Douglas MCT 26/06/2010
"Vá então. Há outros mundos além deste."
[sem spoilers]
A Torre Negra (The Dark Tower no original) é uma série de sete livros (totalizando mais de 5 mil páginas) do escritor Stephen King, que conta a história de Roland de Gilead, o último pistoleiro remanescente de um mundo que segundo ele "seguiu adiante".
Roland está em busca da "torre negra", o principal eixo de sustentação do tempo e espaço. Graças a forças exteriores a torre vem se deteriorando, e esse é o principal motivo da decadência em que o mundo de Roland se encontra. Ele pretende chegar a torre e de alguma forma parar ou reverter esse processo, salvando assim seu mundo e muitos outros da destruição total.
Para criar a obra, Stephen King baseou-se no mundo imaginário de J.R.R Tolkien (Senhos dos anéis, Silmarilion, O Hobbit etc) e no poema épico "Child Roland, a Torre Negra chegou", de Robert Browning, incrementando a obra com pitadas (muitas, diga-se de passagem) de lendas arturianas e faroeste (Sergio Leone se orgulharia), além das diversas referências a cultura pop e metalinguagem, um verdadeiro mosaico da cultura popular contemporânea.
O primeiro volume (O Pistoleiro) foi publicado originalmente, pela primeira vez, em cinco partes, na revista de ficção científica "The Magazine of Fantasy and Science Fiction", de 1978 a 1981, e em seguida foi relançado em forma de livro em 1982. Em seguida veio: "A Escolha dos Três" (The Drawing of the Three, 1987), "As Terras Devastadas" (The "Waste Lands", 1991), "Mago e Vidro" (Wizard and Glass, 1997), "Lobos de Calla" (Wolves of the Calla, 2003), "Canção de Susannah" (Song of Susannah, 2004) e por último: "A Torre Negra" (The Dark Tower, 2004).
Na ordem, a data de publicação de todos os volumes de “A Torre Negra” no Brasil é: O Pistoleiro, vol I - 27/10/2004; A Escolha dos Três, vol II - 27/10/2004; Terras Devastadas, vol III - 20/04/2005; Mago e Vidro, vol IV - 22/09/2005; Lobos de Calla, vol V - 9/02/2006; Canção de Suzannah, vol VI - 20/07/2006; e A Torre Negra, vol VII - 18/04/2007.
A primeira versão de “O Pistoleiro” tinha cerca de 9 mil palavras (135 páginas) a menos do que a versão finalizada, que foi revisada e lançada novamente em 2003. Nessa versão foram incluídos inúmeros outros detalhes (como o prefácio sobre a importância do numero 19, por exemplo) para que o romance ficasse mais consistente e condizente com os outros.
Stephen King levou 33 anos para concluir a série, entre os anos de 1970 e 2003. A obra só veio a ser lançada no Brasil a partir de 2004.
Após o famoso acidente em 1999 com uma van que o atropelou, King percebeu a necessidade que tinha de acabar o romance de Roland e seus amigos, e em 2001 voltou a trabalhar nos últimos 3 volumes dos livros da saga.
Curiosidade: “Halloween” e “O Iluminado” são citados na página 206. “Star Wars” e “A rosa Púrpura do Cairo” na página 207 deste primeiro livro.
"O homem de preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás".
A estranheza domina o plot do começo ao fim e tudo nesse sentido funciona muito bem. Cenário árido, vazio. A solidão impera.
Roland, apesar de limitado na mente e objetivo em demasia nos atos -- quase todos questionáveis -- é um protagonista de carisma peculiar.
Há um senhor misterioso, um passado fragmentado e sombrio... E uma cidade destinada a ruína. É o primeiro pecado do pistoleiro, de outros vários. Ele faz, mas há hesitação.
Pouco se poupa em termos de qualquer coisa na trama: personagens, narrativa, 'viagens' do autor, enrolação... e vida. Mas é coeso.
O homem de preto, antagonista do livro, também serve de mestre, guia. Ele é responsável pelo 'road' do começo ao fim deste primeiro volume.
Todo o início até o meio, a história flui como um bom filme de suspense, com estranhezas e mortes a lote. Delícia de se ler.
Do meio para o final o tom muda um bocado. Surge a compaixão e a obsessão não cessa. A trama já está estabelecida e segue sem medo.
A parte do subterrâneo é a única chata e longa demais, quase desnecessária. Mas é nesta que surge o clímax, a tensão final, para uma resolução... inesperada.
Os backgrounds da história se encaixam bem, em todos os momentos. Passado fragmentado, revelador, instigante. Ele te envolve.
A escrita de King é arrebatadora, deliciosa.
O desfecho é propositalmente previsível, mas há ali um anti-clímax para surtir o efeito inesperado. E ainda sim, surpreende.
Não que o fator surpresa seja importante para o todo, mas te pega quando você menos cogita e te joga de ponta cabeça. É impressionante.
Ótimo livro. Aperta o coração, deixa a boca com gosto de sangue, e a sensação de solidão aumenta. Dizem que é o "mais fraco" dos 7 livros que compõe a saga.
Que bom!