O Passado

O Passado Alan Pauls




Resenhas - O Passado


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Ana Sá 18/01/2021

"O amor pode até ser recíproco, mas o fim do amor não, nunca"
Foi uma leitura um pouco cansativa, mas que é amarrada no final. Título, símbolos, quase tudo ganha sentido no desfecho do livro. É um romance bem contemporâneo, ambientando em Buenos Aires, que discute o amor e o desamor a partir do divórcio de um casal argentino heterossexual.

A história é envolvente pois foge a uma dicotomia simplista de "felizes para sempre" versus "separação"; aqui, o divórcio é abordado em seus aspectos afetivos e concretos. Gosto de Pauls, algumas passagens desta obra me marcaram muito, só não colocarei o livro entre as minhas leituras favoritas porque senti falta de um aprofundamento psicológico na construção das personagens, sobretudo das mulheres. Sim, a separação ocorrida após 12 anos de casamento segue a perspectiva do homem, então o livro tem algumas "homices" que irritam! Tudo certo em retratar um homem assim, mas considero que houve um desequilíbrio entre a densidade dada à construção da personagem masculina em relação ao desenho das personagens femininas, sobretudo da ex mulher. O ponto é que, para mim, em termos de composição de personagens, há partes que ficaram soltas, apesar de, como eu mencionei, o final tapar algumas dessas lacunas.

Ainda assim, encontrei o que procurava: uma história de amor que escapa um pouco aos clichês, com uma ou outra sacada genial sobre relacionamentos na contemporaneidade. Um livro "bom", que vale a pena, mas com alguns "poréns". Do mesmo autor, continuo mais fã de "Wasabi".

Obs.: Fiquei curiosa para ver a adaptação cinematográfica... Parece que foi dirigida pelo Babenco.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 06/05/2022

Alan Pauls - O passado
Editora Companhia das Letras - 608 Páginas - Capa: Violaine Cadinot - Tradução de Josely Vianna Baptista - Lançamento: 2022.

Este é o quarto e mais importante romance do argentino Alan Pauls, escritor, jornalista, roteirista e crítico de cinema, considerado um dos grandes nomes da literatura latino-americana contemporânea. O livro foi o vencedor do conceituado Prêmio Herralde de 2003, concedido para obras de ficção em língua espanhola, adaptado em 2004 para o cinema em filme homônimo de Hector Babenco e lançado originalmente no Brasil pela saudosa Editora Cosac Naify em 2007, sendo relançado agora pela Editora Companhia das Letras, juntamente com a campanha de promoção do novo e aguardado romance de Alan Pauls: A metade fantasma.

Rímini e Sofía decidem se separar após 12 anos de uma relação intensa, invejada pelos amigos, que começou ainda na adolescência. A decisão é pacífica e ambos parecem concordar que o melhor caminho é que cada um siga a sua própria vida, sendo o que realmente fazem no início. Contudo, enquanto Rímini logo encontra outra relação estável, dedicando-se ao trabalho de tradutor, acelerado pelo uso da cocaína, e dedicando-se a sessões diárias de masturbação compulsiva, Sofía, por outro lado, não consegue se desligar do passado, sempre se fazendo presente por meio de telefonemas, cartas e encontros casuais, ela não aceita o final do amor.

"Tinham feito tudo. Defloraram-se; raptaram-se de suas respectivas famílias; viveram e viajaram juntos; juntos sobreviveram à adolescência e depois à juventude e chegaram à vida adulta; juntos foram pais e choraram o morto diminuto que nunca chegaram a ver; juntos conheceram professores, amigos, idiomas, trabalhos, prazeres, lugares de veraneio, decepções, costumes, pratos exóticos, doenças – todas as atrações que uma versão prudente, mas versátil, desse misto de surpresa e fugacidade que normalmente se chama vida podia oferecer-lhes, e de cada uma tinham conservado algo, o rastro singular que lhes permitia recordá-la e voltar a ser, por um momento, os mesmos que a haviam experimentado. E para que a coleção ficasse completa, eles mesmo acrescentaram a peça fundamental: a separação. Como tudo, eles a planejaram juntos, com o cuidado, a dedicação, a minúcia artesanal com que haviam cunhado os troféus do amor ao longo do tempo, e durante o mês e meio que levaram para organizá-la, nada, nem uma pitada de despeito ou desconsideração, atreveu-se a sombrear a pureza com que tinham decidido despedir-se. [...]" (pp. 60-1)

Uma paixão que tem tudo para terminar em tragédia, as transformações da relação ao longo do tempo, o esforço inútil de manter ou esquecer o passado, são todos temas comuns na literatura e na vida, mas a maneira como o autor desenvolve a sua história é perturbadora porque acabamos nos identificando em algum momento com os personagens, Rímini ou Sofia, dependendo da nossa personalidade e histórico emocional. Neste romance, Alan Pauls demonstra o domínio de uma prosa caudalosa que, ao longo de 600 páginas, nos faz lembrar de escritores como José Saramago ou Javier Marías, mestres na arte de conduzir digressões.

Na verdade, algumas dessas digressões podem ser tão extensas ao ponto de originar histórias paralelas como a do artista plástico fictício Jeremy Riltse, um elo de ligação entre Rímini e Sofía desde o início de seu relacionamento, expoente da "Sick Art", um movimento que tem como base a automutilação e a utilização de partes do próprio corpo na obra, de preferência com algum tipo de enfermidade ou deformidade: Riltse vaga pela Europa "colecionando misérias, perigos, enfermidades tudo o que possa me servir de matéria-prima". O autor parece associar essa visão depressiva e mutiladora ao amor sem esperança dos protagonistas.

"[...] Os móveis nunca são um problema nas separações. Por mais impregnados que estejam de significados, sempre servem, e essa utilidade de algum modo lhes permite continuar vivendo, refazer sua vida em condições e contextos novos. Mas as fotografias, como a maioria dessas quinquilharias simbólicas que os casais acumulam ao longo do tempo, perdem tudo quando o contexto que lhes dava sentido se dissolve: não servem literalmente para nada, não têm nenhuma posteridade. De certo modo, só lhes restam dois destinos: a destruição – Rímini tinha pensado nisso, mas desanimou ao se imaginar passeando com prazer por um campo atapetado de fotos queimadas, como um Átila conjugal – ou a partilha. O erro de Rímini fora não decidir nada: ter se limitado a renunciar. De modo que as fotos ficaram ali, estancadas em sua indeterminação, como amuletos que, retirados de circulação, não tivessem outra coisa a fazer a não ser acumular energia e significado." (p. 68)

O romance é dividido em quatro partes, sendo que cada uma narra o relacionamento de Rímini, com uma mulher diferente. Por exemplo, na primeira parte, a transição da separação de Sofía para o início da relação com Vera, uma mulher dominada por um ciúme patológico que tem o azar de encontrar Sofía, uma terrorista emocional, pela frente. O livro é difícil de resenhar devido à extensão, variedade e complexidade dos simbolismos utilizados pelo autor, mas muito recomendado como obra de literatura que incomoda e faz pensar sobre a própria vida, sobre uma caixa de fotografias que insiste em assombrar o casal depois de tantos anos, quem não?

"[...] Certa noite, propôs-lhe que fosse morar com ele. Vera se iluminou, mas se conteve em seguida; olhou-o nos olhos longa, inquisitivamente, como se desse a ele a chance de pensar melhor nisso. Rímini não se acovardou, e Vera perguntou-lhe mil vezes se tinha certeza, se era de verdade, se era isso que ele queria, se pensara bem, se propunha isso porque queria ou porque... – e ele disse sim, sim, sim, e ela, com voz clara e grave, como se fosse um documento legal, passou a enumerar todos os defeitos com os quais se propunha a conviver, diferenciando os que tinham solução dos irreversíveis, os frívolos dos indispensáveis, e ele, abraçando-a com gratidão, concordou com todos, acrescentou, inclusive, alguns que ela havia omitido, e enquanto a beijava no pescoço disse-lhe que não acreditava que houvesse defeitos com solução. Ela riu. Ele a afastou um pouco para vê-la rir e nisso entreviu uma rápida sombra de medo atravessando-a e seu sorriso se transformando numa careta de espanto. Ela caiu no choro, suplicava que ele não parasse de abraçá-la. 'Não posso evitar', disse, 'quando tudo está bem, sempre penso que uma tragédia está próxima.'" (pp. 167-8)

Sobre o autor: Alan Pauls (Buenos Aires, 1959) é escritor, jornalista, roteirista e crítico de cinema. Foi professor de Teoria Literária na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires e fundador da revista Leituras Críticas. Entre seus principais livros se destacam os ensaios de Como se escreve um diário íntimo (1998), O fator Borges (2000) e A vida descalço (2006) e os romances O pudor do pornógrafo (1985), O colóquio (1989), Wasabi (1994), O passado (2003), História do pranto (2007), História do cabelo (2010), História do dinheiro (2013) e A metade fantasma (2021).
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Dody 19/03/2009

NARRATIVA CONFUSA
O tema é excelente e o escritor aborda pela sua visão masculina os fatos e seus desdobramentos. Nesse aspecto, o livro é primoroso, ao narrar todo o processo de "sufocação" em que o protagonista se vê envolvido pela sua ex-mulher, uma mulher que tem uma criatividade enorme para tal mister de atormentar a vida de seu ex. No entanto, a narrativa não é fácil de ser entendida, densa, por mais que sejamos leitores vorazes,não é fácil acompanhar a história sem idas e vindas de releituras. É um livro para quem gosta de ler e aceita o desafio. Rímini é uma personagem profunda, intensa assim como Sofia. Interessante que Vera me pareceu um pouco deslocada do universo peculiar de Rímini e Sofia. Gostei muito do livro, mas senti que faltou ser explorado com mais indagações, o porquê mais "profundo" do comportamento feminino obsessivo, não para justificá-lo, pois é inadmissível, e sim para uma possível colaboração do ex-marido na deflagração de um comportamento tão surtado da mulher. Afinal, numa relação fraturada, são raras as vezes em que um dos lados agiu sozinho para o desastre. Ressalte-se também a bem construída caracterização dos ambientes da trama e suas peculiaridades.
José 22/08/2013minha estante
é o primeiro livro que simplesmente abandonei....Confuso, chato, pretencioso...




Raphael.Zemolin 27/11/2020

Difícil traduzir o sentimento que este livro causa. Se fosse usar uma frase para descrevê-lo seria: "Todos os dias há algo de que se despedir para sempre. " (Frase retirada da obra).
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André 07/09/2020

Com este livro, Alan Pauls entra no meu grupo de escritores preferidos!
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Thamiris60 23/11/2022

Um livro que eu procurei demais no Brasil e não encontrava de jeito nenhum, e nos meus primeiros meses em Portugal, encontrei no supermercado.
Demorei mais do que o esperado para terminar este livro. Ele me prendia em partes e em outras eu achava super cansativo, mas finalizei depois de um bom tempo. Esperei muito e criei muita expectativa na leitura, mas ao mesmo tempo, valeu toda a minha espera.
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José Gabriel 04/02/2013

É um livro um pouco complicado, até mesmo pelo estilo ortográfico do autor, e tem um enredo fantástico e corriqueiro ao mesmo tempo. Quando comecei a ler, não vi muito sentido no título do livro, porém com o andamento da leitura é fácil perceber.

Pensando assim, parece só mais um melodrama comum, mas de forma alguma é. Cocaína, masturbação compulsiva, desmaios, porres, homossexualismo, história da arte, aulas de tênis, rehab. A obra contém tudo isso e reviravoltas lindas. Alan Pauls foi tão genial ao criar uma espécie de livro à parte, dentro de um capítulo, só para explicar a vida, o estilo e as histórias das obras do pintor Riltse - que desde o início da relação, foi idolatrado pelo casal e fez parte da sua história - que a reação ao terminar esse capítulo, é correr para o google e pesquisar sobre o pintor, que não existe.

O estilo do autor é intrigante, pois lembra um pouco Saramago colocando frases dentro de frases fazendo com que as orações pareçam não acabar nunca. Isso torna a leitura um pouco cansativa em certos momentos, mas na verdade o autor está apenas explicando a gigantesca e absurda gama de sentimentos dos seus personagens de uma maneira extremamente meticulosa e realística. Nunca havia lido algo parecido. É aí que você sente o tesão pelo livro, que foi absurdamente bem escrito.

Leitura obrigatória para junkies que se perdem fácil em relacionamentos.
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Drês 26/01/2009

Li o começo e parei. É realmente entediante e um pouco confuso. Mas as descrições e/ou ações dos personagens são legais.
Carlos Fitzgerald 11/02/2019minha estante
É muito entediante, a escrita é a edição sao belas, mas a leitura é arrastada, páginas e páginas sem um parágrafo. Personagens hiper cansativos. Um livro que te dá preguiça




Silvana (@delivroemlivro) 25/11/2012

Quer ler um trecho desse livro (selecionado pelos leitores aqui do SKOOB) antes de decidir levá-lo ou não para casa?
Então acesse o Blog do Grupo Coleção de Frases & Trechos Inesquecíveis: Seleção dos Leitores: http://colecaofrasestrechoselecaodosleitores.blogspot.com.br/2012/09/o-passado-alan-pauls.html

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Tks!
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Júlia 03/10/2010

Uma reflexão moderna das relações
História pra lá de envolvente sobre um casal que se separa depois de 12 anos de relação. As reviravoltas da vida de Rímini, o personagem principal. A inércia e as ilusões da vida de Sofía. Frases um pouco extensas demais (pro meu gosto), compensadas pelo uso frequente de efeito do real.
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Carlos Franklin 26/07/2015

O Passado.
Começo hoje minha nova estrada. Estava ansioso por este livro. Nunca ouvi falar sobre ele. Me apaixonei só de folhear suas páginas e sentir a textura da capa.
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Biblioteca Álvaro Guerra 10/05/2023

O amor verdadeiro pode acabar um dia? Rímini e Sofía encerram um relacionamento de doze anos, começado ainda na adolescência. Rímini segue adiante, encontra outra namorada e se dedica com esmero ao trabalho de tradutor. Porém, como um fantasma que se recusa a desaparecer, Sofía ressurge em diferentes momentos de sua vida, provocando uma turbulência emocional de consequências imprevisíveis. Retrato cruel das nuances e contradições que permeiam uma história de amor.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9786559212576
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