Vick 27/12/2020James Baldwin só faz a gente sofrer e agonizar nesse livro.
Sinceramente nem sei direito o que falar ou como avaliar, nem minha nota sei se foi justa, só pus por costume, mas caraio, esse livro é uma experiência completa e totalmente fora da curva.
A própria escrita de Baldwin é uma coisa absurda, com suas passagens de tempo e flashbacks, que normalmente não gosto, mas foram tão naturais e bem executados que acabou sendo ótimo, a forma extremamente descritiva do cenário nova-iorquino (que me enchia o saco um pouco, mas desceu né), a construção e a "falta" de um personagem principal e o fluxo de troca de ponto de vista, ainda que narrado, que também foi super natural e tranquilo, foram algo que nunca li de um jeito tão bem feito e orgânico.
Acho que o autor executou o que ele queria de forma magistral, em certos pontos me vi um pouquinho imatura (talvez) pro que estava sendo dito ali, ainda que eu entenda que em partes a literatura venha exatamente com esse propósito de mostrar uma face diferente da sua, acho que em alguns momentos me faltou o de fato "ter vivido" algo coisa parecida e talvez até uma certa idade, numa passagem do livro, os próprios personagens falavam sobre o "ser jovem e ainda acreditar nas coisas, por ainda não ter vivido as desgraça tudo da vida" e bom, claramente eu.
Não acho que seja um livro triste, mas é um livro melancólico e duro, um livro que eu não diria realista, porque depende, mas tá bem longe de ser otimista, os personagens são de uma sinceridade que eu nem sei oque dizer, o livro talvez seja exatamente sobre o que o Vivaldo, um dos personagens principais, que é escritor, responde ao ser questionado do que se trata o livro que está escrevendo:
"Você está trabalhando em alguma coisa?"
"Num romance."
"Sobre oquê?"
"Meu romance é sobre o Brooklyn."
"A árvore? Ou os meninos, ou os assassinos, ou os drogados?"
Vivaldo engoliu em seco. "Todos eles."
Mas no caso de Baldwin, sobre toda a Nova Iorque.