Ivi 06/09/2014
A Coisa Terrível Que Aconteceu a Barnaby Brocket
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 36º livro lido em 2014 e foi A COISA TERRÍVEL QUE ACONTECEU COM BARNABY BROCKET (John Boyne). Mais um do John Boyne Ívi? E eu respondo: SIIIIIIIIIMMMMM!!! Mas vou poupar você daquele meu discurso pronto que ele é o meu autor favorito e dele eu leio qualquer coisa!!!
O livro nos traz Barnaby Brocket, um garoto australiano que é diferente de todos os garotos que ele conhece e na verdade, ele nunca soube, nem nos livros fantásticos que ele já leu, que exista algum outro garoto igual à ele no mundo. Barnaby flutua. Isso mesmo, ele voa, ele não consegue manter os pés no chão por mais que poucos segundos e então, se não existe alguma coisa para segurá-lo, ele sai flutuando pelo céu. Isso seria muito interessante para um garoto, praticamente um mega poder de super herói se não fosse por um pequeno detalhe: os pais de Barbany, Alistair e Eleanor odeiam o fato do filho não ser "normal". Tanto o pai como a mãe de Barnaby vivem em uma completa obsessão por nomalidade. Eles querem ser uma família tranquila, sem chamar a atenção, sem sair dos padrões e infelizmente o filho caçula não consegue fazer isso. Barnaby gostaria muito também de ser igual a maioria dos meninos de sua idade, apenas para agradar os pais, mas ele não sabe com manter os pés no chão. Algumas coisas são feitas para que Barnaby se aproxime da normalidade como usar sapatos de ferro ou uma mochila com areia, mas quando ele não está com estes acessórios, ele flutua.
Então uma coisa terrível acontece com Barnaby e em função deste acontecimento grande parte da narrativa se desdobra: Barnaby então segue em uma aventura maravilhosa pelo mundo. Ele flutua pelo céu até bater a cabeça em um balão e vai parar no Brasil. (adorei essa parte). E aí é o ponto de partida para uma viagem ao redor do mundo e em todos os lugares, Barnaby tem a oportunidade de conhecer pessoas incríveis, algumas adoráveis e outras odiosas, mas que fazem Barnaby amadurecer e durante toda a viagem , tudo o que Barnaby deseja é voltar para Sidney, a cidade que ele considera ser a mais magnífica do mundo e voltar para a sua família.
O livro mesmo pertencendo ao gênero infanto-juvenil, traz uma reflexão muito séria sobre a questão de ser diferente. O livro discorre discretamente sobre o fato das pessoas não se sentirem confortáveis com aquilo que elas não conhecem e desta forma, acabam desenvolvendo preconceitos absurdos. O autor apesar de construir uma história com características infantis, ele aborda a questão de uma forma muito bem feita e é impossível não amar Barnaby do começo ao fim e desejar que ele encontre o seu lugar no mundo, mas além disso, desejar que as diferenças não diminuam o valor que ele tem enquanto ser humano.
Durante a viagem de Barnaby, conhecemos pessoas que sofreram de alguma forma por não se adequarem aos padrões que foram estabelecidos por outras pessoas e ainda que seja surreal o fato de um garoto flutuar, o livro aborda questões muito próximas a nossa realidade e isso fez com que eu me conectasse facilmente com a narrativa.
O livro ainda possui ilustrações fofas produzidas pelo artista Oliver Jeffers. Desenhos sem grande sofisticação, mas intensamente ligados à história. Mais que isso, eu senti em cada ilustração que se alguma criança estivesse lendo esta história e desejasse desenhar algo sobre ela, seus desenhos seriam muito parecidos com o do artista. Isso me deixou encantada.
O livro tem um desfecho lindo e quando eu terminei de ler, estava completamente satisfeita com a solução que Barnaby encontrou para a sua realidade.
Super recomendo a leitura para todo e qualquer tipo de leitor. Acredito inclusive que seria uma leitura muito apropriada para pré adolescentes para que uma discussão séria sobre aceitação fosse levantada. O livro é uma excelente sugestão para que o assunto seja discutido de forma leve mas incisiva.
Talvez esse não seja uma boa indicação para quem ainda não conhece a obra do John Boyne. Mas se você já teve algum contato com a inteligência que este autor tem para administrar as palavras dentro de uma história, tenho certeza que você irá adorar a leitura.
É possível, sabe, vagar até um mundo desconhecido e lá descobrir felicidade. Talvez mais felicidade do que você já tenha conhecido. página 78