Augusto Jr. 14/09/2013
Terror e Adrenalina Sobre Duas Rodas!
"A Tribo" é um conto curto, mas traz o que há de melhor de Stephen King e de seu filho Joe Hill: Terror de nos tirar o fôlego. Mas o que temos aqui é um conto de terror latente que nos leva acreditar na loucura de um psicopata, mas que na verdade espelha uma vingança que termina nos fazendo concordar que fora aceitável.
Quem já viu o filme "Encurralado/Duel" do Steven Spielberg, vai achar a história de "A Tribo" um pouco parecida. Digamos que King e Hill fizeram um remake, fora adicionado motos e mais caras, mas aquele clima de perseguição é o mesmo.
A história do livro envolve um grupo de motoqueiros - cujo o nome do "bando" é "A Tribo", liderados por Vince Adamson, ex-fuzileiro que serviu no Vietnã. - que após cometerem um crime brutal (matando um casal por motivos até óbvios) seguem livres pelas auto-estradas dos Estados Unidos, até que resolvem parar em um restaurante de beira de estrada, com um pátio cheio de caminhões. Mas é aí que tudo vai começar. Pai e filho, Vince e Race discutem sobre qual rota tomar, e Race deixa escapar algumas coisas do crime brutal no ar, sem saber que em dos caminhões teria um cara ouvindo. Na lateral do caminhão está escrito "Laughlin". Um fato curioso é que quem gosta de grupos de motoqueiros - eu, por exemplo. - vai lembrar daquela briga entre Mongols e Hells Angels em Laughlin, no estado de Nevada. E, o mais curioso ainda é que a briga ocorreu em um cassino de nome Harrah's Laughlin Casino. Talvez King e Hill tenham usado o nome como inspiração.
Falando novamente do livro:
A partir daí a história se resumirá em uma perseguição eletrizante, fazendo com que o nosso fôlego se perca a cada página. Mas o que prende a nossa leitura é o "por quê" de Laughlin está matando os membros da A Tribo. Ele seria um psicopata? A resposta só teremos no final. O mais impressionante é a mudança de sentimentos que teremos em relação ao caminhoneiro. (Não vou estragar sua leitura com Spoilers, leia!)
O livro também mostra um conflito de relacionamento entre pai e filho, Vince e Race são de fato os personagens mais importantes da história, por mais que Lemmy - curti o nome, pois sou fã de Motörhead - resista até às últimas páginas. Você percebe que eles falam da velhice, da falta de respeito dos mais jovens com os mais velhos. Segue o diálogo entre Vince e Lemmy, o último diálogo do livro:
– Não, o cheiro não me incomoda. É o mesmo do Vietnã.
Vince assentiu.
– Me lembra os velhos tempos – continuou Lemmy. – Quando a gente era quase tão veloz quanto achava que era.
Vince voltou a concordar.
– Viver na boa...
– Ou morrer dando risada. É isso aí.
Outra coisa que vamos perceber é que os autores mencionam o Vietnã e gírias de ex-fuzileiros, mas a explicação pra isso é que os grupos de motoqueiros dos Estados Unidos começaram a surgir logo que a guerra do Vietnã acabou. A maioria voltava perturbado, e uma forma de ter adrenalina era pilotando motos e usando ácidos (drogas). Há um documentário que fala sobre isso, do qual não recordo o nome, mas vi no History (não lembro se foi no History, mas acho que foi!).
Por mais que seja um livro curto, um conto, vale a pena comprar o e-book e tê-lo em sua coleção. Recomendo! Pai e filho, os melhores.
Pra finalizar, deixo aqui uma frase clássica dos Hells Angels: "When we do something right nobody remembers, when we do something wrong nobody forgets".