Marques 23/07/2022
Devo dizer primeiramente que não sou especialista em literatura clássica, não sou historiador e não tenho pretensão alguma de calçar as sandálias de qualquer autoridade no assunto.
Isto posto, adianto que o trabalho da editora Martins Fontes, bem como a tradução de Adriane Duarte é primorosa, principalmente se comparado com alguns trabalhos que vi que tentam atualizar peças do comediógrafo ateniense com jargões e personalidades contemporâneas da política nacional. Um ultraje, ao meu ver.
A Comédia de Aristófanes é, como dizem, uma excelente fonte de informações e insights sobre o cotidiano da pólis grega da época, com seu humor ácido e provocativo, o comediógrafo não poupava elogios e críticas a quem os merecessem, sejam eles políticos, filósofos, sofistas ou personalidades de Atenas e outras cidades.
É natural que nessas duas peças em específico surjam aqueles que queriam tratar da temática sob a ótica atual, cometendo o crasso erro anacrônico de associar a preponderância feminina com algum tipo de proto-feminismo. Contudo, a peça deve ser tratada com toda a reverência e dignidade que merece, mantendo seu formato e a intenção autoral de Aristófanes.
Recomendo, óbvio, a todos aqueles curiosos pela Antiguidade e pelas raízes da dramaturgia.