Eduars 17/07/2009
A ética protestante e o espírito do capitalismo
Tese fundamental na área de ciências socias, embora, infelizmente, muitos lêem a tese de Weber sem antes entender o contexto da teologia calvinista, o ambiente político da renascença e, principalmente, as quebras de paradigmas teológicos.
Primeiro devemos compreender que mudanças lentas, mas graduais começam na Idade Média: o intelectual escolástico começa a ceder lugar para o moralista humanista, as Artes Liberais e Artes Mecânicas começam a se entrelaçar, por exemplo: temos Mchelangelo se ocupando das duas artes ou, ainda, Da Vinci. Por isso o trabalho manual aos poucos vai deixando de ser considerado depreciativo, relegado aos servos - vale lembrar que a etimologia da palavra "trabalho" é "tripalium" correspondente a um instrumento de tortura. Para uma maior compreensão sobre tudo isso a leitura de medievalistas, tais como: Marc Bloch e Jacques Le Goff é indispensável.
A Reforma Protestante de Lutero contribuirá significativamente para que o trabalho manual seja visto como dom de Deus, ou seja, o trabalho digno, seja qual for, deve ser feito para a honra e glória de Deus.
No entanto, nessa época ainda não podemos associar a ética protestante do trabalho com o "espírito capitalista". Calvino com sua Obra "As Institutas da Fé Cristã" irá dar significativa contribuição, todavia, sua teologia da predestinação não menciona os sinais externos dessa eleição, ou seja, para Calvino na eleição divina não existe sinal aparente, tudo é um mistério e os amadurecidos espiritualmente cogitam até mesmo a possibilidade de não serem escolhidos.
Portanto, onde começa a nitida associação entre ética trabalhista e capitalismo? Começa com o Catecismo de Westminter no século XVII. Nesse Catecismo fica evidente que o sinal externo para os eleitos é a prosperidade financeira, logo, o trabalho deixa de ser apenas um meio para o louvor e a glória de Deus, mas também uma tábua de salvação para que se adquira dinheiro, lucro etc., e que isso culmine com a certeza, por parte do fiel, da salvação.
Portanto, julgo que a tese de Weber deve ser lida acompanhada de todos os recursos históricos e teológicos e não somente pelo campo das ciências sociais.