolver o mistério, não pode ser evitada.
A bordo da fragata Abraham Lincoln, sob a direção do Comandante Farragut, os três homens embarcaram na caçada, cada um com seus propósitos específicos. Já desanimados após algumas semanas sem o menor sinal do animal, foi nos mares do Japão que a primeira aparição deu início a uma perseguição incansável por parte da fragata, mas que, após tentar atacar o narval, terminou com a debandada sem rumo da fragata, mas, não sem antes, ter lançado ao mar e deixar à deriva o professor Aronnax, Conselho e Ned Land, que foram parar na ?carapaça? do cetáceo.
Logo ao primeiro contato com o material metálico que formava a estrutura metálica do Náutilos, os homens perceberam tratar-se não de um animal marinho de tamanhos colossais ou um monstro, mas, de um submarino. Sem outra possibilidade de sobrevivência, se viram obrigados a tentar fazer contato com os tripulantes da embarcação. Ao serem notados, foram levados por oito homens, mascarados, para uma espécie de cela no interior da embarcação, Os três ali ficaram, por um tempo, com suas conjecturas e hipóteses sobre o que o futuro os reservava.
Após terem suas histórias e identidades confirmadas pelo capitão do navio, alguns esclarecimentos e apresentados foram feitas. A embarcação se chamava Náutilus e tratava-se de um submarino cujas partes foram montadas em diferentes lugares do mundo, para que não fossem geradas suspeitas. Seu capitão, Nemo, era um homem que havia cortado contato com o mundo externo e fazia daquele meio de locomoção, seu lar. O homem das águas. E, deixou claro ao recebe-los como ?hospedes? que pretendia manter a salvo o segredo sobre sua empreitada. Ou seja, caso desejassem sobreviver, os três homens deveriam submeter-se, a partir daquele momento, à dinâmica e às regras do Náutilo e de seu capitão.
Nos sete meses e meio de duração da viagem, e nas 20 mil milhas submarinas percorridas, revezando ora entre a superfície, ora sobre as profundezas dos mares, os tripulantes lidaram com todo tipo de conhecimento e vivências. Além de se depararem com infinitas espécies, classes e subclasses de seres vivos marinhos (fauna e flora), pelos quais o professor Aronnax e Conselho ficaram extraordinariamente encantados, caçaram baleias e cachalotes, tiveram contato e foram perseguidos por selvagens, batalharam contra um exército de polvos de tamanho e tentáculos colossais, testemunharam a formação de uma pérola gigante no interior de uma caverna, ficaram presos e quase morreram sem ar ao tentarem sair do Polo Norte, se depararam com diversos naufrágios ? alguns recentes e outros já pertencentes à história, desvendaram a lenda de Atlanta ? o Continente Perdido, e degustaram todo tipo de gastronomia que os mares poderiam oferecer ao seus paladares.
O comportamento de cada um dos personagens foi diferente durante o livro. O capitão Nemo manteve sua identidade, melancolia eos reais motivos que o levaram a cortar relações com o mundo em terra até o fim, não sendo esclarecidos ao final do livro, embora o autor tenha dado algumas pistas durante a leitura de sua frustração e desejo de vingança pelos homens que lhe tiram tudo, inclusive a família.
O professor Aronnax e Conselho eram, de certa forma, gratos pela experiência que de nenhuma outra forma poderia ter vivenciado, entretanto, não nutriam um desejo desesperados de se verem livre da hospitalidade do capitão, embora concordassem que, em algum momento, algo precisava ser feito. Diferente do arpoador Ned Lend, que, desde o início, manteve firme e convicta sua necessidade de abandonar o submarino e retornar a sua vida, nem que para isso precisasse tomar medidas drásticas.
A fuga acontece no momento exato em que o Náutilos é atingido pelo fenômeno conhecido como Maelstrom, um turbilhão que carrega tudo ao seu redor para um abismo no fundo do oceano, do qual, de posse do escaler do submarino, os três homens conseguem escapar com vida, salvos por pescadores.
A história, tão cheia de detalhes técnicos, mas, cuidadosamente elaborados a ponto de não se tornarem maçantes ? e em alguns momentos até poéticos ? no seu desenvolvimento, termina levando junto com o Náutilus diversos mistérios e acontecimentos não esclarecidos, assim como a identidade do Capitão Nemo, cuja últimas palavras: ?- Deus todo-poderoso. Basta! Basta!? possa indicar que o capitão tenha, enfim, cedido aos caprichos dos mares.