Poética

Poética Ana Cristina Cesar




Resenhas - Poética


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Viick 14/12/2019

Eu encontrei a Ana C. dois anos atrás, li, não entendi nada, pensei patricinha pedante destinada a patricinhas pedantes, mas eu reli e reli, e reli, e hoje eu gosto bastante do jeito dela de escrever, da forma mais do que do conteúdo, porque sim, ela é uma patricinha limitada a sua realidade de patricinha, porém genial na forma.
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Guria dos livros 02/07/2023

Difícil e demorada
Assim descrevo a leitura: difícil e demorada.
Há muito que na escrita eu simplesmente não entendi e questionei, mas há também aquilo que me identifiquei e senti.
Os sentimentos valem as dúvidas que a leitura carrega.
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Adriano.Santos 15/10/2017

Fundamentadora
se faltou em algum momento um ponto de apoio entre Whitman/Dickinson e o presente então ela fez a ponte magistralmente
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Na Literatura Selvagem 25/08/2016

a Poética de Ana Cristina Cesar...
Sempre me deleito ao revisitar a obra de poetas que admiro, e com Ana Cristina Cesar - ou Ana C. - não seria diferente... A Editora Companhia das Letras trouxe aos seus leitores uma obra que se trata de um compilado de sua obra marginal. E é esse livro que tenho agora em mãos, e com grande deleite trago as impressões dele a vocês, leitores do blog...

Armando Freitas Filho, também poeta e amigo de Ana C. nos fala na apresentação sobre os paradoxos que permeiam os versos da autora. Ela traz pudor e ousadia numa mesma frase, é singular e anônima, é escrita que interpela a si mesma e a quem a lê.

"Preciso voltar e olhar de novo aqueles dois quartos vazios."

Cenas de Abril foi publicado em 1979 e é a primeira obra que Poética nos apresenta. Há textos em verso e textos em prosa, mas ambos os tipos nos revelam a genialidade marginal e despretensiosa de Ana na construção de seus devaneios... Ela se permite encaixar no leitor e nós nos encaixamos nas palavras dela... Correspondência Completa também é de 1979; é um texto denso e com toques de melancolia.

leia mais em

site: http://torporniilista.blogspot.com.br/2016/08/a-poetica-de-ana-cristina-cesar.html
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Beleleo 03/01/2024

O que mais me instigou na poesia da Ana C é a impossibilidade de se apreender completamente seus poemas. Falta uma unidade coesa que nos permita organizá-los racionalmente. É uma poética de uma instabilidade chocante, principalmente de um choque entre uma reflexão angustiada e um cotidiano alucinante.

Cada frase se dispõe a captar um instante fugaz da vida, mas as frases logo são interrompidas pelo próprio passar das coisas, do tempo e dos acontecimentos que capturam, numa sucessão de fatos aleatórios onde tudo é incompleto e incapturável. Até mesmo o leitor é interpelado como alguém que está indo embora ou pode ir embora a qualquer segundo, e é portanto impossível de ser atingido completamente, não é perfeitamente comunicável. E mesmo o eu-lírico nos deixa a ver navios antes mesmo de concluir um pensamento, também interrompido pelo mar de acontecimentos instantâneos produzidos pelos movimentos abruptos da vida.






No meio dessa confusão, há a sinalização de uma angústia fundamental, cerne que organiza toda a neurose obsessiva que justifica a escrita. O vazio central é sempre tangenciado mas nunca atingido, aliás, "Perto do coração/ não tem palavra". Toda a estrutura poética de Ana está construída na tentativa de confissão desse cerne, e, na impossibilidade de comunicá-lo, há a interpelação do outro para que este tente apreender o sentimento de que se fala. "Não estou conseguindo explicar minha ternura, minha ternura, entende?" E eu continuo a leitura instigado e escuto atenciosamente tão somente porque também tenho uma ferida incomunicável, centro do meu movimento e de minha angústia. Nessa identificação intuitiva mora o arrebatamento que me toma.





Os poemas são por vezes narrativos, ou confessionais. Muitas vezes, há a adoção das formas do diário e da carta, que se dirigem diretamente a um interlocutor. Como forma mais gritante, há as interpelações diretas a um leitor imaginário e o apelo de que se escute atenciosamente a voz que está sendo lida, quase que como se a própria autora estivesse ao nosso lado nos sacudindo para que olhemos e cuidemos de sua ferida aberta. Nessa interpelação mais intensa há um sentimento de urgência, de que o tempo escorre e passa levando tudo, de que a vida é uma só e que a estamos perdendo em um piscar de olhos, de que toda chance é única e de que não há escapatória de nossa condição efêmera. Apesar desse impasse, busca-se sempre uma rima ou uma solução que alivie a alma, que acalme os ânimos. Nessa busca do impossível é que se faz a literatura, no que é inconfessável por não se conseguir dizê-lo. Na busca de preencher um vazio central se lê e se cria, se recorta, apropria, se renovam e se inventam estéticas, se fazem novas formas e sentidos. A voz lírica que nos fala é uma leitora voraz, autora de uma escrita que mistura e recorta autores diversos, comete "ladroagens" literárias para se expressar.




E nesse movimento contínuo é que nos deparamos com essas instabilidades, quebras repentinas, e no meio desse movimento surge a angústia que ora nos é expressa diretamente e ora nos é vislumbrada no próprio afastamento digressivo, no silêncio subliminar deixado propositalmente, silêncio quê não é mudez, que grita a dor em nosso ouvido. Como os personagens vagantes do Quadrat de Beckett, anda-se em círculos ininterruptamente, são buscadas novas formas de contornar o vazio. A digressão como fuga da angústia, a distração que leva à dissociação é talvez uma das experiências coletivas mais vividas de uma juventude que se vê incapaz de lidar com uma realidade dura. Acontecia no contexto da Ditadura Militar em que Ana C se encontrava, e acontece hoje diante do colapso econômico e ambiental.




E essa expressão da experiência moderna através de uma poesia coloquial, cotidiana e sem-aura nos deixa frente a frente com os problemas mais latentes que perduram no nosso inconsciente. A escrita de Ana é instável e tensa, e quando uma confissão intensa nos é posta em meio a imagens de um cotidiano efêmero, nos deparamos com uma angústia que, no dia a dia, nos dá apenas sinais muito sutis. A poesia de Ana primeiro abre uma pequenina fenda no quartinho do desejo, pelo seu movimento contínuo e alucinante e pela nossa identificação de uma experiência comum compartilhada; mas, logo depois, nos dá um choque e chega ao centro da máquina desejante que nos move. Como se o mover-se da poesia afetasse nossa ideia de movimento. Como se, só agora, nos déssemos conta da impossibilidade de se ancorar um navio que está vagando pelo espaço.
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