Reccanello 21/11/2023Neste livro, o autor tenta nos transportar para a Roma do século XVI, quando o apenas estudante de medicina Guido Sinibaldi é convocado para desvendar uma série de assassinatos brutais que assolam a cidade, desencadeando uma sequência de eventos perturbadores. Ainda que a ideia geral e a ambientação histórica sejam boas, a narrativa rapidamente revela notáveis semelhanças com as obras de Sherlock Holmes, tanto na dinâmica entre os personagens quanto na trama de mistério: já desde seu início, percebem-se ecos de tons de Conan Doyle, com o protagonista se assemelhando notavelmente a um Dr. Watson em suas funções narrativas. Da mesma forma, a relação de Guido com seu mentor, Leonardo Da Vinci, evoca inevitáveis comparações com a de Holmes e Watson, deixando pouco espaço para originalidade no desenvolvimento dos personagens. Mais que isso, a trama centrada em uma série de crimes brutais se revela estranhamente reminiscente de muitas histórias clássicas de Sherlock Holmes. Infelizmente, e apesar das semelhanças, o livro não consegue escapar da sombra do grande detetive britânico, resultando em uma experiência que, em vez de inovar, parece imitar de maneira desfavorável. Noutro giro, e de maneira ainda mais evidente, a obra também se aventura no terreno familiar de "O Nome da Rosa" de Umberto Eco, introduzindo elementos de conflito entre a Igreja e um pensador renascentista. No entanto, enquanto Eco teceu uma trama complexa e profunda que explorava história, teologia, filosofia e heresia, a abordagem de Prévost parece simplista e carece da mesma profundidade. Embora presentes, os conflitos entre Da Vinci e a Igreja não se equiparam à maestria com que Eco incorporou temas mais amplos e eruditos em sua narrativa. Adicionalmente, a tentativa do autor de criar um ambiente histórico autêntico muitas vezes se perde em meio a diálogos que, ao invés de transportar o leitor para o século XVI, parecem forçados e artificiais. Em suma, o livro não consegue escapar de suas influências literárias, resultando em uma narrativa que se assemelha mais a uma imitação do que a uma obra verdadeiramente inovadora, com resultados aquém das expectativas e deixando os leitores com uma sensação de déjà vu e a busca por uma originalidade que, lamentavelmente, não é alcançada.