Rachel 04/07/2021
Eu queria que mais gente lesse e comentasse sobre esse livro; é o meu maior desejo após a conclusão dessa leitura. O livro é um relato de uma parte da vida da autora, desde a infância até a vida adulta. O modo como é muito bem mesclado os conflitos internos e externos da vida da Wei foi o que eu mais gostei no livro. Não é porque o país que você mora está passando por um momento complicadíssimo que suas questões pessoais desaparecem e também não é uma história em que o contexto histórico é só um mero detalhe e o romance é o grande foco. É muito interessante ler um livro que tem como grande lição o fato de que a vida não para (algo que conforme vamos vivendo isso fica dolorosamente óbvio). Não existe um tempo para você se curar ou resolver um problema específico da sua vida, as coisas continuam acontecendo apesar do que estamos sentindo e vivendo e é mais louco ainda quando questões externas interferem na nossa vida pessoal. Muitas vezes nos mudam para sempre. Além de não termos controle sobre tudo, a vida é muito imprevisível, ela não tem roteiro. Quando nos indignamos com alguma coisa, queremos mudar isso e quando se é jovem, pensa-se que tudo é possível, que a determinação, a persistência, a coragem bastam. Mas existem mãos muito maiores controlando tudo e percebemos quão pequenos nós somos. E quando a luta representa perigo às nossas vidas e às vidas de quem amamos, precisamos fazer escolhas difíceis, mudar as rotas, nos adaptar, ainda que isso nos deixe frustrados. Aprendemos a nos virar no meio do caminho, a abrir mão de sonhos, enquanto isso a vida vai seguindo sem parar, seguindo seu fluxo. A vida se resolve trazendo resultados que não eram o que esperávamos.
Parece que estou dizendo que o livro é desesperançoso. Porém, é muito pelo contrário, é muito importante lutar pelo que acreditamos e é mostrado como esse sentimento de querer mudar o mundo à sua volta vai crescendo e criando raízes na Wei. Mas ele é sobre uma história real e a realidade é crua, nos damos conta que o inimigo é muito maior do que imaginávamos e que às vezes nós o subestimamos. Então, como experiência pessoal, ele foi um livro reflexivo, tanto nas questões sociopolíticas, quanto nas questões pessoais da autora daquela época de sua vida, como por exemplo, ficamos protelando certas atitudes porque temos vários questionamentos e incertezas do futuro e deixamos para depois, mas o depois pode ser tarde demais. É lógico que precisamos ter cuidado com as decisões nas nossas vidas. Mas o tempo passa rápido e depois não adianta nos arrependermos porque não tem como voltar atrás.
Fica aqui minha indicação desse livro incrível que além de trazer essas reflexões que eu citei anteriormente, trata sobre a época do Massacre da Praça da Paz Celestial em Pequim, na China, um momento da história que não é tão comentado quanto tantos outros momentos históricos que existem milhares de livros, documentários, entrevistas, etc.