Lua Vermelha

Lua Vermelha Benjamin Percy




Resenhas - Lua Vermelha


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Joshua 18/01/2014

Um épico de ficção de lobisomens, mas com um pé em assuntos terroristas.
Benjamin Percy se consagra um autor de respeito com sua obra Lua Vermelha, um épico de lobisomens que chega a extremos inimagináveis e que deixam os leitores aflitos. Com um enredo cheio de tensão e uma trama afiada, o autor não apenas utiliza a ficção como entretenimento, mas também para passar uma mensagem de alerta.


Na história, humanos e licanos - pessoas que podem se transformar em criaturas semelhantes a lobos - convivem em um mundo dividido entre os Estados Unidos e a República Lupina, que atualmente é invadida por tropas americanas e vive um clima de tensão. Os licanos que moram nos EUA sofrem preconceito e são repudiados pela maioria, e quando a Resistência, uma célula terrorista de licanos, inicia uma série de ataques extremistas contra a nação, significa o começo de uma disputa com interesses maiores e de morte. O jovem Patrick Gamble sobrevive a um dos atentados em um avião, e é o único a sair vivo e considerado pela imprensa um herói nacional: o Menino-Milagre; Claire Forrester presencia sua casa sendo invadida por agentes do governo, seus pais sendo mortos, e tudo o que consegue é fugir para bem longe e tentar encontrar um abrigo, mesmo sendo uma licana; o governador Chase Williams deseja o cargo de presidente dos EUA, e para isso, jura que irá proteger o país da ameaça licana, e com a intensificação de seu discurso a discriminação, ele se torna o principal alvo da Resistência. Esses e mais outros personagens se tornarão as principais peças de um jogo que está longe de terminar.

"O licano se move tão depressa que Patrick quase não consegue distingui-lo ou gravar uma imagem; sabe apenas que se parece com um homem, só que coberto por uma penugem cinza parecida com o pelo do gambá. Seus dentes cintilam. A espuma de um assento rasgado transborda para fora como uma tripa de banha. O sangue espirra e tinge as janelas do avião, pinga do teto. Às vezes a coisa está de quatro, outras vezes equilibrada nas patas traseiras. É corcunda. Tem a cara dominada por um focinho achatado e dentes compridos e afiados como dedos magros, o sorrido ossudo de uma caveira. E as patas, imensas, ornadas por longas unhas, estão avidamente esticadas e rasgam o ar. O rosto de uma mulher é arrancado feito uma máscara. O intestino é removido de um ventre. Um pescoço é devorado até o osso em um beijo apavorante. Um menininho é puxado e arremessado contra a parede, fazendo silenciar seus gritos."
Páginas 19

É difícil descrever tudo aquilo que Lua Vermelha é. O romance épico de Percy tem tantas facetas a serem exploradas, tornando-a uma obra sem precedentes a altura. Dividido em três partes, a cada etapa ultrapassada, o leitor se surpreende mais ainda, não só com as iniciativas dos personagens, mas também com a situação em si, que se mostra tão indelicada.

"A cabeça do cadáver está submersa e quase invisível na água vermelha turva. O Homem Alto põe o pé dentro da piscina, como se para testar a água, e cutuca o corpo. Ele flutua até a superfície e o rosto o encara, de boca aberta, qual um desenho a lápis borrado por dedos úmidos."
Página 144

Acredito que o livro não é apenas mais uma história de entretenimento na literatura, sem nenhuma mensagem nas entrelinhas, ou que possua uma trama batida. Benjamin se aproveita da ficção e da mitologia para falar ao leitor sobre atentados terroristas e sobre como a segurança nacional é falha. Não é nada paranoico como A Janela de Overton e suas teorias de conspiração, mas é o suficiente para deixar o leitor assustado e atento ao mesmo tempo. É claro que ainda se trata de uma ficção, mas a analogia feita por Percy não é algo tão distante do que pode acontecer hoje em dia.

"Continua tentando ver. Como se, pela simples força de vontade, pudesse desenvolver uma visão extrassensorial. O esforço faz suas órbitas arderem, parecendo inchadas de sangue. Claire ouve Puck dar uma risada seca feito um latido, mas é difícil situá-lo, pois o som reverbera nas paredes curvas e no teto cheio de arestas e se espalhas pelos muitos cômodos, buracos e corredores que penetram a escuridão ao redor.
Ela dá um grito ao escutar uma voz úmida e borbulhante de sangue bem a seu lado:
- Estou sentindo seu cheiro, belezoca."
Página 198/199

A escrita de Benjamin Percy é outro fator positivo. Sem muitos diálogos, ele consegue narrar a história com um pingo de terror psicológico, nos envolvendo de tal maneira na trama, que é impossível de resistir. Com descrições extensas, mas nada enfadonhas, o livro tem um ritmo bom, além de quando terminarmos um capítulo, querermos logo iniciar o próximo. O melhor de tudo, é que o autor também tem bastante conhecimento técnico sobre o que está escrevendo, não só na descrição de lugares e personagens ou fatos, mas também em explicações científicas e médicas, já que os licanos são frutos de um vírus - o lobos, uma espécie de príons - e Percy utiliza termos para acrescentar a narrativa, mas sem deixar o leitor aturdido com tantas informações. É até interessante esses conhecimentos.

"Patrick não espera ver o homem se transformar. Tira a pistola do cinto e o acerta no pescoço. O licano ergue a mão para conter o sangue que bombeia. Um jorro espirra por entre os dedos. Patrick volta a atirar, dessa vez no peito. O corpo do homem desaba embolado junto ao violão. Não é o primeiro de Patrick, nem vai ser o último. É assim que as coisas são agora."
Páginas 388

No geral, Lua Vermelha foi uma grata surpresa. Com personagens bem estruturados, antagonistas e anti-heróis apresentados em uma trama de arrepiar, é difícil um leitor não se agradar com a história - até o mais paranoico. Benjamin foi feliz em construir um enredo tão verossímil como esse, sendo cruel e bondoso com seus protagonistas, e acrescentando até um pouco de romance. Mas sinceramente, o epílogo é de revirar o estômago, e fica a pergunta se haverá uma continuação ou se o autor apenas deixou no ar uma ameaça...

"Claire deveria lhe dar um tiro. Sente-se instável da mesma forma que se sentiu minutos antes na beira do precipício, atraída para a borda. Caso se mova, pode morrer, mas ele também. Só que ela está vidrada no olhar dele e não consegue se mexer. De tão cinzentos, os olhos dele são quase pretos. Desprovidos de luz. Mas ela sabe que pouca coisa escapa àqueles olhos."
Página 418

Seria muito se eu pedisse pra vocês lerem Lua Vermelha agora?

"Uma noite dessas, provavelmente quando a lua estiver cheia, eles irão desligar as televisões, pousar os garfos ou parar de transar um instante, inclinar a cabeça intrigados, andar até a janela para olhar os próprios reflexos deformados e se perguntar o motivo dos uivos que cada vez mais enchem a noite."
Página 429

site: www.pensamentosdojoshua.blogspot.com
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Vânia 19/01/2014

O lado "vira vira" de todo ser humano
Há um abismo de diferença entre um livro sobrenatural escrito por um homem e por uma mulher. Ambos têm seus méritos, suas particularidades.
Enquanto em geral os livros femininos nos mostram as características e mudanças emocionais dos personagens ao longo da história (geralmente recheados com romances), os livros masculinos exploram o impacto que esses seres, suas buscas, angústias, prazeres, têm sobre os outros seres (humanos).

É exatamente isso que se percebe ao ler Lua Vermelha...

(continue a ler a resenha no link abaixo)


site: http://aborboletaquele.blogspot.com.br/2014/01/maratona-lua-cheia-benjamin-percy-lua.html
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cotonho72 29/04/2014

Muito Bom!!!!!
Nesse livro temos três protagonistas principais em que a história se alterna, Patrick Gamble, um jovem comum, obrigado a morar coma mãe por um período;pois seu pai é convocado para lutar na guerra, uma missão de ocupação da República Lupina, um país inabitado criado para abrigar licanos (humanos que foram infectados ou nasceram com o vírus chamado Lobos, que podem se transformar em lobos). Durante a viagem de avião Patrick se tornao único sobreviventede um ataque terrorista, onde um Licano, de um grupo intitulado Resistência, mata todos os passageiros do avião, menos Patrick que se fingiu de morto, por esse motivo ele ficou conhecido como Menino-Milagre e se transformou numa espécie de celebridade.
Claire Forrester é uma jovem que cursa o último ano do ensino médio e que cansada da vida pacata que leva na aldeia onde vive com seus pais, planeja fugir de casa e viver uma grande aventura, ela é uma licana e esta cansada das reuniões e festas organizadas na sua casa, ela que ter uma vida normal, mas isso infelizmente não ocorrerá, porque numa determinada noite os agentes do governo invadem sua casa e matam seus pais, ela consegue escapar e durante a fuga tenta desvendar o conteúdo do bilhete deixado pelo seu pai, que a levará a uma tia que também é licana.
Chase Williams, um governadorque deseja ser presidente dos Estados Unidos, vive uma vida fazendo tudo o que da na telha, frequenta boates de striptease, fala palavrões e não liga a mínima para isso, ele promete que se fosse eleito acabaria com os atos terroristas, mas a Resistência não permitirá que sua vida seja assim tão fácil, ele inesperadamente é atacado por um licano e infectado e acaba se tornando aquilo que prometeu acabar.
Esse é o primeiro livro que leio sobre lobisomens e apesar da leitura densa e pouco dinâmica, me agradou bastante. O autor Benjamin Percy, consegue criar uma trama interessante, Patrick e Claire no início são adolescentes inocentes que no decorrer da história se tornam adultos devido ao caos que a vida de cada um está, personagens marcantes vão aparecendo durante a trama, a maldade dos homens e a força das mulheres em meio às adversidades são relevantes também. O livro aborda muitas questões que ocorrem na atualidade, descriminações sociais, guerra, terrorismo, domínio sobre a energia e tecnologia,experiências genéticas e os bastidores da política, vemos muitas das vezes uma comparação entre os Estados Unidos e os muçulmanos depois dos atentados de 11 de setembro. O livro mostra como o ser humano muita das vezes é intolerante violento, um livro muito bom para que gosta do gênero.

site: devoradordeletras.blogspot.com.br
Isabela 24/01/2015minha estante
Acho que o livro daria um bom filme. Durante minha leitura mudei de opinião algumas vezes. Muito bom.




Rosana 21/01/2014

Lua vermelha
Olá!

A resenha de hoje é de Lua vermelha, de Benjamin Percy.

Um livro sobre "lobisomens", sim. Mas nada a ver com o sobrenatural que vemos por aí.

Lua vermelha é bem interessante. Parte de uma premissa bem envolvente. Os humanos vivem junto aos licanos que são monitorados e usam uma droga suprime a mudança. O contágio é através de um vírus transmitido, semelhante ao HIV, ou seja, com transfusão de sangue, relações sexuais sem proteção etc, e não necessariamente pela mordida do licano.

Mas o interessante no livro é o paralelo que o autor faz com a política e acontecimentos da história norte-americana. Mostra como o ser humano trata o que é diferente, o preconceito em relação aos licanos, os conflitos, a guerra.

Como na vida real, sempre há um interesse "comercial" e de exploração. Eles vivem sob minas de urânio, razão pela qual há a presença militar

Os licanos têm vivido no mundo ao longo dos séculos. Eles tomam a droga para não se transformarem, passam por testes de sangue obrigatórios, os políticos querem os nomes e informações pessoais colocadas em um banco de dados , vivem em seus próprios bairros e têm oportunidades de emprego limitadas.

Um grupo de licanos, não gosta muito dessa "opressão socialmente aceita", e chamados de Resistência, resolvem se libertar desse jugo dos humanos , mas utilizando qualquer meio necessário.

E assim, cometem atentados terroristas, em aviões, onde licanos atacam e dizimam os passageiros de três aviões. E repercutem através da narrativa.

Em um dos aviões, por azar, está Patrick, pois seu pai foi servir o país e ele está indo morar com a mãe e acaba sendo o único sobrevivente dessa matança.

Enquanto isso, a família de Clare, que é licana, é capturada de dentro de sua casa, e ela, uma adolescente que há pouco tinha somente preocupações mundanas, como que faculdade escolher e redes sociais, agora está só, fugindo e tentando entender o que a mensagem de seu pai quer dizer. Ela não entende o que a pacata família poderia ter algo a ver com os atentados, nem nós leitores.

E ainda temos Chase, um político carismático, que faz o que quer, não é casado,bebe, se envolve com prostitutas, mas não esconde o que faz. Logo que acontece os atentados, seu assessor, o coloca na midia, e ele passa a discursar , com um preconceito escorrendo pelas palavras e prometendo acabar com toda essa confusão.

- Eu acho que está na hora de encurtar a guia, enrolar um jornal e dizer para o cachorro: não pode.

Há várias questões políticas e sociais aqui, e notamos semelhança com eventos passados e atuais da história.

O autor constrói bem as personagens e bem detalhista em relação as ações e locais. Ele faz um trabalho muito bom retratando os licanos ativistas e o governo, de forma balanceada, igualmente negativos. Há bem umas "alfinetadas". A mensagem certamente soa familiar e historicamente relevante.

E no meio dessa história toda de infectados ou não, está a história de homens e mulheres marcados pela crueldade e joguinhos de poder, lutando para sobreviver e como suas vidas são influenciadas pelas escolhas e luta entre os licanos da Resistência e os EUA. Dois adolescentes, Clare , a licana, Patrick, filho do soldado, e Chase, um político galgando seu caminho para presidência, usando os licanos.

Uma leitura que prende. Muito parecido com o retrato da nossa sociedade. Capa, diagramação, todo o projeto gráfico, agradáveis à leitura.

"Favor não copiar o texto. Caso faça isso, cite a fonte de onde tirou."

site: http://livrologos.com.br/2014/01/benjamin-percy-lua-vermelha/
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Babih Bolseiro 29/03/2014

"Lua Vermelha", de Benjamin Percy
"Eles vivem entre nós. São os seus vizinhos, a sua mãe, o seu namorado. Eles mudam do dia para a noite".

Claire Forrester é uma garota que, assim como a maioria, quer entrar para uma faculdade (o mais longe possível de casa) e viver uma vida normal. Entretanto, esse sonho é deixado de lado quando membros do governo invadem sua casa e matam seus pais. Isso tudo porque eles são licanos e, para os seres humanos "normais", não passam de uma ameaça que deve ser contida.

Patrick Gamble é um adolescente que, da noite para o dia, se torna um herói, ao ser o único sobrevivente de um ataque terrorista promovido pelos licanos. Mas, como ele pode ser um herói se tudo o que fez foi se esconder embaixo de um cadáver?

Chase Williams é um governador que promete livrar a população dos licanos, colocando-os em seus devidos lugares, gerando, desse modo, uma intensa discriminação. Só que ele não contava em se tornar um deles...

Claire, Patrick e Chase, não se conhecem e, também não tem ideia de como tudo isso terminará. O caos está instalado, uma guerra é iminente entre aqueles que querem leis controlando os licanos (e destruindo seus direitos) e aqueles que apoiam esses seres, mesmo sem ser da espécie. O que o destino reservará para eles?

Revolucionários! Em si, o tema abordado na obra é muito instigante e, em tese, prenderia rapidinho a atenção do leitor, mas, infelizmente, não foi isso que ocorreu.

Há pouco diálogos em um livro de 431 páginas, o que tornou a leitura, diversas vezes, um tanto cansativa e demorada. Além disso, como a história é contada do ponto de vista de vários personagens, as vezes, dá a impressão que a pessoa está lendo vários recortes de notícias de datas diferentes, o que incomoda um pouco.

Neste contexto, observa-se que algumas frases, contém palavras no futuro e no passado, acarretando certa confusão da hora da leitura. Não sei dizer se foi a tradução ou se é assim mesmo.

Todavia, o livro tem pontos positivos também. Um deles que se destaca é o modo como o tema licanos foi desenvolvido. Esqueça o que você já leu até hoje acerca lobisomens e criaturas do gênero. Benjamin Percy trouxe uma nova interpretação desses seres: mais ativos e com voz na sociedade, onde lutam contra o preconceito e a opressão daqueles que querem etiquetá-los e, até mesmo, vaciná-los.

No fim, eu fiquei dividida. Eu realmente gostei da história, porém não gostei da forma como foi escrita. Então, quem quiser apreciar a obra, terá que estar preparado para, em alguns pontos, persistir na leitura, o que, no fim, vale a pena, sem dúvidas!

site: http://revolucionandogeral.blogspot.com.br/2014/03/lua-vermelha-de-benjamin-percy.html
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Nainha 03/03/2014

Lua Vermelha conta a história de três personagens: Claire é uma licana e perde seus pais em um ataque de agentes do governo. Depois do ataque, Claire foge e se vê sozinha em uma busca por sobrevivência em meio a uma guerra entre humanos e licanos.


“Tudo o que ela sabe – ao ouvir o barulho da porta sendo derrubada, os gritos e os tiros – é que deve fugir.” Pág. 28

Patrick sobrevive ao ataque de um licano que ocorreu no avião que ele estava. E depois desse ataque ele irá questionar-se sobre várias coisas que estão ocorrendo e também sobre o porque da guerra. A guerra que foi a causa de várias mudanças na vida de Patrick.


“A guerra era o motivo pelo qual aquilo estava acontecendo. Era por causa dela que ele se achava naquele avião e o licano destruía a aeronave.” Pág. 20

E temos também o governador Chase. Ele tenta fazer de tudo para proteger a população contra a ameaça licana, suas promessas são feitas através de discursos acalorados. Mas tanta hostilidade será a causa de Chase transformar-se naquilo que ele combate.

O tema do livro é bem interessante, mas a leitura não me prendeu muito. Acho que criei muita expectativa sobre o livro. Ele possui um desenvolvimento bem elaborado, com a história sendo contada sobre o ponto de vista de vários personagens, nos dando uma visão maior da história que está sendo contada. Mas essa qualidade do livro atrapalha um pouco em algumas partes, parando em um momento crítico e indo para uma parte mais maçante. Deixando o leitor ansioso para continuar a leitura, querendo saber o que irá acontecer. O livro possui várias abordagens, como preconceito, representado pelo ódio que muitos personagens mostram em relação ao licanos. Eles colocam todos os licanos em um mesmo patamar, mesmo que alguns queriam apenas seguir com suas vidas e não estejam querendo começar uma guerra. Os temas abordados são bem interessantes e nos fazem refletir.

Também temos o questionamento de um dos personagens principais, que mostra que devemos aceitar o que somos verdadeiramente, independentemente das opiniões das outras pessoas que ficam querendo que ela seja algo contrário a sua natureza. O final do livro me deixou querendo saber mais sobre a história, mesmo que ela não tenha me prendido muito. A história do livro termina de um jeito que não é necessário uma continuação, mas fiquei com uma vontade de saber mais como alguns personagens ficaram depois dos acontecimentos.


site: http://sonhosentrepontinhos.com/2014/02/27/resenha-lua-vermelha-benjamin-percy/
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Bruna 23/02/2014

Lua Vermelha, Benjamin Percy
Lua Vermelha, do autor Benjamin Percy, publicado no Brasil pela Editora Arqueiro, foi uma grande surpresa. Digamos que depois de Crepúsculo, fomos saturados de histórias sobre lobisomens que não passam de mais do mesmo, o que me fazia torcer o nariz cada vez que passava perto de um livro com essa temática, principalmente se fosse do gênero Jovem Adulto.

A sobriedade dessa capa acabou me chamando atenção. A sinopse mais ainda. No fim, Lua vermelha me pareceu envolver tudo isso de uma forma mais madura e inteligente. Arrisquei. E eu estava errada.

Lua Vermelha é muito melhor do que eu havia imaginado.

O autor tem uma forma de conduzir as palavras de um jeito fascinante. Eu conseguia visualizar cada cena, sentir cada cheiro. Sabe aquelas histórias que fazem algo queimar lá dentro de você? Pois é, durante essa leitura eu fui um fogaréu.

Tive que parar para respirar depois do primeiro capítulo. Sem brincadeira.

Esqueça as histórias sobre lobisomens que você tem ouvido nos últimos tempos. Neste livro temos os licanos. Desde os primeiros séculos da história eles estavam lá (inclusive lutaram durante a 2ª Guerra Mundial). Porém o que os fazem tomar essa forma é um agente chamado lobos; ele infecta o cérebro, provocando mutações e dando aos humanos a capacidade de se transformar quando deseja. O contágio acontece de forma semelhante ao vírus da AIDS, através do sangue (transfusões, relações sexuais...) ,portanto nem sempre levar uma mordida significa que a pessoa se tornará um licano, apesar das chances serem grandes.

Os licanos possuem uma convivência parcialmente harmoniosa com os humanos "normais". Inclusive possuem a República Lupina, localizada dentro do território dos Estados Unidos. Porém por medidas de segurança, eles são obrigados a tomar uma droga para conter os seus "impulsos selvagens" (droga esta que possui efeitos colaterais diferentes para cada pessoa, normalmente deixando-as meio "viajadas") e começam a enfrentar medidas cada vez mais restritivas, privando-os de muitas coisas que seriam consideradas básicas para se viver.

Aqueles que vão contra as medidas impostas pelo Governo são considerados da Resistência. Apesar de a princípio ela ter como objetivo lutar pelos direitos lupinos, a Resistência faz isso de uma forma bárbara, através de violência e matando pessoas inocentes. Temos início a uma guerra civil, que toma proporções inimagináveis e torna impossível ficar do lado de alguém, pois ambas as partes tomam atitudes absurdas.

Dentro desse contexto, conheceremos três personagens distintos, de lugares e vivências diferentes, que ao longo do livro acabam tento suas histórias entrelaçadas.

Patrick teve o pai convocado como soldado para uma missão na República Lupina e acaba tendo que pegar um avião para ir morar com a mãe. Nesse avião, acontece o primeiro atentado terrorista da Resistência, onde ele acaba saindo como único sobrevivente e vira um "herói" nacional conhecido como o Menino-Milagre, o que o deixa bastante traumatizado. Aliás ele é um personagem com uma mente bastante confusa, nebulosa, meio perdido, meio depressivo, não sabe direito o que pensar das coisas que estão acontecendo com ele.

Com os ataques da Resistência, o Governo inicia uma caça velada aos licanos. É nessa caça que acabam invadindo a casa de Claire e matando os pais dela. Ela consegue escapar e a única coisa que pode lhe dar um destino é uma carta escrita em código, deixada pelo pai caso alguma coisa acontecesse. Antes ela era uma pessoa distante da realidade do que acontecida com os lupinos, insensível até, pensava mais nela mesma, pouco se preocupando com o resto até que esses acontecimento a atingem e começavam a fazer parte da sua realidade.

Por último, temo Chase, um político adorado por todos, que está concorrendo a presidência e promete acabar com toda essa confusão. Só que seu discurso é muito preconceituoso e reforça a discriminação contra os lupinos, o que intensifica ainda mais as revoltas. O que ele não contava é que no meio desse seu jogo político para chegar à presidência ele vai acabar infectado e se tornar um lupino. Na ânsia de esconder isso das pessoas teremos consequências de proporções nacionais.

Lua vermelha é um livro de guerra. É um livro que critica uma sociedade faminta pelo poder e que é indiferente àqueles que realmente necessitam de proteção. É um livro que fala sobre preconceito e como quantas vezes generalizamos um grupo de indivíduos, julgando-os pelas atitudes de uma minoria.

Achei sensacional por parte do autor nos mostrar a história através deste três personagens. Cada um deles nos permite analisar um ângulo diferente da situação e ter uma visão mais abrangente do ocorrido. Não existe um lado completamente certo ou errado, assim como nas guerras do mundo real, ambos os lados possuem seus motivos para lutar, usando os artifícios que forem necessários - e a ética não é um deles.

Os personagens são maravilhosos e bem construídos, incluindo os secundários. São personagens que você ama e odeia, e a forma como o autor conduz a história nos faz ao menos ter empatia por eles. E nem estamos falando do quanto Patrick e Claire são forçados a amadurecer e como é perceptível o quanto eles mudaram do início para o fim do livro.

Lua vermelha é uma história de ficção que fala de conflitos entre homens e lupinos, mas não deixou de me fazer pensar sobre os conflitos mundias em relação à etnia, religião, entre outros que nos assombram. Creio que o tema principal desse livro seja a intolerância. Ver a humanidade descrita ali de forma tão primorosa nas entrelinhas me fez refletir ainda sobre o quanto somos estúpidos e o quanto deixamos as coisas acontecerem sem fazer nada a respeito.

~Para ler alguns quotes acesse a resenha no blog ~

site: http://www.papodeestante.com/2014/01/lua-vermelha-benjamin-percy.html
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Alineprates 06/02/2014

Eu sempre gostei de histórias de lobos/ lobisomens, principalmente quando são mais voltados para horror do que para o romance.
Assim que a Arqueiro anunciou que lançaria esse título fiquei com vontade de ler e depois que li o King elogiando o livro, enlouqueci, afinal ser elogiado por Stephen King não é pouca coisa.

O mundo está dividido entre licanos e humanos. Os licanos são considerados uma ameaça e se quiserem fazer parte da sociedade devem se cadastrar e usa um remédio, Volpexx, que controla essa transformação, porém deixa a pessoa/licano extremamente dopado. Existem cotas para licanos em universidades e os licanos são proibidos de muitas coisas, chega um momento em que eles não podem andar de avião. Porém se um licano não se cadastra não há como saber se ele é ou não licano, mas caso seja descoberto será considerado uma ameaça e exterminado pelo governo.

Existe um grupo de licanos que é revolucionário, eles querem direitos iguais e não querem serem obrigados a tomar o Volpexx, porém eles são extremistas e conforme o governo não sede as reivindicações eles se rebelam, elaboram ataques e atentados, tornando tudo um caos.

O livro é cheio de ação, sadismo, mortes violentas e de certa forma é uma metáfora de como a sociedade descrimina as minorias e de como o ser humano age quando se sente ameaçado.
Esse livro é genial, existe toda uma teoria de como esse vírus surgiu e como o governo está lidando com isso. Mostra a revolta dos licanos e também o medo da população, o autor quis expor os dois lados da moeda, é impossível não ficar vidrado em cada página.

Os personagens também são maravilhosos, muito bem caraterizados, cada um tem sua guerra interna.

A narrativa é em terceira pessoa, mas alternando a vida de cada personagem, o leitor acompanha Claire, Patrick, Miriam e Chase e sabemos que em algum momento seus caminhos vão se cruzar.

Um livro incrível e surpreendente, o autor conseguiu inovar no tema e presentear os fãs do horror e Literatura Fantástica com uma obra-prima, digno de se tornar um filme Lua Vermelha mal vai te deixar respirar.

site: http://alinenerd.blogspot.com.br
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tiagoodesouza 05/02/2014

Lua Vermelha | @blogocapitulo
O mundo criado por Benjamin é baseado na premissa de uma sociedade em que homens e licanos têm de conviver juntos. Durante toda a história da humanidade, os registros sobre os primeiros licanos podem ser encontrados. Mesmo assim, a sociedade ainda tem o preconceito sobre o que é diferente. Imagina que você precisa colocar na sua identidade aquilo que te diferencia de outra pessoa apenas porque elas não são capazes de lidar com a própria ignorância.

~A história~

"(...) Seu pai o está abandonando, largando o emprego na cervejaria e indo embora lutar em uma guerra, pois sua unidade foi ativada. E Patrick está abandonando o pai, a Califórnia, os amigos, o colégio, deixando para trás tudo o que definia sua vida, tudo o que fazia ser ele."
Página 17.

O livro começa com Patrick Gamble se preparando para ir ao aeroporto com o pai. Ele vai morar com a mãe no Oregon e há um certo conflito de interesse nesta decisão. Ele não quer ir, mas é forçado por conta do trabalho do pai. Então, acompanhamos a tensão de um homem pronto para embarcar no mesmo avião que Patrick. Ele teme que a segurança o pare e arruíne seus planos para dali a alguns minutos, quando o avião estiver no ar.

O homem misterioso é, na verdade, um licano. Uma ser que fica entre o humano comum e o lobo. Ele faz um massacre no avião em pleno ar; e as descrições de algumas mortes são bem cruas, com direito a intestinos removidos e rostos arrancados.

Claire é uma garota com desejos normais de qualquer garota. Quer ir para uma universidade que não fique muito longe de casa e na qual consiga conviver com pessoas comuns, diferentemente das que fazem parte de seu ciclo social. No entanto, as notícias dos atentados a aviões provocados por licanos gera uma ameaça direta para sua família e o pai dela lhe entrega um misterioso envelope momentos antes que algo muito ruim aconteça, forçando Claire a fugir de casa.

Para tentar acalmar a população, o governador Chase Williams promete proteger a população com um plano segregacionista se for eleito presidente do país. O que começou com uma fagulha está a ponto de explodir em chamas.

~Desenvolvimento e narrativa~

O desenvolvimento do livro no começo é um pouco lento, embora sempre esteja acontecendo alguma coisa para mover a história. Então, ele vai crescendo até chegar num ritmo mais acelerado, constante. A princípio, eu fiquei um pouco confuso na hora de me localizar no tempo da história. Demora um pouco para o autor nos contar que no mundo atual as pessoas precisam aprender a viver com as diferenças ocasionadas por conta de um agente infeccioso que afetou várias pessoas ao redor do planeta e fez com que as nações revessem suas políticas humanitárias.

Olhando de forma holística, a situação apresentada por Benjamin chegou a me lembrar um pouco a que encontramos em Ensaio sobre a cegueira, com pessoas que não têm culpa desse algo que aconteceu a elas e são praticamente forçadas a viverem de forma segregada porque a ignorância das pessoas comuns sobre os licanos muitas vezes as assusta. Existe um conflito de interesse, porque uma parcela dos licanos é contra a ocupação americana aos territórios da República Lupina para exploração das jazidas de urânio.

A narrativa em terceira pessoa no presente explora o ponto de vista de vários personagens. Benjamin tem uma preocupação de apresentar alguns deles e, na próxima página, matá-los. Não dá para saber quem vai estar vivo no final do livro. Então, é bom preparar o coração. Eu gosto muito quando os autores têm essa ousadia, essa despreocupação sobre o que vão pensar dessa veia assassina que eles carregam. Não há uma morte forçada ou apelativa, as pessoas morrem sempre por algum motivo. Uma das minhas personagens preferidas é a Miriam, uma mulher de 40 anos que vive reclusa num chalé em constante estado de alerta por conta de um passado nada agradável.

~Concluindo~

Eu recomendo muito a leitura desse livro para quem procura uma história sobre lobos bem diferente de tudo o que já foi publicado por aí. Os licanos de Benjamin não possuem relação com os metamorfos de Crepúsculo, por exemplo. Eles não vivem escondidos num canto qualquer, todos sabem de sua existência. Se vocês gostam de analisar metáforas, se gostam de fazer analogias com o mundo fora dos livros, é também um prato cheio.

"É mais fácil não pensar no futuro, mais fácil pensar que não há nada escrito na palma de sua mão. O futuro é uma emboscada. É ausência."
Página 56.

site: http://ocapitulodolivro.blogspot.com.br/2014/01/resenha-lua-vermelha.html
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