Sô 07/08/2019Ah a infância...rende tanta história engraçada. Ainda mais quando vivida numa época nonsense, como é o caso dos anos 80, um mundo à parte em que crianças fumavam cigarrinho de chocolate e assistiam apresentadoras infantis seminuas na TV. E quando esse tema cai nas mãos de um escritor de mão cheia como o Antônio Prata, então é gargalhada garantida. É quase impossível não se identificar com uma das crônicas retratadas no livro.
Tem de tudo um pouco, desde coisas que lembramos bem – aquele sentimento de culpa depois de conseguir ficar em casa fingindo estar doente, quem nunca? – até detalhes que a gente vai se esquecendo com o tempo. Lembra o estorvo que era uma meia sendo comida pelo tênis justamente durante um pega-pega? E aquele impulso infantil maluco que te dominava e te tentava a fazer coisas absurdas, como destroçar uma parede sem razão alguma?
O livro te transporta para uma outra época, tem aquela leveza de tempos de criança, sabe? Quando o nosso maior problema era ninguém descobrir que a gente tava com vontade de fazer cocô. Do choque misturado com curiosidade ao descobrir as famigeradas “revistas de sacanagem”. Do horror que era a possibilidade de ser alvo de zombaria de outras crianças.
Os textos do autor conseguem passar aquela sensação de inocência típica dessa fase. Você termina a leitura com um sorriso no rosto e desejando por mais páginas.