Dentro de ti ver o mar

Dentro de ti ver o mar Inês Pedrosa




Resenhas - Dentro de ti ver o mar


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Jeniifferksouzza 30/03/2020

Amo os livros de Inês Pedrosa, a forma como as histórias fluem, a escrita...

" A vida das pessoas parecia resumir-se à companhia; tudo estaria bem desde que ninguém estivesse sozinho. A solidão tornava-se um estigma social pior do que o envelhecimento. "
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Geórgia 01/07/2020

Identidade
"A procura da identidade, das raízes, das origens, era incentivada no campo da cultura e da sociedade e arrecada das conversas no que te referia à experiência individual."

Segundo a própria autora, essa é a temática da narrativa.

Confesso que me decepcionou um pouco essa leitura. Li "Nas tuas mãos" e fiquei encantada com a escrita de Ines Pedrosa, por isso vim com altas expectativas. No entanto, não deixa de ser uma leitura agradável. Gostaria de ter visto mais das personagens Farimah e Mandela. É isso.
Boa leitura!
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Joy 20/08/2023

Mulheres distintas que vão vivendo suas vidas e se encontram em Lisboa. Acompanhadas pelo fado, a narrativa centra-se em Rosa Cabral e o amor que sente por Gabriel Santos, um dono de livraria casado, que realiza conquistas amorosas mas sequer cogita a ideia de divorciar-se.
A partir de Rosa conhecemos outras mulheres, Eva, Luísa, Fernanda e Fharimah, mulheres distintas que compreendem e vivem a vida de maneiras completamente diferentes, mas que se unem pelo amor que sente umas pelas outras.
Esse foi o primeiro livro de Inês Pedrosa que tive a oportunidade de ler e me encantei pela maneira que a autora escreve, vez ou outra permitindo que o narrador converse com o leitor. É interessante a maneira que a narrativa nos convida a pensar sobre a constituição da identidade, sobre as questões de gênero, as maneiras que uma pessoa percebe o que é amar e como se permite lidar com seus sentimentos.
Uma leitura muito boa.
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Olgashion 24/05/2022

Entrar dentro de ti e dentro de ti ver o mar. Com essa frase dita por uma personagem tão asquerosa temos um livro tão delicado e tão bonito, retratando a vida de algumas mulheres. Como sempre no começo eu me senti meio ressabiada com a leitura mas depois gostei bastante
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Jacqueline 03/06/2014

A coragem é um modo de viver e não um conjunto de decisões

"Rosa não queria entender a desistência como forma
de amor. Se o amor existia tanto na coragem como
na cobardia, na entrega como na abstinência,na
palavra como no silêncio, não valia nada, não
acrescentava nada, acabava por se um elemento
neutro."

O livro promete mais do que cumpre. As personagens femininas são interessantes , mas pouco desenvolvidas. Ainda que Rosa continuasse sendo a protagonista, havia muitos desdobramentos possíveis para Farimah (uma iraniana que se casa com um ativista de direitos humanas soropositivo – que vê nessa situação a possibilidade de empreender a maior ação em prol da liberdade que poderia vislumbrar - para fugir do Irã), Luísa, Eva e Teresa.

A personagem de Gabriel também é pouco crível. Tudo bem que somos um poço de contradições e temos milhares de ambiguidades, mas alguém que tivesse tanto contato com a literatura como ele, dono de uma livraria, teria um horizonte de referências e expectativas um pouco mais ampliado do que mostram suas concepções de gênero e de casamento. Bastava que tivesse lido Madame Bovary para perceber outras camadas na vida.

De resto, como central temos a narrativa da vivência de um caso de amor fora do casamento e da busca pelo pai biológico que em um dado momento da história se cruzam.

Desde sempre, Gabriel diz que não vai se separar (e que nunca foi apaixonado por Rosa) e Rosa se alimentava dessa recusa – “habituou-se de tal modo à espera que começou a saborear a ausência” -, não sem sofrer, mas encontrava ali uma forte fonte de inspiração para seus fados. Projeta nessa impossibilidade, tudo o que queria de um homem e de uma relação, algo muito distante do que Gabriel e uma relação com ele pudesse dar. (Evidentemente que nossas relações são atravessadas por nossos desejos, projeções etc., mas seria possível contrapormos nossas percepções com um pouco do “real” (ou com outras percepções), algo como tomarmos um distanciamento para vermos o outro e o quanto podemos admirá-lo (ou não), amá-lo (ou não), compreender suas fraquezas - sem que isso nos ameace e que tentemos desesperadamente supri-las? Isso talvez nos ajudasse a discriminar que relações valem a pena na vida e que relações não valem.)

A língua não ajuda na descrição do que vive o casal de protagonistas: no português de Portugal não há meio termo: ou as pessoas fodem ou fazem amor. Eles desconhecem o termo “transar”. Excesso de puritanismo? Como diferenciar uma relação com uma mulher da vida com uma amante? Tudo parece errado e parecer estar no domínio da foda, que provavelmente não deve caber em uma relação conjugal.
De resto, há boas passagens sobre o amor, que ajudam a gente a entender o que acontece entre o fim e o esquecimento:

“O amor nasce num alçapão do tempo, desfaz-se quanto aterra com brusquidão sobre o tempo, mas só morre quando o tempo acaba de o desmembrar e devorar, pedaço a pedaço.”

E já que, no fundo se trata de dar conta de esperar o tempo passar, há conselhos de Ovídio espalhados pelo livro: “fugir da ociosidade, evitar os lugares frequentados pelo ser amado, evitar o convívio com pares de namorados, sair com os amigos e, acima de tudo, seduzir um sucessor, ainda que provisório, do amante ingrato” (impressionante como buscamos em outro nosso passaporte! Quando o outro acontece assim, dificilmente "dá certo"!. Nas horas mais difíceis, também vale fazer a lista dos defeitos.

Também a questão da solidão é tangenciada em algumas passagens: “a vida das pessoas parecia resumir-se à companhia; tudo estaria bem desde que ninguém estivesse sozinho. A solidão tornava-se um estigma social pior do que o envelhecimento.”

Vale o deslumbramento de Rosa com o Rio de Janeiro. Chega a afirmar que o sofrimento nessa cidade deve ser mais difícil (nunca cheguei a uma conclusão: por mais de uma vez, já andei a Atlântica e a Vieira Souto de ponta a ponta aos prantos, mas, paradoxalmente, isso não era acompanhado de peso ou desespero: será que a beleza e as contradições do Rio resultam em mais emoção e menos dor?)

O final da história também não convence: resoluções rápidas e sub-reptícias, fáceis, tiradas do bolso do colete. As personagens e a trama criada (e os leitores) não mereciam esse final!

Por fim, mais uma curiosidade em termos de variação linguística:
O narrador comenta a reação de Rosa frente a uma atitude de seu pai: “Comoveu-a que o pai a tivesse googlado”. Por aqui, as derivações de Google ainda são mais substantivadas, ainda não observei o uso de nenhum verbo derivado do Google: usamos dá um google; bota/coloca no google, pergunta para o Dr. Google etc.; nossos irmãos portugueses já derivaram um verbo, usando até suas formas nominais.

Mas sempre vale a pena um encontro com os bons autores portugueses: sempre aprendemos mais sobre nós mesmos.
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Raela 10/04/2021

Na minha opinião, o melhor romance de Inês Pedrosa até agora. Rosa Cabral se descobre e descobre sua vida, perde amigos, se rende ao amor e por ele se (re)faz. A história entrecruza-se pelo fado Português e o samba Brasileiro
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Leila 15/02/2024

Dentro de Ti, Ver o Mar da autora portuguesa Inês Pedrosa revelou-se uma decepção para mim que tanto aprecio as obras da autora.

A trama central se desenrola em torno de um romance clichê, permeado por estereótipos de personagens. A protagonista, Rosa, é apresentada como uma mulher inteligente e independente em muitos aspectos de sua vida, mas sua carência emocional e sua submissão a Gabriel, um personagem mal-caráter e acomodado em uma vida familiar rotineira (sim ele era casado com outra e pai de filhos), resulta em uma narrativa previsível e bem "mela-cueca".

A relação entre Rosa e Gabriel reflete uma dinâmica ultrapassada, com a personagem feminina sendo retratada como uma figura fraca, sem amor-próprio, enquanto o protagonista masculino (o tal macho alfa) se envolve em casos amorosos sem escrúpulos. A obra poderia ter explorado personagens secundários com histórias de vida intrigantes, porém, a autora opta por negligenciá-los, concentrando-se em um romance convencional que não se alinha com as expectativas contemporâneas (ou pelo menos com as minhas).

A narrativa, em sua simplicidade é fluida e gostosa de ler, como sempre são as obras da Inês, mas esse enredo realmente foi um parto de ser lido. Revirei os olhos várias vezes e estive a ponto de jogar o livro na parede mais um par de vezes. Enfim, pra mim, não funcionou nadinha, uma pena. Simbora pro próximo.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 19/07/2018

?Em Ti Desarmo Meu Corpo?
Nascida em 1962 em Coimbra, Inês Pedrosa é uma das mais brilhantes escritoras portuguesas em atividade. Seu último livro, "Dentro de Ti Ver o Mar", publicado no Brasil em 2013, foi muito bem recebido pela critica é uma boa oportunidade para apreciar seu talento.

Nele, há cenas de amor como só ela sabe escrever, além de personagens intensas e críveis, moldadas a perfeição. Também as questões políticas aparecem impecavelmente inseridas no contexto, mas quem rouba a cena é o desejo e a solidão que bailam em perfeita sintonia ao som de um fado pelas noites de Lisboa.

Sua história retrata uma trinca de mulheres que, por motivos diversos, são levadas a questionar seus sentimentos e, ao por em causa suas vidas, acabam encontrando a própria identidade.

A primeira é Rosa uma fadista apaixonada por Gabriel, um homem casado. Incapaz de assumir seus sentimentos, ele abusa da esposa, tortura a amante e ainda usa os filhos como pretexto para manter essa situação.

Em sua trajetória, Rosa cruza com Farimah, uma muçulmana que fugiu da Inglaterra, para escapar de um noivado arranjado pelo pai. Porém, como tudo tem seu preço, a sonhada liberdade lhe custou um casamento de aparências com um português soropositivo.

A última é Luísa, filha bastarda de um aristocrata, que sempre foi rejeitada pela irmã e a madrasta. Fria e calculista, ela é incapaz de se entregar ao amor e foi por seu intermédio que Farimah conseguiu fugir.

Esses relatos servem de pretexto para Inês discutir aberta e corajosamente o mundo de hoje, lançando um olhar crítico sobre nossa sociedade. São colocados em xeque a subjugação e o erotismo feminino, o crescente isolamento e a individualização das pessoas assim como a instituição do casamento e a influência das diferenças culturais nas relações.

Aliás, ousada, a autora desafia todas as convenções literárias. Usa e abusa da metaficção e dá voz a uma curiosa narradora, a Princesa Lina, que é de longe a personagem mais complexa da trama. Aceite meu convite e venha conhecê-la.

Cinco estrelas e das mais afinadas!
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